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domingo, 30 de dezembro de 2018

A paz de Vestfália - O nascimento do direito internacional

Este ano de 2018 fez 400 anos da eclosão da Guerra dos Trinta Anos(1618-1648). E em 24 de outubro de 1648 houve a assinatura do tratado de Vestfália em Münster. E isto foi há exatos 370 anos atrás. Nascia, nesse momento, o direito internacional nos moldes de Hugo Grotius.

Quando foi feita a Reforma Protestante, o Vaticano pareceu se conformar depois de muitas batalhas e a “Paz de Augsburgo” em 1555. Porém a chegada do calvinismo complicaria o cenário. Considerada uma força renovadora, começou a conquistar príncipes e repúblicas em várias partes da Europa.

Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germanico, tinha um filho e um irmão disputando para herdar seu trono. Ambos católicos fanáticos. Quando de sua morte, em 1558, seu filho Felipe II ficou com a Espanha e suas colônias. Enquanto Fernando I, seu irmão, ficou com a Europa central. Fernando I começou pressionando a Boêmia(atual República Tcheca) para ceder ao imperialismo católico. Mas agora o Império Habsburgo estava dividido. Fernando I assumiu o império como um grande fanático católico. O próximo imperador, Rodolfo II, permitiu a liberdade de culto no império. Ânimos católicos se exaltaram, pois a liberdade religiosa significava mais proselitismo em campo católico, além de sequestro de terras do alto clero. Quando o imperador Rodolfo morreu, assumiu Fernando II, duque da Estiria. Filho de Maximiliano II da Áustria. Este foi um grande campeão da causa católica em 1619, conquistando a Boêmia e a Moravia e impondo o catolicismo como única crença permitida. Os tempos pareciam nebulosos. Mas nada começa da noite para o dia. A Guerra dos Trinta Anos(1618-1648) foi o último conflito religioso do continente europeu.

Este foi o cenário dos “Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas. Foi a guerra em que a França saiu como grande vitoriosa. A França do rei Luís XIII e o cardeal Richelieu. O cardeal que tinha mais olhos no trono francês do que na mitra papal. Sabia com quem estaria realmente o poder. A França sempre se gabou de ser o país mais laico da Europa. Desde os tempos de Filipe IV, quando sequestrou, aliado a família Colonna, papa Bonifácio VIII. O rei que acabou com a ordem dos templários para sequestrar seus tesouros, que fez o papado ficar em Avinhon, na França, por 70 anos. O rei que teve seus ossos queimados pelos revoltosos da Revolução Francesa, quando da tomada da Bastilha e outros castelos. A França que almejava se tornar uma república para ser mais livre, donde vem os conceitos de esquerda e direita hoje.

Mas, pensando bem, tem os povos mais sorte ganhando na loteria das urnas, como tiveram na dos cromossomos? As multidões não erram menos que a natureza. E a providência, de qualquer forma, é avara de grandeza.

Em que condições começou esse que foi considerado o primeiro conflito geral do continente europeu? Começou com pequenos conflitos de natureza religiosa,que naquela época também eram conflitos políticos. Cada principado ou reino que se tornava protestante, as terras do clero católico local eram confiscadas em nome do príncipe daquele reino, que fazia distribuí-las a outros nobres. Por causa disso, a cúria romana cobrava providências de seus reinos aliados, como a Espanha, o Sacro Império Romano Habsburgo, principados italianos e pequenos principados espalhados pela Europa. Assim nasceria o primeiro projeto expansionista católico, liderado por Fernando, duque da Estiria(território austríaco atual), educado por jesuítas. O perigo católico ameaçava tanto as potências protestantes do norte(Suécia, Noruega, Dinamarca e ducado de Brandemburgo) como a vizinha França. O conflito começou na Boêmia, território hoje ocupado pela república Tcheca e pela Eslováquia. Em 1608 os protestantes criaram a sua “Uniao Evangélica”. Em 1609 é criada a “Liga Católica”. Em 1612, Matias, já idoso, é eleito rei da Boemia e imperador do Sacro Império. Em 1617 os estados da Boemia designaram Fernando da Estiria sucessor de Matias, estando este ainda vivo. No ano seguinte, templos católicos foram fechados pelos “defensores da fé” protestantes no arcebispado de Praga. Isso fez acirrar os conflitos. Em 23 de maio de 1618 ocorreu o estopim da guerra. Nobres católicos foram atirados pela janela do castelo de Hradschin, o que ficou conhecido como defenestração de Praga.

Com a morte de Matias em 1619, Fernando II é eleito imperador em 18 de agosto, mas a Dieta imperial elege Frederico V, calvinista fanático, como imperador. A conturbação tomou conta da Europa central. A Polônia enviou tropas para devastar a Transilvânia, sob a suserania de Bethlen Gabor(este era sobrinho de Elizabeth Bathory, antiga Condessa húngara protestante, da qual muitas histórias seriam escritas), a Espanha atacou as províncias unidas(atual Holanda) e os Habsburgos de Viena vieram em favor dos católicos na Europa central. Com esse cenário aterrador, os protestantes tinham bons motivos para ter medo. Mas eis que vem o herói da causa protestante: Gustavo Adolfo, rei da Suécia. O famoso rei da neve! Patrocinado pela França, que apesar de católica financiava o lado protestante, pois queria ver a queda dos espanhóis e austríacos, o rei da neve foi conquistando território após território, até ser freado em 1632, na batalha de Lützen. Os suecos venceram, mas o imperador morreu em batalha. Dois anos depois, os suecos perderam para o exército imperial na batalha de Nördlingen. Nessa hora, entra em auxílio sueco aquela que até ali só era patrocinadora do lado protestante: A França! Era a França do cardeal Richelieu. Este que seria o vilão da saga dos três mosqueteiros. Que teria mais olhos na coroa de França, que na tiara do papa. Com a entrada do maior país europeu na guerra, ambos os lados estando desgastados, a liga protestante vence a guerra, impondo a paz de Vestfalia em 1648. A França continuaria sua guerra particular com a Espanha até 1659, quando houve a paz dos Pirineus.

A guerra produziu uma incrível baixa demográfica no império austríaco. Dos seus 20 milhões de habitantes no início do século XVII, só restaram 7 milhões. Esta marca só seria recuperada no final do século XVIII. Durante as partes inicias do tratado, os católicos se reuniram em Müster e os protestantes em Osnabrück. Os termos do tratado foram uma perda pesada para o campo católico. Foi estipulado que os feudos deveriam voltar às condições da batalha da Montanha Branca(1624), que deixou de fora as grandes conquistas católicas. O “edito de restituição” de 1629 foi suspenso. O papa não gostou disso, mas não teve outro jeito. Estava aberta uma nova era, onde pela primeira vez na História, a mediação papal não seria substituída por nenhum outro estado. Isso até aparecer a Liga das Nações e a ONU, ambas no século XX. Mas nunca mais a religião seria conciliadora de guerras. O que antes era “um Deus, um Cristo, uma fé”, como na idade média, agora era “um Deus, uma fé, uma Lei, um Rei”. A humanidade estava mudando. E a alavanca desta mudança era o ocidente. Hugo Grotius, aquele holandês protestante que viria a se tornar o pai do Direito Internacional, idealizou um mundo secular para a humanidade. Grotius escreveu o De juri Belli ac pacis(sobre o direito de guerra e de paz). Religião viria a se tornar algo cada vez mais doméstico. Gradativamente a religião deixou de ser um divisor de águas nas relações internacionais na Europa.

Ratificação do Tratado de Münster (1648), que inaugurou o moderno sistema internacional, ao acatar princípios como a soberania estatal e o Estado-nação.

LEOPOLDO GALTIERI - A MORTE DA GERENCIA MILITAR NA AMÉRICA LATINA

Capa da revista Veja de dezembro de 1981, relatando o golpe de Galtieri

Este ano de 2018 fez 15 anos da morte do general e ditador argentino Leopoldo Galtieri. Autor de um golpe militar, dentro de outro golpe militar, quando em dezembro de 1981 depôs o general Roberto Viola, que até então comandava a junta militar argentina. Naqueles tempos ocorria na Argentina o mesmo medo demente do comunismo que ocorria por aqui. E, como sempre, se tomavam decisões apressadas.

O General Leopoldo Fortunato Galtieri Castelli nasceu em Caseros, na região metropolitana de Buenos Aires, em 1926. Tinha ambições de se igualar a generais norte-americanos em batalha, como os heróis americanos da segunda guerra. Galtieri enfrentou várias resistências ao seu golpe. Pessoas marchavam pelas ruas pedindo sua renúncia. Ele não sabia como frear isso, afinal de contas um país precisa ter seu andamento normal para funcionar, porque militares não são tudo. Até que em 2 de abril de 1982 ele teve uma ideia insana: Invadir as ilhas Falklands, que seus compatriotas chamavam de ilhas Malvinas. Para isso tomou conselho com as piores entendedores possíveis em direito internacional. Nosso general Figueredo, pessoas de sua própria junta militar e até o tenente general norte-americano Vernon Walters, que disse que “os argentinos poderiam invadir, pois os ingleses iam bufar e bufar, mas não iriam reagir”, em suas próprias palavras para jornalistas brasileiros em um programa de TV da Rede Globo em Nova Iorque. Mas se enganaram. Margareth Thatcher era um osso duro de roer. Como Premier da Inglaterra, ordenou uma reação imediata. De princípio, parece que a Argentina mantinha bem as posses invadidas. Os EUA ficaram divididos, pois tinham seu parceiro da OTAN(e também do conselho de segurança da ONU), que era a Inglaterra. E tinham o seu 'quintal de atuação’, que era a América Latina, que agora tinham guerrilhas comunistas para combater. Por isso, de certo modo, o fato dos americanos terem ficado do lado da Inglaterra(após protestos da Thatcher), foi um duro golpe de confiança nos generais presidentes na América Latina para com o governo dos EUA.

A guerra das Malvinas teve momentos inusitados até para o Brasil, como a invasão do espaço aéreo brasileiro pelo Vulcan britânico armado com mísseis ar-ar Sidewinder. Foi forçado a pousar na base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, e desarmado. Este evento eu lembro, pois sobrevoou a minha cabeça. Eu tinha 9 anos e morava próximo a base aérea onde meu pai servia no quartel da FAB. Um outro evento foi a captura do capitão da marinha argentina Alfredo Astiz. Conhecido como “anjo loiro da morte”, foi responsável pela tortura de mulheres e crianças acusadas de comunismo. Quando este foi capturado, tremia que nem vara verde, mas o coronel britânico que o capturou dizia:”É este que torturava mulheres e crianças? O gerente da tortura de Galtieri?” A especialidade de Astiz era se disfarçar para infiltrar em organizações de direitos humanos, para depois vir capturar todos. Pois é, mas um dia é da caça. Outro do caçador. Pois enquanto países como França e Suécia reclamavam a sua deportação para ser julgado em seus países, tribunais internacionais reclamavam que ele precisava ser julgado por seus crimes na Argentina de acordo com os princípios de Direitos Humanos. O Reino Unido buscava cumprir o acordo de Genebra de direitos humanos em caso de guerra e entregá-lo para um julgamento justo. Se recusava a entregar o capitão, com receio que o torturassem. Nessa hora, um órgão que ele tanto atacou, agora era responsável por proteger a sua pele. Hoje o capitão cumpre prisão perpétua na Argentina.

