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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

A ORIGEM DOS CONFLITOS: DARWIN, 160 ANOS DEPOIS

"A visão desta floresta tropical, assim como da variedade de fauna e flora, faria qualquer naturalista beijar o pó dos pés de um brasileiro."Charles Darwin, ao comentar a fauna e a flora da mata atlântica

Há 160 atrás era escrito a maior obra científica da área biológica na história humana: A Origem das Espécies, de Charles Darwin! Um livro que mudou o curso da História, balançou o curso da história do cristianismo, até mesmo mudando o eixo da moral familiar do ocidente, segundo o entendimento de alguns. Os seres humanos não descendem do macaco. Darwin nunca disse isso. Esses entendimentos tortos muitas vezes vem de desenhos feitos, não baseados na realidade, como do macaco que vai 'crescendo' até transformar-se num homem, do desenhista alemão Johann Brandstetter. Desenho este, que o próprio Darwin nunca viu. O naturalista afirmou que miríades de espécies de seres vivos na terra são resultados de repetidas ramificações de uma ancestralidade comum. Aquilo que viriamos a conhecer com o nome de evolução. Termo este que sequer é encontrado no livro. E o mecanismo pelo qual isso funciona é o que o teólogo(e naturalista por Hobby) Charles Darwin chamou de seleção natural.

Uma das confusões muito frequentes que se faz com a seleção natural e a origem das espécies é sobre ser uma teoria. Na linguagem comum seria "algo que não pode ser provado". E não é assim. Teoria, pelo Discurso do Método de René Descartes, é estabelecido como algo que se sobrepõe às leis. Teoria é algo que suplanta o senso comum. Não é "algo não provado", como se supõe. Esse entendimento ajudou a quebrar vários falsos entendimentos no desenrolar das descobertas do naturalista. Não só da Teoria da Evolução, mas também da Teoria da Relatividade de Einstein. Ambas até hoje pouco entendidas. E há de se acrescentar que houve outra Relatividade. A de Galileu Galilei, que não era muito generalizada, mas rústica devido aos séculos em que foi desenvolvida. Mas o método científico ainda não era do conhecimento de muitos fora do mundo acadêmico.

Muitos que não são cientistas, concordam na prática com eles, ao assistirem TV, ao tomarem antibióticos ou usando um calendário que foi criado com base na medição da órbita da terra. Então por que cismam com várias Teorias que já as sustentam na prática. Essa inimizade entre Deus e a ciência sempre existiu? Essa e outras respostas aparecerão no decorrer do texto.

Desde meados do século XVIII começaram a aparecer vários questionamentos entre os naturalistas. Coisas como por que mamíferos machos possuem mamilos? Ou por que certos besouros que são incapazes de voar possuem asas que nunca se abrem? Neste contexto, além do naturalista sueco Carl Von Linneu, surgiu o francês Jean Batist Lamarck. Este último estabeleceu uma ancestralidade comum entre vários seres vivos, utilizando um mecanismo de uso e desuso. Mas isso não levava em conta o processo evolutivo dos vegetais, além de possuir brechas de falhas em suas hipóteses. Havia também o livro de Zoonomia de Erasmus Darwin, avô de Charles Darwin. Este não passava de uma junção de ideias especulativas, chamadas na época de transmutação. Estava claro que peças ainda faltariam neste quebra cabeça.

No século XIX já havia muitos naturalistas com estudos nessa área, contra ou a favor da transmutação. Havia o paleontólogo inglês Richard Owen, o maior especialista em macacos no início do século XIX. A ele devemos o nome dinossauros. Mas este era contra a transmutação. A descoberta de símios antropomorfos nessa época gerava um medo iconoclasta das consequências da aproximação entre tais animais e o ser humano.

Mas houve outros anteriores, ainda do final do século XVIII. Como Lamarck ou o reverendo Thomas Malthus, que fez tratados sobre a matemática da população humana(e ajudaria muito na descoberta da seleção natural) ou do geólogo Charles Lyell, autor de Principios de Geologia. Ou mesmo do teólogo naturalista William Paley, que foi responsável pela divulgação do que 200 anos depois ficaria conhecido como design inteligent. E esse medo do naturalista das descobertas da transmutação nem se deve ao fato de ser teólogo pois, além de Paley, o próprio Charles Darwin também era teólogo. Aliás, esta era sua única formação acadêmica. Paley desenvolveu a ideia de Deus como sendo "o grande relojoeiro". E este teria criado cada coisa minuciosamente. E não através de um processo transmutacional. E é por causa disso que ateus militantes fanáticos como Richard Dawkins escreveram livros como O relojoeiro cego, para confrontar os escritos do naturalista inglês do século XVIII. É uma guerra insana, que será tratada calmamente neste texto.