Quando a guerra acabou, após a queda de Fort Stanley, Galtieri foi acusado pela população de morte inútil dos jovens na guerra. As pessoas saíam gritando pelas ruas:”Galtieri, borracho, mataste a los muchachos”(Galtieri, seu bêbado, mataste nossos jovens). O general seria deposto do poder em junho do mesmo ano. Mas esse não seria o único golpe que os militares argentinos levariam. Os tribunais internacionais exigiam o julgamento deles. E ameaçavam a Argentina com sanções econômicas, caso não aceitassem. O presidente Raul Alfonsín aceitou. Os generais Rafael Videla, Roberto Viola e Leopoldo Galtieri seriam julgados. O promotor Júlio Strassera, uma espécie de “Deltan Dallagnol” da Argentina dos anos 80, se empenhava ao máximo. A ditadura militar argentina começou com o pretexto de botar ordem na casa, mas abriu as portas para ladrões de galinha, como casos de 'roubos de geladeiras e camas’, mas com recibo. Coisas cômicas como essas foram descobertas.

Após a morte de Galtieri, muitas entrevistas foram concedidas à imprensa. A mulher de Galtieri disse, em uma entrevista em 2007, que os ingleses forçaram a Argentina a invadir as Malvinas. Segundo Carlos Galtieri, filho do ex-presidente, caso os argentinos tivessem aceitado a coabitação das ilhas, oferecida pelos ingleses, não teriam direito de reclamar soberania sobre as mesmas depois. Disse que o pai nunca quis ser presidente. Era um militar, não um político. Mas aceitou porque sentiu ser sua responsabilidade.

Mas o general errou. E errou feio. Armou seus aviões com mísseis Exocet. Também até com mísseis de gás napalm. Mas suas tropas não tinham classe militar para usar isso. A América Latina é feito de países com jeito tosco. São sardinhas que parecem caviar. A Guerra das Malvinas foi a consequência dessa estupidez. E Galtieri foi a bola da vez. Nos anos 90, o presidente Carlos Menem liberou Galtieri de uma prisão em regime fechado por este já ser septuagenário. Ficou em prisão domiciliar. Nunca pôde sair da Argentina. Morreria de câncer no pâncreas em 12 de janeiro de 2003. Com ele morria a idéia estúpida de armar qualquer país da América Latina para ser cabeça do mundo. Esqueceram que o desenvolvimento intelectual vem antes do militar. Se os EUA, que sempre foram ponta, quase perdem a liderança para URSS e China, porque sua ciência começou a valorizar credos criacionistas, quem dirá nós, que nem base estudantil sólida tivemos. Se cresce um país como se constrói um prédio: De baixo para cima. Esta é a lição que tiramos disso.

domingo, 23 de dezembro de 2018

COMO PERDI MEU MELHOR AMIGO!

É uma história dramática. Tudo começou na Cultura Inglesa do bairro Jardim Guanabara, zona nobre da Ilha do Governador, em 1988. Nos conhecemos no curso de inglês, até porque estudávamos em escolas diferentes. Ele estudava no pior Colégio que já estudei na vida. E eu estudava em outra escola, que passei depois que saí da escola dele. Anos mais tarde descobri que ele me conhecia desde a quinta série. A alegação foi "uma criatura polêmica que nem você a gente não esquece". Mas eu não o conhecia. Só viria a conhecê-lo na Cultura Inglesa mesmo. Era a junção de um nerd em Física e teologia cristã(ele), com um nerd em Biologia evolucionista e Química Orgânica(eu). Mas não era só isso. Ele me levou para conhecer todas as principais religiões do mundo.

Aprendi sobre o mundo islâmico, igrejas ortodoxas e católicas em geral. Ele tinha medo do meu mundo darwinista. Dizia ser absurdo eu, como protestante, adotar algo sádico como Darwin. Ele, como católico, tinha medo desse mundo que era o meu. Mas o meu entendimento de Química Orgânica não me deixava analisar diferente. Cerca de 80% do que sei em matemática e teologia eu devo a ele. Mas desde o início a mãe dele não ia com a minha cara. Acusações de sodomia pairavam no ar. Imaginações retardadas também. Terminei o relacionamento com minha primeira namorada para ficar livre para passear com ele. Tudo bem, sem traumas. Ela era uma bosta como namorada mesmo. Era cabeça pequena, além de matuta.

A amizade seguiu seu curso, evoluindo. Decidi voltar às minhas raízes protestantes. Ele seguiu outro caminho. De quando em vez nos encontrávamos. Vim para a Baixada Fluminense. Perdemos o contato, até porque a mãe dele dificultava o máximo. Minhas tendências anabatistas, corrente que ele odiava por ser anti-ordem, o chocavam. Mas não foi tudo. Após o meu cadastro no site "Bolsa de Mulher"(hoje chamado Vix Mulher)achei o contato dele pela net. Mas daí tudo já tinha mudado. E na cabeça dele, para pior. Meu amigo era fã de Tomás de Aquino e eu virei combatente dessa teologia. Isso sem falar nas causas feministas, que para ele eram totalmente diabólicas. Há três anos notei que o Hangout dele estava bloqueado. O Gmail também. Resumidamente, perdi a melhor amizade que tive na vida, por causa da belicosidade dos temores religiosos atuais.

Essa história me lembra os choques mais remotos ocorridos na Ilha do Governador. Talvez por eu agora morar em Cabuçu, tudo mudou na minha vida. Cheguei aqui com 22 anos. Não tive infância ou adolescência nesse lugar. Se tivesse, minha cabeça tinha rolado há muito tempo.

Por isso que hoje eu até perco amizades cristãs, se for necessário, mas luto contra essa insanidade com unhas e dentes. Ele era um ano mais velho que eu, mas viu muito pouco do mundo. O mesmo povo da igreja que o assustava não conseguiu o mesmo efeito comigo. Eu fundei, junto com outros 11 jovens, o primeiro grupo jovem católico de atuação Internacional na Ilha do Governador: Os Apóstolos! E isso sendo protestante. Ele foi contra, pois disse que era perigoso. Mas mesmo assim fiz. Claro, tive que meter o pé assim que descobriram. Devem ter riscado meu nome da lista. Mas tudo bem, nunca me perguntaram nada antes disso. Eu sempre disse ser cristão e não estava mentindo. E eu agora sei que posso contar essa como uma das minhas façanhas. Que um protestante, na Igreja São José Operário, Ilha do Governador, fundou um grupo católico. Eu até entendo meu amigo. O meu tipo de entendimento era demais pra ele. Seja lá onde ele estiver, se estiver vivo, espero que esteja bem. Sempre soube que um dia nossas histórias seriam separadas.

ATIRARAM NO PÁSSARO ERRADO

O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, foi interrogado no senado americano devido ao vazamento de informações pela Cambridge Analytica, sua parceira de análise de perfis. E isso pode ir mais longe que parece. Sabe aqueles testes "inocentes" do Facebook que analisam sua personalidade, mas que pedem para analisar seu perfil antes, e você dá ok? Isso mesmo! Mas é mais que isso. A empresa não depende desses testes para ter sucesso nisso. Mas eles ajudam e muito! Isso somos nós dando aval para sermos vasculhados. A "vaidade das vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade", já dizia Salomão no livro de Eclesiastes capítulo 1º. Todo esse povo está sendo pego pelas suas próprias vaidades. Não tem ninguém inocente nesse circo.

Quem já não passou pela experiência de estar pesquisando algo no Google, para depois ver a oferta dessa pesquisa no face? Pois é. Esse é um precedente grave, onde até as eleições podem ter sido mexidas. Corre risco de queda financeira abrupta. No senado, Mark foi interrogado sobre várias coisas, respondendo com serenidade a maioria das perguntas. Mas, quando se acha que as portas do curral se fecharam, eis que aparece Ted Cruz, senador religioso republicano do Texas, que pergunta a Mark o porquê de estar havendo perseguição a páginas de Direita, principalmente religiosas, no Facebook. O empresário assustado com tanta boçalidade, responde que não tem acesso as preferências políticas de seus funcionários. Nem mesmo de seus diretores. Daí o senador ainda pergunta porque não perseguem páginas Democratas. Seria cisma conosco, diz o senador? Ou seria uma conspiração?

Enquanto isso, tanto nos EUA como no Brasil, a ONU é xingada de comunista, globalista,etc. Transformam até Vladimir Putin em 'Direita', quando ocorre a legalização de casamento gay pela suprema corte dos EUA. Essa paranoia ainda vai custar caro aos EUA, numa disputa ideológica com a China. Se Donald Trump não está brincando, Xi Jinping também não.

É importante lembrar que há bem pouco tempo atrás o presidente Trump foi acusado de estar em pleno acordo com Putin para ser eleito, e que espionagem russa favoreceu suas eleições. Mas será que o senado lembra disso? Hoje eu creio que se um viajante norte-americano da década de 70 do século XX fizesse uma viagem no tempo até aqui, teria sua mente "bugada". Um político da Direita de elite americana está em comum acordo com um dirigente russo, mas acusa um megaempresario americano de comunismo. E pior ainda, com as crises financeiras que os EUA estão prestes a ter, com que o senador jagunço se preocupa? Se está havendo perseguição a páginas cristãs no Facebook. Mas não se preocupe senador. Após o facebook sair de cena, as coisas ficarão bem piores para os religiosos. Até por causa de matutices feito a sua. E depois sou eu o expulso de mais de 200 páginas no facebook(já contabilizei isso), fora que 20% disso eu fui bloqueado mesmo, onde a página sumiu pra mim. Esse é o nosso cenário atual. Um povo vaidoso, que parece sofrer de distúrbio mental, e que defende o indefensável, onde nem Deus deu aval para fazer isso. E o pior de tudo:Esses reflexos imbecis estão chegando no Brasil.

sábado, 8 de dezembro de 2018

A IGREJA FOI FEITA PARA GOVERNAR PAÍSES?

Não. Absolutamente não! Então, ideias como da futura ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, trazida numa pregação na Igreja Batista da Lagoinha(MG), não fazem o menor sentido. Mas então, de onde vem essa crença insana, que só daria certo no reino de Nárnia? De onde surgiu essa ideia, que mais parece coisa de beduíno que bebeu haxixe? Por que a igreja insiste nisso no decorrer dos séculos? Isso começou nas ideias dos escolásticos da Baixa Idade Média(sec XII - XV). Começou com escritos como "Suma Teológica", de Tomás de Aquino, ou mesmo das ideias misticas de John Duns Scotus, discípulo de Guilherme de Ocknam, que enfatizavam um marianismo popular desconhecido do cristianismo do primeiro milênio. Esses escritos enfatizavam o medo do inferno e da morte, principalmente devido a Peste Negra no século XIV. Esses textos foram verdadeiras facadas nas costas do Cristianismo.

O padre Hans Küng, considerado nocivo nas esferas da Cúria Romana(imagino o porquê), escreve sobre isso em muitos livros seus. Este padre, agora com 90 anos, teve sua licença cassada para lecionar na Universidade de Tübingen, na Alemanha. O antigo cardeal Joseph Raintzer, depois papa Bento XVI, se esforçou para cassar a sua licença. Tal qual como fizeram com John Huss, há cerca de 600 anos atrás.

Um fato interessante é que a comunidade LGBT não se opõe a indicação da ministra. Preferem ela ao Magno Malta. Mas por quê? Talvez seja por causa de algumas declarações, como essas:

“É essencial ter um diálogo com a travesti que está na rua, que está se prostituindo. Será que está lá por opção, ou porque não ingressam no mercado de trabalho? Gostaria muito de conversar sobre isso. Tenho encontrado travestis dotados de uma inteligência extraordinária e com o corpo machucado. O corpo na rua sendo machucado. Será que não está na hora de a gente começar a ver esse ser, que foi por tantos anos discriminado, e se perguntar: por que para o travesti sobra só a prostituição? Por que só esse caminho, por que não trazer eles para as universidades?”.

Questionada sobre o casamento homoafetivo, Damares disse que esse é um direito adquirido pois “direitos conquistados não se discute mais. Então, pra mim, é uma questão vencida, tanto é que o movimento gay nem tem mais isso como pauta, é uma questão superada, um direito civil garantido.”

Mas existe 'governo civil da igreja'? Seria isso o que o povão chama de "feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"(Sl 33:12)? Biblicamente, não pode ser. Teologicamente, é sonho. Filosoficamente, é estupidez.

Esse sonho nasceu, de fato, na imigração de puritanos(protestantes ingleses) para a chamada "Nova Inglaterra"(nome inicial dos EUA) para a América do Norte. Os primeiros a chegar, segundo a historiadora Liliane Crété, foram os presbiterianos de Massachusetts. Após eles, vieram os peregrinos de Mayflower, em 1620. Chamaram aquela terra de "Nova Canaã", numa alusão a bíblia. Mas conseguiram implantar uma teocracia? Obviamente que não. As pessoas são diferentes, ainda as necessidades da terra fizeram criar outras expectativas. Até houve alguns processos similares a inquisição europeia, embora os números são bem inferiores. Embora fosse baseada na liberdade da Reforma Protestante, fez daquela terra uma teocracia demonizada. Homens como Roger Williams foram deportados. Quatro membros da seita dos Quakers foram enforcados. Mesmo assim, as leis de Massachusetts ofereciam, em termos de liberdade, mais garantias que as leis inglesas. Foi dessa crença que surgiu a ideia estúpida de chamar Jerusalém de 'terra santa', quando a própria bíblia a chama de Sodoma.

O colono puritano via a democracia com desconfiança. Só se aceitava teocracia, o que na prática era Oligarquia. Por outro lado os valores mudariam. E todos saberiam que essa história de "pátria de Deus" não existe. A Revolução Científica do século XVII, impulsionada pelos próprios colonos, veio transformar o espírito empreendedor dos puritanos, que logo transformou-se em ianque. Por isso que as ideias da futura ministra são, não só absurdas, mas anti bíblicas mesmo. Ela quer tentar? Tudo bem, sem problemas. Ela só precisa saber que o próprio Deus entregou todos os governos da terra ao diabo(Lc 4:6)(1ª Jo 5:19). E esse fato não é passível da igreja modificar, até porque o próprio Deus não deu aval pra isso. Boa sorte a ela e aos trouxas que creem nisso. Eu já cri. Já participei de passeatas gritando "Vamos montar um governo para o Senhor Jesus no RJ!!!" Hoje não faço mais isso. Mas não recrimino quem faça, pois isto cabe a Deus abrir os olhos de cada um, como um dia abriu os meus para o evangelho Anabatista...

Passeata LGBT em Israel, para mostrar a esse povo que pátria cristã não existe.

UM NOVO SONHO AMERICANO: O NORTE DA EUROPA É O MELHOR ESTILO DE VIDA DO MUNDO?

"O SONHO AMERICANO É APENAS ISSO PARA A CLASSE MÉDIA NOS EUA - APENAS UM SONHO." Michael Cohen

Durante a eleição presidencial de 2012, o candidato republicano Mitt Romney costumava gostar de brincar que o presidente Obama queria que a economia dos EUA parecesse "mais com a Europa". No contexto da moderna política americana, poucos insultos são mais pungentes. Ser europeu é ser de algum modo "afeminado", irresoluto e, talvez, pior de todos, socialista. É o oposto do "individualismo acidentado" e da "natureza excepcional" do experimento exclusivamente americano de se auto governar.

Mas, como deixou claro o sombrio artigo do New York Times da semana passada, os Estados Unidos poderiam ter muito a aprender olhando para a Europa. Segundo o New York Times, a classe média americana - o eixo do fenomenal crescimento econômico do país no pós-guerra - não pode mais se considerar a mais rica do mundo. "Enquanto os americanos mais ricos estão superando muitos de seus pares globais", diz o NYT, "em todos os níveis de renda baixa e média, os cidadãos de outros países avançados receberam aumentos consideravelmente maiores nas últimas três décadas". Os cidadãos mais pobres da América estão atrás de seus equivalentes europeus. E há 35 anos atrás era o oposto disso.

Este foi mais um alerta sobre a realidade do contínuo mal-estar econômico dos Estados Unidos. Pergunte aos americanos se o país está no caminho certo - 60% dizem não. Se estão satisfeitos com a maneira como as coisas estão indo na América - apenas 25% dizem que sim. E se ainda acham que são membros da classe média - apenas 44%. Quarenta por cento se identificam como de classe baixa, um salto de 15 pontos desde 2008. Entre os jovens, os números são ainda mais deprimentes. Aqueles que se colocam no nível mais baixo dobraram nos últimos seis anos.

Vale ainda a pena ser do estilo norte-americano, como imagina Donald Trump?

FREQUENTAR DENOMINAÇÃO É CORRETO BIBLICAMENTE?

Na medida em que não prejudica ninguém, sim. Mas é obrigatório? Não! Os primeiros "templos cristãos"(construídos sem o aval de Deus) foram erguidos em meados do século III. Foram erguidos nos vacuos de perseguição que os cristãos tiveram. No princípio os cristãos se reuniam no templo judaico. Mas, após entrarem gregos no meio dos nazarenos(assim eram chamados), isso não era mais possível. As reuniões passaram a ser nos lares. E de pouco a pouco os dias de domingo passaram a substituir os sábados. Os cristaos não se importavam muito com que dia se reuniam.

Depois, após as primeiras perseguições romanas, as reuniões passaram às catacumbas. Isso mesmo! Os cristãos foram os góticos do seculo I, no sentido social do termo. Aliás, o termo 'gótico' não significa, originalmente, aquele que vaga em cemitérios, mas 'aquele que vem dos godos'. Os godos eram barbaros germânicos que desceram da atual Escandinávia para atacar o Império Romano nos séculos III, IV e V. Devido ao terror que causaram aos cristãos é que foram associados aos cemitérios.

Voltando aos templos, eles podem ser construídos ou usados? Sim. É obrigatório o seu uso? Não! Mas não somos nós, cristãos, que convenceremos o povo disso. Este é um papel do Espírito Santo. Por isso que apologética vem direto do inferno. Maligno mesmo. Primeiro com Tertuliano. Depois com Tomás de Aquino, naquela tentativa inútil de "A SUMA TEOLÓGICA", que foi absolutamente imbecil. De Deus não se prova a existência, NUNCA!!! Ele próprio não permitiria tal blasfêmia. Se o incrédulo não crer, o Espírito o fará convencer. Não há técnicas lógicas para argumentar Deus para o ateu. Isso não existe!!! Deus só pode ser crido por fé. Nada mais. Se isso é ser 'fideista', então a fé bíblica é fideista. Tais coisas se operam com oração, não com argumentação lógica para o ateu. A bíblia deixa claro que MORAL CRISTÃ FALADA AO IMPIO GERA A MORTE!!!! E daremos conta dessas almas por isso.

Existem muitas denominações sérias por aí. Porém denominação não é algo criado por Deus. Surgiu do movimento puritano inglês do final do seculo XVI. O mesmo movimento puritano que pegou as ideias de Tomás de Aquino e criou a noção de "pátria de Deus", coisa abominável que a bíblia desconhece. NOSSA PÁTRIA ESTÁ NOS CÉUS, como disse o apóstolo Paulo(Fp 3:20).

Eu não tenho a mesma restrição com respeito à denominações que esse povo a quem os ignorantes chamam de "desigrejados". Faria parte de uma denominação numa boa. Mas não me sinto obrigado. Não há parte das escrituras que justifique isso. Somente justifica que não existe cristão solitário. Igreja é somente no coletivo. Não sei dos objetivos dessas páginas do face como "Os Remanescentes", que pregam que o sistema denominacional é maligno. Sei somente de mim. Eu e meu grupo somos anabatistas. Nos reunimos nos lares. Dividimos os dízimos que damos entre nós. Não existe mais "casa do tesouro". Tudo isso é ilusão.

Igreja de Santiago, Coimbra. Portugal.

O PODER TEMPORAL É SEPARADO DO PODER ECLESIÁSTICO

Depois de várias notícias de política querendo envolver o cristianismo nela, convém perguntar: Deve, pela bíblia, um governo civil ser submetido a conselhos de líderes cristãos? O evocar de Sl 33:12 e II Cr 7:14 será que se refere a países? É algo que faria melhorar um país? Tem Deus parte nisso? Está claro que não! Ter políticos como Haddad participando da eucaristia, ou Bolsonaro se vendendo ao povo de Feliciano para um batismo pirata a beira do rio Jordão é uma amostra disso. Igreja não é Israel. Portanto, não segue a linha deste. Qualquer tentativa desse cacife seria sacrifício de tolo. Existem casos na história que mostram o quão imbecil foi esse entendimento cristão.

A cena que se passa é no Castelo de Canossa, na região da Toscana, Itália Setentrional. Final do século XI. O papa Gregorio VII se recusa a receber o imperador Henrique IV, do Sacro Império. O imperador Henrique IV fez vários decretos mundanos para os bispos alemães. E o papa queria interromper isso. E o imperador estava disposto a morrer congelado para receber o perdão do sumo pontificie. Este recebe-o muito tempo depois. O imperador se ajoelha e beija o anel papal. Vitória, ao menos temporária, do papa. Porém, cerca de quatro anos depois, o imperador invade Roma e faz o papa morrer no exílio.

Não há derrotas salutares, mas há vitórias infelizes. Poucas vitórias custariam caro à uma "igreja militante do mundo secular" como o conflito em Canossa. Pois fez surgir duas ideias falsas, a saber:

1°) Que Deus tomaria partido de sua Igreja em um conflito com o mundo secular.

2°) Que poder temporal, sendo cristão, deveria ser submisso ao poder eclesiastico.

A deposição do papa Bonifácio VIII, mais de 200 anos depois, seria a consequência dessa ilusão....

Papa Inocêncio III, antigo cardeal Lottario dei Conti di Segni, principal modelo de disputa clero-secular.

CRISTIANISMO NÃO MISTURA POLÍTICA COM FÉ

Nesta última eleição de 2018, houve muitas mudanças ideologicas no país. Muitas foram percebidas, outras nem tanto. Há muito tem se dito sobre o 'viés a direita' que tomou conta do país. Concordo. Porém, como sempre digo aqui, essas linhas de esquerda e direita enfocam detalhes político-econômicos, não morais. Nesta última eleição, houve dois fatos inéditos: Em primeiro lugar, a derrota nas eleições do senador Magno Malta e outra derrota, que seria da psicóloga Marisa Lobo. O primeiro, pelo Espírito Santo, a segunda, pelo Paraná.

Porém o que quase ninguém sabe, é o que aconteceu por causa disso. Com a Marisa Lobo foi que a conversa dela sobre a cristianização dos valores da sociedade, assim como "cada pessoa que trate com o terapeuta da sua fé", não está colando mais. Ela não é a favor de 'cura gay'(nem ela crê que isso exista), mas tem várias ideias tendenciosas para com aquilo quer muitos chamam de 'psicologia cristã'(se é que existe tal ideia). Marisa obteve até mais votos que o Jean Wyllys aqui no RJ, por exemplo. Mas não pôde ser puxada pelo quociente eleitoral. E no Espírito Santo, a derrota de Magno Malta foi devida ao 1º senador assumidamente gay da história do Brasil: O ex-delegado Fabiano Contarato. Casado homoafetivamente, com um filho adotivo dele e de seu cônjuge, foi o senador mais votado do estado, com 1.117.036 votos. É a favor do porte de armas, pelo menos flexibilização da lei e, é claro, do casamento homoafetivo.

Voltando à Marisa Lobo, em 2014 o Conselho Regional de Psicologia do Estado do Paraná(CRP-PR) cassou o seu registro de psicóloga . Em 2016 o STJ confirmou a sentença do CFP,e por último, o STF, em abril de 2016. Mesmo com Bolsonaro ganhando eleição, esse quadro não muda. Isso é para cada um reconhecer o seu lugar. A Igreja não está junto do estado, e muito menos acima deste. O último a defender com afinco essa ideia de distúrbio mental, e megalomaníaca, foi Benedetto Gaetani, conhecido como papa Bonifácio VIII. E teve o respaldo de teólogos a serviço de um 'estado cristão', como Tomás de Aquino e até Guilherme de Ockham, para isso. Mas haveria, mais tarde, Marsílio de Pádua, reitor da Universidade de Paris, que desmontaria aos poucos essa ideia insana. Os puritanos ingleses tentaram ressuscitá-la.

Sim, até existe ex-gays Dra. Marisa, mas é algo que não se pode provar! É algo do sobrenatural, portanto fora do alcance da psicologia. Mas querias ir mais longe. Tinhas sugerido que cada pessoa se tratasse com terapeutas de sua crença. Uma divisão da sociedade em blocos, ao estilo esquizofrênico da série 'Divergente'. Mas perdeu! Essa lição nos serve para vermos que, ao contrário do que fantasiava Agostinho de Hipona, esse mundo não é nosso. E meus parabéns aos que lutaram a favor da causa secular. Se quiserem aceitar Jesus, serão bem vindos. Mas sem mistura, pois não leva a nada. Isso lava a ética profissional de todos os profissionais da psicologia deste Brasil, e reafirma a laicidade da psicologia. Isso foi uma vitória pela igualdade, e pela defesa desta profissão que todos nós amamos de coração!

Quanto ao senador eleito, parabéns! Soube separar a causa das armas(por ser policial) da causa LGBT em busca de casamento e adoção de crianças. Muitos nem notaram, mas por que o futuro senador é discreto. Não é como Jean Wyllys, por exemplo. É alguém de DIREITA(reparem no casaco com bandeira norte-americana na foto), que sabe separar as coisas. Adota politica de armas, ao mesmo tempo que adoção de filhos e casamento homoafetivo. Casamento este que em 2011, quando o STF legitimou, o senador Magno Malta, hoje derrotado, chamou de "desserviço a familia brasileira". Enquanto o ministro do STF Ayres Brito dizia que "concedemos um direito que não retira os direitos de ninguém". Pois é senador Magno Malta. Agora, alguem que usufruiu desse 'desserviço' virá ocupar a tua vaga. Que essa lição se perpetue para nós cristãos. Que aqueles mais teimosos entendam que esse sistema não é nosso. A paz de Cristo a todos!

A Batalha de Varna

Este ano fez 574 anos da batalha de Varna(10-11-1444), em que um exército cruzado foi massacrado na Bulgária. O rei Wladislau III da Hungria e da Polônia havia feito um tratado de paz com o sultão Murad II. Mas o cardeal Júlio Cesarini disse que "palavra dada a infiéis não vale".

A consequência foi uma batalha, onde ao término dela os janizaros exibiam a cabeça do rei húngaro numa lança e o tratado de paz na outra. Chamavam o rei de perjuro. E depois sua cabeça foi levada para a corte otomana; o resto da cavalaria polaca foi destruída pelo exército otomano. E o cardeal? Foi morto por tropas húngaras, onde na cabeça deles a guerra era culpa dele.

Saldo do dia: Milhares de cruzados mortos e outros escravizados. Também vários turcos. Em seu retorno, o chefe do exército húngaro, João Corvino, líder dos cavaleiros brancos da Hungria, tentou desesperadamente salvar o corpo de Wladislau III, mas a única coisa que pode fazer foi organizar a retirada do que sobrou de seu exército. Ele sofreu milhares de casualidades e seu exército foi completamente aniquilado. Muitos prisioneiros europeus foram assassinados ou vendidos como escravos. E tudo por quê? Porque algum trouxa, que obviamente já deveria estar ardendo no inferno àquela altura, disse que Deus compra as batalhas da igreja na terra. FIM

A ARTE DE FAZER BRASÕES

No dia 10 de junho é o dia Internacional da heráldica. É a arte de fazer brasões. Mas de onde surgiu essa ideia de usar símbolos? Muitos exércitos, como as legiões romanas, usavam estandartes. E estes não serviam para apenas colorir o campo de batalha. Serviam para identificar tropas amigas no caos da Batalha. E essa heráldica europeia, vista em filmes medievais, surgiu dessas identificações? Não só isso. Muitos não sabem, mas sua origem não é europeia, mas asiática. Veio dos coloridos exércitos chineses e turcos, que foram conhecidos por europeus através de viagens que ambos os lados faziam.

Hoje, todas as empresas que estão no mercado têm uma marca, um símbolo que as represente, ou pelo menos identifique sua fachada. As marcas nasceram há muitos anos, em uma época em que nem mesmo havia empresas.

A adoção dos brasões pelos exércitos começou a partir de 1095, quando o Papa Urbano II, na cidade de Clermont, França, anunciou a luta da Igreja Católica contra os infiéis. Assim começaram as Cruzadas.

Entre 1135 e 1155, a utilização desses símbolos por senhores feudais se espalhou pelo continente europeu. Leões rompantes, águias e flores-de-lis começaram a povoar os escudos. Nesses primeiros tempos, muitas das cotas de armas eram criadas pelos próprios cavaleiros que as utilizavam – não eram concedidas por nenhuma autoridade.

Com o tempo, a coisa toda foi se espalhando e os brasões foram tornando-se cada vez mais complexos, além de passarem a respeitar algumas regras. Como a fusão de brasões de duas famílias através do casamento. Mas foi somente no século XIV que se consolidou o sistema de codificação e organização dos emblemas, a heráldica.

Logo, os brasões tornaram-se hereditários, deixando de ser apenas representativos. Com os o passar dos anos, os emblemas distinguiam efeitos heroicos ou serviços prestados aos senhores feudais, ao rei, a atividades agrícolas, ou dos antepassados, até mesmo a fauna e flora da região de seu dono.

Nesse cenário, os brasões deixaram de servir como forma de identificar exércitos e se tornou algo muito mais individual e também, nobre. Em alguns casos, os brasões eram pré-requisitos para que os cavaleiros pudessem participar de certos torneios. Até o século X, esses torneios eram livres. Após as cruzadas, a coisa se institucionalizou. Quem assistiu ao fime "Coração de Cavaleiro", com o ator Heath Ledger, sabe do que falo.

Apresentar um brasão era a indicação de que seu possuidor pertencia à nobreza. “Ao longo do campo onde se realizava o torneio, ficavam as tendas dos competidores, todas com seus brasões expostos. Quando se encaminhavam para a arena de combates, seus arautos, carregando seus brasões em escudos, anunciavam em voz alta sua família e seus títulos”, escreve o historiador Stephen Slater.

De lá para cá, a arte heráldica continuou a povoar o brasão das famílias nobres. “Hoje ela pode ser vista em bandeiras de países, símbolos de universidades, hospitais, clubes e seleções nacionais. Seu uso permanece o mesmo. Oferecer uma identificação rápida para que os iguais se reconheçam”, afirma Michael Allen, professor da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Segundo os historiadores Thomas Woodcock e John Martin Robinson, professores de Oxford e autores da obra "Oxford Guide to Heraldry"(sem tradução em português) essa arte foi se refinando cada vez mais, indo mesmo além da arte da guerra. A auriflama francesa, muito usada na Guerra dos Cem Anos(1337-1453), era uma bandeira vermelha, onde os franceses gritavam a frase "Montjoie Saint Denis!" Este era um grito francês não traduzido em nosso idioma, em que o portador da auriflama gritava junto com as tropas. Era dos tempos do imperador Carlos Magno, do início do reinado franco na Europa.

CESAR BORGIA - O PRÍNCIPE MODELO DE MAQUIAVEL

César Bórgia(1475-1507) foi o filho do Papa Alexandre VI. Modelo de Principe perfeito, segundo Nicolau Maquiavel(1469-1527). Conta-se que ele era o mais amado dos filhos de Rodrigo Bórgia. Porém alguns inimigos da família Bórgia diziam que o filho predileto era Giovanni Bórgia. No passado era bastante comum Papas manter concubinas e filhos. Alexandre VI foi um deles.

O Papa Alexandre VI era conhecido por ter múltiplas amantes. Em 1475 nasceu seu primeiro filho, que foi chamado de César Bórgia. César foi favorecido por ser filho do Papa e pela idade de 15 anos já havia se tornado o Bispo de Pamplona. Por seu aniversário de 18 anos ele era um cardeal. Bórgia teve também um irmão chamado Giovanni que era o Capitão Geral das Forças Armadas do Papado. Cesare invejava a posição do irmão e muitos estudiosos acreditam que ele invejava ao ponto de assassinar seu próprio irmão a fim de obter o cargo. Outros registros mostram que os irmãos dormiam com a mesma amante, a esposa de seu irmão mais novo. Muitos acreditam que o triângulo amoroso entre os irmãos e a amante foi o que levou à morte de Giovanni. Após o assassinato de Giovanni, Cesare Borgia renunciou sua posição como Cardeal e tornou-se Capitão Geral das Forças Armadas do Papado. Durante este tempo, a Igreja Católica estava travando guerra contra o Islã e Cesare estava prestes a desempenhar um papel vital na história da Igreja.

Corajoso, ousado e determinado, ele era insaciavelmente faminto de poder e totalmente implacável. Suborno, assassinato e fraude estavam todos no trabalho do dia a ele e seus prazeres eram mulheres, caça e roupas da moda. Ele foi considerado o homem mais bonito na Itália, havia inevitavelmente rumores de incesto com sua irmã Lucrécia e ele tinha sífilis de seus vinte e poucos anos. Sua frase predileta era AUT CESAR AUT NIHIL (Ou César, ou nada).

César Bórgia morreu na Espanha, na cidade de Viana, antigo reino de Navarra. Nas primeiras horas de 11 a 12 de março de 1507, Garcés de Ágreda, Pedro de Allo e Jimeno Garcés, três soldados do Conde de Lerín que, depois de participar de uma arriscada missão noturna na vedada Viana, se retiram para Mendavia, observam que são perseguidos por um cavalheiro excessivamente impetuoso, que se separou de suas tropas com mais prudência. Eles estão estacionados em Barranca Salada e emboscados. Se houve uma briga, deve ter sido muito breve. O certo é que Garcés de Ágreda cruzou com sua lança de parte a parte para aquele senhor, que não era outro senão o famoso César Borgia, na época capitão-geral dos exércitos de Navarra. Dizem que levou 45 punhaladas.

Os soldados beamonteses ainda tiveram tempo de privá-lo de sua rica armadura milanesa e dos vestidos luxuosos. Talvez também a máscara de couro preto com a qual César costumava cobrir o rosto, uma vez bela e, nos últimos tempos, desfigurada, aparentemente como resultado da sífilis. Eles devem tê-lo deixado completamente nu, ou quase, porque um dos muitos cronistas que lidaram com o episódio escreveram sobre isso.

Seu túmulo permaneceu por um curto período de tempo na igreja de Santa Maria, já que em meados do século XVI, um bispo de Calahorra , a cuja diocese pertencia a paróquia de Viana, considerou sacrilégio a permanência dos restos mortais deste personagem num lugar sagrado. Ele ordenou que fossem tirados e enterrados em frente à igreja no meio da Rua Mayor, "para que, em pagamento de suas faltas, homens e animais os pisoteassem". O resultado final foi a destruição do mausoléu. Em 1884, eles foram localizados seus restos supostos na Rua de Santa Maria ou Calle Mayor, ao pé da escadaria em frente à entrada principal da igreja, e foram deixados no mesmo lugar. Resumindo, durante séculos os restos de Cesar Borgia foram deixados no meio da rua para serem pisados.

Em 1945, os restos mortais são exumados novamente, analisados e depois depositados em 1953 ao pé da porta da igreja, do lado de fora, mas dentro dos terrenos da igreja, sob uma lápide de mármore branco que diz: "César Borgia generalíssimo dos exércitos de Navarra e Papal, morto em campos de Viana no dia 11 de março de 1507."

Por ocasião do 500º aniversário de sua morte, o Arcebispo de Pamplona foi convidado a transferir seus restos mortais para o interior da igreja, mas foi negado, alegando que ninguém está atualmente enterrado dentro das igrejas. Uma cruz de campo foi instalada na área onde ele caiu, para lembrar o lugar onde supostamente morreu.

O AVESSO DA JUSTIÇA

Nessas eleições de 2018, no 2º turno, eu não votei. Fiquei em casa. Considero meu dever cumprido. O que em um passado distante tomaria como isenção, hoje tomo como nobreza. Minha intenção era lançar votos para o legislativo. Minha ÚNICA obrigação nas urnas como cristão é através do meu testemunho.

Tenho que servir as autoridades como cristão e, se der tempo(coisa que não dá nunca)zelar por valores cristãos e direitos humanos, que aliás nem são contraditórios. Ocorre que não estou nem aí pra Brasil, pra terra ou o que tem nela. Por que me importaria com isso aqui, quando a única missão é levar o máximo que posso para o céu??? Podem legalizar o que quiser. Aborto, casamento gay ou genocidio. Se o tal candidato fizer algo que acho que o país precisa(não eu, mas o país), voto nele. Não esquento cabeça se ele defende moral cristã, diabólica ou humana.

Eu já cri, quando ainda era cego pelo denominacionalismo, que deveriamos buscar criterios cristãos para votar. O voto, ou os governos civis, é demoníaco. Então por que deveria meter Deus nessa sujeira? Porque ficaria eu igual ao povo cego da Ilha do Governador, da denominação ao qual pertencia, buscar qual governo exercerá um mandato 'segundo a vontade de Deus'? Esse povo anda bêbado? Por um acaso leram a bíblia de cabeça para baixo? Porém, uma coisa que sempre faço é deixar a marca cristã nesse mundo. Quero estar em paz(é em paz, antes que algum retardado chame de concordância) com vários grupos sociais, para eles saberem que consideramos seus comportamentos não de acordo com Deus(não pecado, pois incredulo não pode saber o que é isso), mas não queremos moldar a sociedade de acordo com os nossos valores. Igreja, que é de Deus e é valente, vive em QUALQUER ESPÉCIE DE SOCIEDADE NA TERRA, POIS NEM SATANÁS PODE NOS DETER. Se vão aprovar casamentos gays, abortos ou adoção de crianças por casais homoafetivos, por exemplo. Claro, podem fazê-lo. Nós que não faremos. E nem oporemos nada a isso.

Se eu tivesse que votar em algum candidato que aprova isso, mas que vejo que alguma outra coisa ele pode fazer pelo país, teria votado. O país não sou eu. Nós cristãos somos embaixadores. As leis dessa terra não nos afetam. A não ser que algum cristão COVARDE creia em INFLUENCIA. Coisa que nem o diabo é capaz de fazer.

Em resumo, sou evangélico, então é evidente que gostaria de ver as pessoas do meu país adorando o mesmo Deus que eu. Porém, alguns não querem, outros não acreditam Nele, e outros já tem seus deuses. O mais correto a fazer é respeitar e tolerar, ainda que eu pense que eles estejam fazendo algo errado. É muito melhor um Estado Laico, do que uma Coréia do Norte ou um Irã. A adoção homoafetiva começou nos países do norte da Europa(cultura protestante luterana),e foi sinal de avanço social. É óbvio que é pecado, mas isso NÃO É DA CONTA DO ESTADO.

É muito melhor passar pela praça de casa, e ver um evento da religião candomblecista, do que ser morto em praça pública por ter uma Bíblia.Por isso,com respeito aos direitos homossexuais,admiro-os muito. Sempre valorizei as propostas de liberdade,seja casamento ou adoção de filhos.Casamento religioso não tem na bíblia,logicamente o Civil também não.O religioso foi criado pelo Decreto Tametsi,no Concilio de Trento(1546),qualquer evidência antes disso provém de Hollywood. Sendo assim nem precisaria as igrejas fazerem casamentos, deixem as pessoas casarem no Civil,sejam héteros ou homos. Diante disso, penso que um evangélico que é contra o Estado Laico, apenas cospe no prato que comeu. E digo mais, O ESTADO LAICO É CRIAÇÃO DA BÍBLIA!

Como votei pensando no parlamento, vi que ficou bastante equilibrado. O PT ficou com a maior bancada. Seguido pelo PSL. O PSOL, o PV e o PDT cresceram bastante. Quem sabe isso não faz o PT agir em comum acordo com as outras esquerdas? Quem sabe isso não serve para ensinar Bolsonaro(provavelmente ele ganhe)a formar um governo num sistema adverso? Para efeitos biblicos, Bolsonaro precisa ganhar. Precisa ter a colheita na vida dele, pela semeadura que vem causando. Principalmente sobre quem foram os seus lideres. Aprendemos, na vida do rei Davi, que só é bom líder, quem foi bom liderado. E Jair Bolsonaro nunca foi bom liderado. Era só mais um capitão comunista que ascendeu na vida. Nunca foi fascista ou fã da ditadura. Pelo contrário, nem era bem visto por ela. Mas isso é história antiga, de tempos que poucos lembram.

O importante agora é que nem o possivel governo comunista de Haddad, ou a possivel ditadura de Bolsonaro deveriam assustar cristãos. Não podemos ser como vários que têm por aí, que só fazem ouvir Olavo de Carvalho e ter medo de muçulmanos. Isso não é coisa para cristãos. Votem voces em quem votarem, saibam que, para o povo de Deus não cabe crer em influencias ou medo. Nem satanás pode deter a Igreja de Deus...

"Porque Deus não nos deu o espírito de medo, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação." 2ª Tm 1:7

EXISTE PÁSCOA CRISTÃ?

Tanto pela biblia,como pela História,parece que não! A confusão feita por muitos está na origem da palavra 'Ceia'. O termo Ceia está ligado à uma refeição noturna,da maneira como os brasileiros traduzem,erroneamente,o termo 'jantar', hoje. O jantar era uma refeição ao meio-dia,enquanto que a Ceia era ao anoitecer. A palavra almoço não existia na época,pois foi criação de línguas luso-castelhanas, da época do período da Reconquista Ibérica(711-1492).

A Páscoa foi uma celebração criada no fim do cativeiro egípcio(Êxodo 12). O povo de Israel teve sua liberdade dada por sinais miraculosos,que dobraram o coração do faraó. A nação israelita saiu pelo deserto adentro,sendo testada por Deus de todas as maneiras.

Quando Jesus disse,naquilo que é chamado de 'a última ceia', que "esperou muito para comer essa Páscoa convosco", falou de uma coisa que o Cristianismo,como crença ainda não nascida,desconhecia. A celebração que Jesus fez ali chamou-se Páscoa. Ceia é só por ter ocorrido de noite,e só. Na linguagem do brasileiro,pode-se dizer que Jesus e seus discípulos tiveram seu "último jantar" juntos, e só. Podemos associar a Páscoa judaica com nossa libertação do pecado? Sim! Porém a bíblia não nos outorga esse termo. isso foi uma interpretação de Jesus. Ele fez essa ligação, que antes não existia. Entretanto, a Ceia era simplesmente um jantar à noite.

A REVOLTA DE MANUEL CONGO

Nesses tempos de relembrar a consciência negra, é importante recordar o maior símbolo da resistência negra do estado do Rio de Janeiro, e o segundo do Brasil, só perdendo para o Zumbi dos Palmares. Era Manuel Congo. Um símbolo da revolta nos cafezais da região serrana da área de Vassouras, no atual municipio de Paty do Alferes. Durante a década de 1830, a economia cafeeira começou a despontar no Brasil Império, principalmente na região fluminense do Vale do rio Paraíba. A região de Vassouras ficou sendo a maior sede cafeicultora do mundo! A afluência de escravos para as fazendas da região aumentou, sendo ainda intensificada a exploração do trabalho.

No contexto de início da produção cafeeira, estourou mais uma revolta de escravos, que se consubstanciou na tentativa de formação do que ficou conhecido como Quilombo de Manoel Congo. Manoel Congo entrou para a história do Brasil como o líder que fez tremer os sólidos alicerces do regime escravocrata fluminense nas terras do café. Foi em Paty do Alferes que se desenrolou um dos mais importantes levantes de negros do Estado do Rio de Janeiro. Por volta da meia-noite do dia 5 de novembro de 1838, as portas das senzalas da Fazenda Freguesia eram arrombadas, e um grupo de negros cruzaram correndo o pátio em busca de suas mulheres que estavam no sobrado. Manoel Congo e Marianna Crioula iniciavam ali a saga que os levariam à História, e que para ele seria o caminho da morte. Os castigos e maus-tratos, além da morte de alguns escravos, pareciam ser uma constante nas fazendas do capitão-mor. O assassinato do escravo Camilo Sapateiro foi o estopim para a eclosão da revolta. Manoel Congo era um desses escravos. Seu nome provavelmente indicava a região do continente africano da qual era proveniente. A função de ferreiro exercida na fazenda do capitão-mor mostrava que tinha uma qualificação maior de trabalho, o que provavelmente garantia a ele condições menos piores de trabalho. Na mesma situação poderia estar Camilo Sapateiro.

Este grupo, liderado também por Pedro Dias, Vicente Moçambique, Antônio Magro e Justino Benguela, armado de facões e uma velha garrucha, invadiria, logo a seguir, a Fazenda da Maravilha libertando mais escravos e levando tudo que podiam carregar. Agora já somavam em torno de 400 escravos fugindo nas matas da Serra da Estrela, a caminho da Serra da Taquara, onde encontrariam a definitiva liberdade. O Capitão-Mor de Ordenanças, Manoel Francisco Xavier, proprietário das duas fazendas, e de todos os escravos fugitivos, ainda que contra sua vontade, porém diante dos graves fatos, pediu ajuda as autoridades competentes na figura do Juiz de Paz José Pinheiro. O Juiz imediatamente enviou mensagem ao Coronel-Chefe da Legião de Valença, Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, que viria a acionar a Guarda Nacional. Apenas 48 horas após o último levante, Lacerda Werneck, já havia reunido 160 homens armados e prontos para a luta, entrariam na densa mata, dispostos a caçar os negros aquilombados. Vários escravos das fazendas da região fugiram para o local. Mas a experiência durou poucos dias. Em 11 de novembro, uma força militar da Guarda Nacional foi chamada à região para cumprir uma de suas funções, que era a de capitão do mato. O líder da Guarda Nacional era Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias, que seria mais tarde patrono do exército, título conseguido muito em decorrência da repressão a diversas rebeliões populares que ocorreram durante o Império.

Partindo a Fazenda da Maravilha, com algumas léguas e horas de busca, primeiro ouviram sons de machado seguidos de burburinho de vozes. A tropa avançou angulada como uma cunha e exigindo a rendição de todos. Manoel Congo teve tempo apenas para incitar o ataque que iniciaria uma luta feroz, tendo como resultado na morte de muitos negros e dois soldados. A “preta de estimação” de D. Francisca Xavier, esposa do Capitão, Marianna Crioula, num gesto derradeiro, ainda gritou: “Morrer sim, entregar nunca!”, na exata hora em que era violentamente derrubada e espancanda com chutes, socos e coronhadas. Ali foram presos, Manoel Congo, Justino Benguela, Antônio Magro, Pedro Dias, Belarmino, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola e as negras Marianna Crioula, Rita Crioula, Lourença Crioula, Joanna Mofumbe, Josefa Angola e Emília Conga.O homem que sonhou com a liberdade estava acorrentado aos seus pares e viria a ser réu no julgamento com sentença determinada muito antes de começar.

Desde a manhã de 22 de janeiro de 1839, na Praça da Concórdia, diante da Igreja Matriz da Vila de Vassouras, até o dia 31 do mesmo mês, o tribunal fora o palco da condenação dos réus, sendo a de Manoel Congo, pena de morte por enforcamento. Os demais escravos homens viriam a receber 650 chicotadas cada um além dos gonzos no pescoço durante 3 anos. Todas as negras foram inocentadas e o plano que fora articulado para minorar as perdas do Capitão dera resultado. Perderia ele um de seus negros, mas manteria os demais ao preço de incitar uma traição: todos indicaram Manoel Congo como líder do levante.

Passados 9 meses, no dia 4 de setembro de 1839, subia ao cadafalso, no Largo da Forca para cumprir sua “pena de morte para sempre”(isto é, enforcado e sem sepultamento), Manoel Congo, negro forte e habilidoso, de pouca fala e sorriso escasso, com mãos ásperas que sonhavam embalar um filho seu. Morreu levando com ele a esperança dos que ainda viram passar mais 49 anos até, finalmente, a liberdade chegar.

A ÁRVORE DO ÉDEN ERA UMA MAÇÃ?

Para início de conversa, o Éden era um lugar e o jardim era outro. O segundo se localizava dentro do primeiro.Questão de Geografia. Assim como os quatro rios que saíam do Éden para regar o jardim: Pisom, Giom, Tigre e Eufrates. A terra não tem milhares de anos. Isso nem a bíblia fala. Quem teve essa ideia insana foi um bispo do século XVII chamado James Ussher. E, num total delírio mental, escreveu um livro de contagem de genealogias. Uma coisa que faria até Agostinho de Hipona se virar no túmulo.

Quando começamos a ler a Bíblia, temos a sensação de que tudo que aprendemos de criança há provas textuais,mas não há. Muito da História não vem de textos, mas de quadros, pinturas. Pintores como Ticiano e Lucas Cranach colaboraram com seus quadros de 'Adão,Eva e maçã',para difusão de mitos desconhecidos da História bíblica. Mitos como Lilith,baseados numa versão antiga contida no livro de Isaías, também corroboram para isso.Reparem como a História de Lilith se parece com as mitologias greco-latinas. Assim como os 'gigantes filhos de anjos com mulheres', que muitos pensam vir da bíblia, mas não vem. Essa história dos gigantes vem do livro 'Enoque I, O Etíope'. Foi deste livro que montaram o recente filme 'Noé', que muitos chamaram 'anti biblico'. Ele não é 'anti bíblico. Ele nem na bíblia foi baseado.

O mito da maçã vem de uma semelhança da palavra em latim: Malus(Latim) = "maus", malum = "um mal"; Malus = macieira "e",também, mastro de um navio "; malum = maçã (fruta). Em nenhum lugar da Bíblia diz que o fruto comido por Adão e Eva, no Jardim do Éden, era uma maçã. O fruto é chamado o "fruto da árvore" (isto é, a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal), e nem os frutos, nem a árvore, são identificadas por espécies.E outro detalhe. Em parte alguma da bíblia esse fruto é chamado 'FRUTO DO PECADO'. Ninguém nunca leu isso! É FRUTO DO CONHECIMENTO! E, em vias desse conhecimento, por não possuirem santidade, o homem e a mulher passaram a pecar. Em Inglês Medieval, até o século 17, "apple" era um termo genérico para todos os frutos sem bagas. Estes eram frutos que, na realidade, são pseudofrutos. Mais tarde, "Apple" passou a designar a maçã que conhecemos...

Quadro 'Adão e Eva', pintado em 1538 pelo alemão Lucas Cranach l'Ancien.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

O "DEUS" SATANISTA DAS DENOMINAÇÕES

Quando me dispus a pintar a cara de verde e amarelo em 1992, meus pastores foram contra. Diziam ser "coisa de comunista'. Talvez porque não vestíamos camisa verde e amarela. E nem camisas vermelhas, como podia-se pensar. Vestíamos camisas negras. Aos gritos de "fora Collor", realmente éramos de maioria PT. Eu era do PV, e mal conhecia PT na época. Mas os pastores, e até padres, ficaram apavorados, pois comunistas tinham fama de ser 'anti-religião'. Mas eu estava lá, com ou sem aval de pastores.

Hoje, 25 anos depois, os mesmos pastores foram a favor do "fora Dilma", alguns são a favor do "fora Temer", outros são contra. Mas em unanimidade, todos creem que foram os 'petralhas' que tiraram Collor na época. Aliciando jovens, naquilo que eles chamam de 'Marxismo Cultural', e doutrinando em sala de aula. Eu respondo por mim. Nunca fui doutrinado. Cresci em um lar de leitores. De bíblia, livros de matemática, de História Medieval e sobre Evolução das Espécies. Sempre cri que o Jardim do Éden não ficava na Mesopotâmia,mas no Mar da Arábia. Então hoje estaria submerso. Professores do seminário foram contra. Porém eu jamais respondia pela Teologia, mas somente pela História. Nunca eles entenderam isso, nem era para entender. Meu ministério é diferente. Sempre fui autodidata.

Mas e os protestos atuais? Sou contra. Tanto 'fora Dilma', como 'fora Temer'. Motivos cristãos. Porém os pastores atuais são a favor porque a crise mina os bolsos de suas ovelhas, e consequentemente, dos seus templos. E o medo das leis anti moral cristã, como se o planeta fosse ser salvo por isso. Mas não se pode salvar governos que o próprio Deus entregou a Satanás(Lc 4:6). Se não se pode vituperar Romanos 13, não o farei com nada. Aquilo que fiz em setembro de 1992(para nós foi o SETEMBRO NEGRO de fato), ficará somente na memória. A parcialidade, e o "deus mamom satânico" das denominações, nunca deveria servir de viés de caminho para cristão nenhum.

A CRONOLOGIA DE MAOMÉ

Há quase 1400 anos atrás morria o profeta Mohamed, que fundou o islamismo entre os povos nômades da península arábica. O conceito de religião no meio dos árabes era politeísta, e de muito misticismo. Esses povos eram de descendência ismaelita. O mesmo povo que comprou José de seus irmãos, e o venderam no Egito(Gn 37:25-28). Vinham de Ismael, filho de Abraão com sua escrava egípcia, Hagar. Foi dito a esta que o menino seria "como um jumento selvagem, que a mão dele seria contra todos, e a mão de todos contra ele"(Gn 16:12). Apesar da aparente falta de ligação entre os povos, vira e mexe se encontravam. E foi assim que aconteceu nos primeiros séculos da Idade Média europeia.

No século VI, quando nasceu Maomé, muitos árabes tinham contatos com judeus, e também cristãos bizantinos, relativos as igrejas ortodoxas. Maomé começou a ter diálogo com essas crenças, e ficou entusiasmado com elas. Os árabes eram caravaneiros. Não tinham ciência alguma. Eram toscos, faltava-lhes muitas condutas de civilização. Brigavam muito entre si, pois não aceitavam nenhum domínio. Aprenderam muito com os cristãos bizantinos. Traduziram muitos escritos gregos para uso próprio, e estes escritos se difundiram na Europa. O Corão, livro sagrado do Islã, tem muitos recortes da bíblia, e lendas judaicas e árabes, que corriam deserto arábico afora. Fala-se de Maomé ser pedofilo. Isso chega a ser engraçado. Era uma prática comum lordes europeus casarem com meninas de 8 ou 10 anos. Era uma coisa comum na época. Não existia esse conceito moderno de pedofilia, que temos hoje. E isso porque simplesmente não havia infância. Este é um conceito bem recente. De preferência após o final do seculo XVIII.

Após 200 anos do início do Islã, o mundo havia mudado muito. Graças a Maomé, Carlos Magno pôde expandir seu Império, e a Igreja Romana pôde crescer. Doutra sorte, Bizancio teria impedido tais avanços, e teria freado o poder do papa. Mas o papado já havia previsto isso, e Gregorio I resolveu expandir seu rebanho. Só que era um rebanho feito de norte, sul e oeste. Sem a Grécia e o Oriente bizantino! Isso ainda custaria caro, e por séculos. O islã começou a se espalhar por vários povos. Tanto que hoje cerca de 80% dos muçulmanos não são árabes!!! Quando tomou o Irã do Império Sassanida da Persia, começaram algumas modificações acrescentadas no islã. Em primeiro lugar, absorveram um costume das mulheres cristãs bizantinas: O véu! Isso mesmo. O véu tem origem cristã, e surgiu pela primeira vez com islâmicos iranianos. Demoraria até que as mulheres da Arábia o usassem. Hoje há muitas misturas nessa crença, o que coloca em xeque a veracidade dela. Assim como tambem a veracidade dos 'achismos tupiniquins' que o Ocidente tem a respeito do Islã. Um deles é de que esses povos não toleram o crime. Deve ser por causa da Indonésia. Porém, é bom lembrar que indonésios, assim como turcos, são parentes de chineses, não de árabes. E o Afeganistão, hoje, possui o maior mercado fornecedor de heroína do mundo. Nem tudo, na História, sai conforme o script....

Profeta Mohamed e o Anjo Gabriel. Miniatura em exposição em Istambul, Turquia.

O martírio de Felix Manz

Em 5 de janeiro de 2017 fez 490 anos da morte do primeiro mártir dos anabatistas. Aqueles que lutaram em batalhas contra os senhores feudais,durante a resistência contra sua marginalização na lei alemã. Iam armados com foices,ancinhos e instrumentos agrícolas, contra uma cavalaria armada. Fizeram isso até serem convencidos,por Felix Manz e Conrado Grebel, de que cristãos não deveriam portar armas. Usavam um estandarte com uma bandeira colorida de cinco cores em faixas, que muito tempo foi seu símbolo.

No século XVI não existiam esses países que hoje chamamos de Alemanha e Itália. Nem sombra disso. Esses países só formariam suas pátrias no século XIX. Ao invés disso,existiam ducados, condados, repúblicas e cidades livres. Era o reflexo da nova nobreza da baixa idade média. A própria musa inspiradora do rainha má da Branca de Neve era,na realidade,a condessa da Turíngia, e viveu no século IX.

O movimento anabatista surgiu daquelas esferas não contempladas por Lutero ou Zwinglio:Os Camponeses! Existiam humanistas em suas fileiras, como Felix Manz ou Thomas Muntzer. Porém a maior parte vinha da servidão dos campos. Tanto que Friedrich Engels escreveu sobre essa guerra dos camponeses,que Lutero também escreveu. Hoje, muito se confunde suas causas com o comunismo,mas não havia algo parecido na época. A perseguição aos seus membros devia-se a causas político-econômicas, principalmente militares, além das religiosas. No século XVI não havia aquilo que chamamos 'certidão de nascimento'. Isso só nasceria no século XVIII, com a Revolução Francesa. Portanto, só se tinha noção de quantas crianças nasciam devido aos registros de batismo. Como os anabatistas se recusavam ao batismo infantil, ficou difícil fazer o censo da população,e portanto,cobrar impostos. Os impostos eram cobrados por cabeça,e isso complicaria o cenário. E não era só isso. Os turcos ameaçavam a Europa pelo leste. E os anabatistas se recusaram a pegar em armas para lutar contra eles. E também não havia como os senhores feudais contar quantos homens teria para o combate,devido a confusão de censo feita no batismo em idade adulta. Quando os turcos tomaram tudo até as portas de Viena,obviamente católicos e protestantes colocaram a culpa nos anabatistas.

Zwinglio chamava os anabatistas de 'cães da selva'. Ele fez questão de dar um presente todo especial a Manz. Disse que daria a ele,e muitos dos seus, um terceiro batismo. E isso o fez afogando-os no rio Elba. Felix foi afogado no rio Limmat. Hoje há uma placa comemorativa em Zurique. O cronista, e teólogo alemão, Ekkehard Krajewski, escreve sua biografia, e sobre a sua teologia.

"O VERDADEIRO CRISTÃO NÃO USA A ESPADA DO MUNDO,NEM TAMPOUCO PARTICIPA NA GUERRA. O EVANGELHO,E OS QUE O ACEITAM, NÃO DEVEM SER PROTEGIDOS PELA ESPADA,NEM PROTEGER-SE A SI MESMOS." Conrado Grebel(1498-1526)

A lembrança do primeiro herói da Reforma Protestante. Felix Manz(1498-1527)

O BOICOTE A UM REI ARREBENTA UM PAÍS

Há 700 anos atrás, no dia 9 de janeiro de 1317, era coroado na catedral de Reims, Filipe V da França, apelidado 'o longo'. Ele fora um grande rei. Pela força, e pela astúcia, pela justiça e pelo crime, apossara-se da coroa no leilão das ambições. Os eventos que vieram antes da posse demonstram como estavam tensas as disputas na época. Um conclave papal feito em prisão, sob a guarda do então Conde de Poitiers, depois rei Filipe V. Um castelo real tomado de assalto. Uma criança real assassinada no berço. Uma lei sucessória inventada. Uma revolta baronial desbarata em uma semana, e um grande senhor feudal é atirado no calabouço. Estas foram as rápidas etapas de sua corrida para o trono.

A França, que já tinha sido monarquia eletiva, como eram os principados do Leste Europeu, tinha seis pares do reino, para sustentar sua coroa. Eram pares, ou seja, iguais ao rei. Na prática a sucessão, que era eletiva, virou hereditária. Os pares do rei eram: O duque da Borgonha, o duque da Normandia, o duque de Guyenne, o conde de Compiegne, o conde de Flandres e o conde de Toulouse. Acontece que nenhum dos possuidores, hereditários ou titulares, desses seis pares, estavam presentes na coroação de Felipe V. Em outubro do mesmo ano o duque da Borgonha começa os ataques contra a França, seu próprio país. Começa a desintegração da França, que favoreceria a Inglaterra durante a Guerra dos Cem Anos(1337-1453). Lembrando que houve, na realidade, duas Guerras dos Cem Anos entre França e Inglaterra. A primeira, de 1152 a 1259, terminou com o Tratado de Paris. Mas a segunda teve como causas, não as questões territoriais de sempre, mas a coroa da França, e foi bem mais devastadora...

Coroação de Filipe V,em exposição em uma Biblioteca de Toulouse, na França.

Espanha medieval, a fronteira da cristandade

Durante quase 800 anos a Península Ibérica ficou sob domínio mouro. Os islâmicos dividiam o poder com cristãos, sempre se alternando. De 711, na tomada que Tarik fez da península, até 1085, na Batalha de Toledo; ou 1212, na Batalha de Las Navas de Toulosa; essas duas últimas com vitórias de exércitos cristãos. De 1212 até 1492 os mouros resistiram, até a queda de Granada. Livros islâmicos foram queimados, sob as ordens da rainha Isabel. Só não foram mais porque o rei Fernando impediu, pois seus esforços de unificação do reino foram, em parte, anulados. Haviam inocentes nessa história, fossem cristãos ou islâmicos? Claro que não! Mas esse quadro de três religiões se formou na península, mas por necessidade que por teologia.

Quando estudamos sobre Idade Média, quase sempre se resume a uma disputa entre o Sacro Império Germânico e o Papado. Tudo que ocorre à margem disso é irrelevante. Isso seja os Balcãs sob domínio Bizantino, ou a Andaluzia sob domínio mouro. Um francês podia até ouvir falar de um mouro, saber que era alguém diferente de sua fé, mas seria alguém que ele nunca veria na vida. Já para um cristão de Cordova, um mouro era alguém de carne e osso, que talvez dependesse de cuidados médicos, ou comprasse seu pão ou berinjelas. Isso soava estranho para um cristão da Europa Central. O espanhol e o português eram cidadãos meio cristãos, meio judeus, meio mouros, que a Europa não aceitava muito bem. Ainda hoje, na moda de dizermos que tudo que é esquisito(no significado chulo brasileiro) "parece chinês", os alemães dizem que "parece espanhol". Esse jeito de 'mistura cultural' atingiu seu ápice com um rei cristão: Afonso X de Castela. Este mandou traduzir muitos textos árabes, alguns com trechos de filosofia grega, trazido de Constantinopla.

Desde que o historiador Juan de Mariana(1536-1624) inventou o termo 'Reconquista', para a retomada pelos cristãos de Granada dos mouros, o ícone de divisão esteve na História. A maior parte das políticas tolerantes veio de reinos cristãos, mas houve poucos islâmicos, como Abd-Ar-Rahman III, o emir de Cordova. Essa intolerância cristã que se seguiu deve-se a pressões de teólogos da Universidade de Paris, por um cristianismo mais 'puro' por parte dos espanhóis. Dessa pressão surgiu a Inquisição Ibérica, bem mais brutal que a Inquisição medieval. Aquela Espanha que mal conheceu a Inquisição Medieval, fez uma coisa bem mais brutal, para exterminar mouros e judeus, ambas pessoas repudiadas do mundo cristão.

Uma construção ainda não esquecida na Espanha atual é a Alhambra. Seu nome vem da etimologia árabe Qal'at al-hamra(Fortaleza Vermelha), por ter sido usado grande material de argila em sua construção. Símbolo do poder mouro. Construída entre os séculos XIII e XIV, deslumbra quem se encanta com a arte mourisca até hoje.

Castelo de Segovia,Espanha

O DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS E A "CRISTOCRACIA"

No ano de 1620 partia da Inglaterra o navio "Mayflower", carregando vários puritanos ingleses, com destino à terra que chamariam "Nova Canaã". Mais tarde, Nova Inglaterra. E bem mais tarde, EUA. Eram protestantes ingleses, que fugiam da chamada "desordem social", assim apelidada por eles. O reinado de Jaime I não estava sendo bem visto por muitos. De Carlos I, seu filho, pior ainda. E o plano dos puritanos, numa total distorção bíblica, era criar a "pátria de Deus na terra".

Após a chegada, houve uma longa luta pela sobrevivência. Aqueles que sobreviveram ao primeiro inverno, fizeram uma festa, em novembro de 1621, do 1° Dia de Ações de Graças. Estava fundado o país que viveria segundo as leis de Deus. Ao menos por enquanto. A tentativa rigorosa de uma teocracia era mais por medo de um 'caos social' do que por 'beatice'.

Os presbiterianos do Massachusetts chegaram aqui antes dos "peregrinos do Mayflower". E estabeleceram uma teocracia de igual maneira. Embora fosse baseada na liberdade da Reforma Protestante, fez daquela terra uma teocracia demonizada. Homens como Roger Williams foram deportados. Quatro membros da seita dos Quakers foram enforcados. Mesmo assim, as leis de Massachusetts ofereciam, em termos de liberdade, mais garantias que as leis inglesas. O repouso do sabbat(como eles chamavam o domingo, que já estariam errados) era garantido por lei, e sua violação acarretava penas graves, embora a maioria era convertida em multas.

O colono puritano via a democracia com desconfiança. Só se aceitava teocracia, o que na prática era Oligarquia. Por outro lado os valores mudariam. E todos saberiam que essa história de "pátria de Deus" não existe. A Revolução Científica do século XVII, impulsionada pelos próprios colonos, veio transformar o espírito empreendedor dos puritanos, que logo transformou-se em ianque. A marcha para o oeste no século XIX deve-se a isso. Então o que era bíblico tornou-se obsoleto. A teocracia converteu-se em capitalismo arcaico. E logo os ideais da Revolução Francesa, e da Marselhesa, eram absorvidos nas colônias da Nova Inglaterra...

A História dos reis magos

A visita dos magos a Jesus é relatada no Evangelho de Mateus, e não diz quantos eram, muito menos que visitaram Jesus numa manjedoura. Pelo contrário, ao receber tal visita, Jesus já estava numa casa(Mt 2:11). O número três talvez se deva a crença de serem dados três presentes: Ouro, Incenso e Mirra. Todos três valiosos. E podem ter servido para a fuga de José e Maria ao Egito, já que ambos não tinham condição pra isso. O presépio, mostrando a visita dos magos a Jesus, é uma invenção medieval, provavelmente do século XIII.

Foi São Beda, um monge bretão que viveu entre os séculos VII e VIII, quem por primeira vez escreveu o nome dos três Magos, nomes com significados precisos que nos ajudam a compreender suas personalidades. No tratado “Excerpta et Colletanea”, o grande São Beda, o Venerável (673-735), Doutor da Igreja e monge beneditino nas abadias de São Pedro e São Paulo em Wearmouth, e na de Jarrow, na Nortumbria, Inglaterra, assim recolhe as tradições que chegaram até ele:

“Melquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”. São Beda assim descreve suas personalidades: Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar se traduz por “Deus manifesta o Rei”. Para São Beda, como para os demais Doutores da Igreja que falaram deles, os três representavam as três raças humanas existentes, em idades diferentes.Neste sentido, eles representavam os reis e os povos de todo o mundo.Também seus presentes têm um significado simbólico. Melquior deu ao Menino Jesus ouro, o que na Antiguidade queria dizer reconhecimento da realeza, pois era presente reservado aos reis. Gaspar ofereceu-Lhe incenso (ou olíbano), em reconhecimento da divindade. Este presente era reservado aos sacerdotes. Por fim, Baltasar fez um tributo de mirra, em reconhecimento da humanidade. Mas como a mirra é símbolo de sofrimento, vêem-se nela preanunciadas as dores da Paixão redentora. A mirra era presente para um profeta. Era usada para embalsamar corpos e representava simbolicamente a imortalidade. São Beda é também considerado como fonte de primeira mão da história inglesa, sendo muito respeitado como historiador. Sua História Eclesiástica do Povo Inglês (Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum) lhe rendeu o título de "Pai da História Inglesa". De acordo com uma tradição acolhida por São João Crisóstomo, Padre da Igreja, os três Reis Magos foram posteriormente batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé. (Patrologia Grega, LVI, 644)

Como essa história, outras também foram adulteradas posteriormente. Os pastores de Belém, por exemplo. Estes que foram a visita a Jesus na Manjedoura. Não foram os magos. Quando Jesus recebeu a visita dos magos já tinha quase 2 anos. E outro detalhe: Os pastores também não indica serem três. Apenas como os magos, a biblia coloca no plural. Na verdade, como a viagem dos magos era perigosa, é provável que fossem mais. Não era como a situação dos pastores, que sequer saíram de sua cidade.

A Viagem dos Magos(1894), James Jacques-Joseph Tissot(1836-1902). Brooklin Museum, New York City.

A sede papal em Avinhon

No dia 24 de dezembro de 1294, há 724 anos atrás, era eleito papa o cardeal Benedetto Gaetani, com o nome de Bonifácio VIII. Seria o início de uma crise eclesiástica que teria consequências até a Reforma Protestante. Não daria para ser contornada a situação que viria.

Desde Carlos Magno que o Império protetor do Papado era o Sacro Império Romano. Mas, como bem disse Voltaire, nem sacro, nem império, nem romano. E desde Carlos, o calvo, que o Império Carolingio se dividiu, dando origem à França e o Sacro Império propriamente dito, e que no seculo XIX viria dar origem à Alemanha.

Quando iniciou o século XIII, houve uma série de disputas entre o Império e o Papado. A Questão das Investiduras, pelo qual os imperadores insistiam em eleger os papas, havia há pouco tempo sido resolvida. Houve formação de grupos favoráveis ao papa(os guelfos)e ao imperador(gibelinos)por toda Europa. Muitos nobres franceses, como Carlos, o Conde de Valois, e filho do rei Filipe III, lutaram ao lado dos guelfos. Nesse momento o Papado tomou a França como protetora de seus interesses, pois a maioria dos nobres franceses lutou ao lado dos guelfos. Essa decisão ainda custaria muito caro. Muitos da nobreza francesa estreitaram laços com familias italianas, como os Colonna, ou os recém nascidos Medicis, que ainda seriam de grande valia nas políticas italianas.

Quando assumiu o trono de São Pedro, o papa Bonifácio VIII foi tomado de uma megalomania, além de evidente desequilíbrio mental, que se propôs a emitir bulas, como a Unam Sanctum, que dizia que todo poder temporal deveria submeter-se ao papa. Isso era um recado para o imperador. Mas o rei da França também tomou-o pra si. Na realidade, o papa fez isso por já estar desconfiado do rei Filipe IV, da França. E tinha razão. Os conselheiros do rei eram, em sua maioria, burgueses, como Enguerrand de Marigny, ou Guilherme de Nogaret.

Em 1303, Nogaret entrou em contato com a família Colonna e propôs depor o papa. Este estava em sua residência de verão, em sua cidade natal, Anagni. Tropas francesas, aliadas a Sciarrra Colonna, cercaram o Castelo de Anagni, puxaram o papa pela barba, e bateram nele. A salvação foi a população de Anagni, que partiu com tudo para cima dos soldados. O papa seria solto. Mas agredido por esse insulto, morreria pouco depois. Foi eleito outro italiano em seu lugar, Bento XI. Só ficaria 8 meses. Morreu em circunstâncias suspeitas.

Nessa época foi eleito, num total conchavo, um papa francês, Clemente V. A sede papal passou de Roma para Avinhon. E lá ficaria até 1377, quando muitos insistiram para que retornasse à Roma. Esse período ficou conhecido como "Cativeiro de Avinhon", onde todos os papas foram franceses, e em linhas gerais dependentes da coroa francesa. Embora foi o único período da História que a Igreja Romana, como órgão estatal, teve mais arrecadação do que gastos. Isso se deve a homens maquiavélicos, porém inteligentes, como Jacques Cahors(papa João XXII), que souberam conduzir as finanças do Santa Se.

A eleição de Bonifácio teve consequências inevitáveis como o repúdio por parte de Dante Alighieri, que condenou Bonifácio ao inferno nos seus escritos da "Divina Comédia". Também resultando num conflito que resultaria na condenação dos templários. O Concílio de Viena(1311)não seria totalmente favorável ao rei, mas também não o desagradaria. A estupidez do clero secular achar que poderia mandar nos poderes seculares ainda teria muitas consequências até a Reforma Protestante.

Antigo Palácio papal em Avinhon, no sul da França.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O saque de Roma-410 AD

Porém ,para muitos,parece que o dia 24 de agosto é um dia de má sorte mesmo. Muitos fatos ruins ocorreram pela História. O mais marcante do mundo antigo foi o saque de Roma feito por Alarico, rei dos Godos do Oeste. Na época Roma já não era grande coisa, pois Constantinopla já ocupava o seu lugar em esplendor, ou tentava suplantar. Até a cidade de Ravena já havia ocupado o lugar de capital do Império Romano do Ocidente, e Milão também. Os tempos das glórias da antiga cidade romana haviam passado.

Roma havia sido a gloriosa, a capital dos césares. Maior que Alexandria, que Atenas ou Antioquia. Foi a maior do mundo nos dias áureos de seu glorioso Império. Chegou a possuir um milhão de habitantes, e foi a primeira cidade do mundo nessa escala. Mas agora era relegada a segundo plano por Ravena ou Milão. E até por Bizancio, a chamada Constantinopla. Desde meados do século III que o exército romano contratava bárbaros germânicos para suas fileiras. Isso era perigoso, pois estes retrocediam aos seus povos após a guerra, levando as estratégias romanas com eles. O fim parecia estar perto.

No final do século IV um povo, até então desconhecido, começou a invadir a Europa:Os Hunos! Estes eram bárbaros tártaro-mongóis, parentes dos chineses, que vieram a cavalo da fronteira da China, em busca de terras. Com essa invasão, bárbaros germanos, como os godos do oeste(visigodos) ou do leste(ostrogodos) buscaram refúgio dentro das fronteiras do Império Romano. Roma aceitou refúgio, desde que se alistassem no exército, e ajudassem a proteger as fronteiras. Foi um erro grotesco. Como os romanos exploravam os godos em suas fazendas, estes se revoltaram. Foi preparada uma batalha, nas planícies de Adrianópolis, dentro da Sérvia atual. As legiões do imperador Valentiniano puderam contar com que viram: Cerca de 20.000 guerreiros visigodos na planície. Porém só não contaram com que não viram, a cavalaria dos ostrogodos, que descia a montanha como raios de tempestade. Cercaram as legiões, formando um cinturão. O próprio imperador Valentiniano jazia morto no campo de batalha. Os godos ganharam o direito de se estabelecer nas fronteiras do Império.

O primeiro saque que Roma sofreu na História foi de Brennus, chefe das tribos celtas da Gália Transalpina. Foi em 350 a.C., e arrasou a cidade. Então, em 410 d.C., quando Alarico dos visigodos saqueou a cidade, o primeiro saque ainda estava na memória. O Império resistiria, a trancos e barrancos, até 476 d.C., quando os Heruclos destruíram o que restava do Império...