Tratando agora da geologia, como tema base originário para a seleção natural, convém demonstrar de onde saíram muitas das ideias de Darwin. No final do século XVIII, um filho de ferreiro inglês chamado William Smith seria o precursor do que viria a ser o primeiro mapa geologico do mundo. Como construtor de canais pôde descobrir que as rochas estavam arrumadas em camadas. E mais que isso, que os fósseis encontrados em uma camada eram muito diferentes dos fósseis das outras. Este mapa foi publicado em 1815, onde ainda não foi aceito na época. Havia ainda muita resistência. Enfrentando vários problemas familiares e resistências sociais, Smith ficou vagando pelo norte da Inglaterra até ser reconhecido em 1831 pela Sociedade Geológica de Londres e receber uma pensão vitalícia do rei Guilherme IV.

Essa descoberta foi possível devido a um fato peculiar. As ilhas britanicas, de forma única no mundo, conseguem exigir rochas de quase todas as épocas geologicas individuais. Desde a pré-Cambriana e a Cambriana(de 1 bilhão a 570 milhões de anos atrás) até o pleistoceno(cerca de 1,6 milhões de anos atrás). Por isso, talvez, a geologia ter nascido no Reino Unido.

Mas foram os ingleses seus únicos desbravadores? Claro que não! Houve pessoas até de outras áreas que colaboraram com isso. Quando, na virada do século XX, o geofísico e meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener foi taxado de aventureiro e irresponsável, ninguém ainda havia experimentado a sensação de que vivemos em balsas vulcânicas e que a terra não é fixa, mas que são placas de terra que se movem. Isso também veio a acrescentar às descobertas geologicas. Muitos não sabem, mas o continente da América do Norte pode ser mais nômade que a maioria dos seus habitantes.

Em se tratando da comprovação da Teoria, como cobram muitos, isso passa pela Teoria moderna da Evolução. E essa linha passa pela genética. Charles Darwin não tinha conhecimento de genética na época de suas anotações. Pudera, as descobertas de Gregor Mendel ele nem levou em conta. O que importava as descobertas botânicas de um monge austríaco perto do maior naturalista britânico? Então ele desconhecia certos detalhes que só foram elucidados após a sua morte. Mas, com a descoberta do raio X do DNA por Francis Crick e James Watson, em 1952, mudaria e muito o cenário. Muitos detalhes genéticos a partir de Mendel foram aproveitados por cientistas como Theodosius Dobzhansky, Ernst Mayr, George Gaylord Simpson e George Ledyard Stebbins. Estes foram os principais pais da chamada Teoria Sintética da Evolução. Esta tirava como base a mutação gênica, recombinação gênica e a seleção natural. As duas primeiras desconhecidas por Darwin. Dentro desses dois estão princípios e leis como o Princípio de Hardy-Weinberg, que tem como fórmula a equação P² + 2PQ + Q² = 1. Este principio trata da genética das populações, sendo P e Q ambos os gametas feminino e masculino, usados como base para a seleção natural. Este principio também é usado para monitorar reprodução de bactérias.

E dentro da Teoria sintética são reconhecidos três tipos de seleção natural: Estabilizadora(favorece fenótipos intermediários), direcional(favorece fenótipos extremos) e disruptiva(favorece os extremos e diminui os intermediários). E além disso existem as adaptações, que não se confunde com a evolução. Um caso de adaptação é quando pessoas vão viver em altitudes elevadas e tem sua configuração sanguínea mudada por isso. Mas a evolução muda os genes. Assim como ocorrem com as bactérias, que muitas mudam as espécies. Para ver essa mudança de espécie numa espécie maior, é preciso haver um período longo de tempo. Pois mudança de espécie é algo que demanda esforço. Quanto maior a espécie, pior. Ainda assim, um gorila chamado Ambam ganhou um comportamento peculiar entre os gorilas: Passou a andar como bípede, totalmente. E foi uma condição transmitida por três gerações. Isso foi um refinamento da seleção natural.

Mas seria o darwinismo realmente uma Teoria anti Deus? Se sim, ou não, quando foi que essa história surgiu? Antes de mais nada é interessante lembrar que o livro A Origem das Espécies começa e termina enaltecendo a Deus. Naquela época de 1859 ainda não havia o "Darwin agnóstico" que viria depois. Ateu então, nunca foi. Confusões como as discussões entre o bispo Wilberforce, de Oxford, e o naturalista Thomas Huxley(chamado buldogue de Darwin e criador do agnosticismo como linha metafísica) só fizeram parte do início das publicações de Darwin. No final do século XIX, tanto no Reino Unido, como nos EUA, não havia dúvidas sobre a veracidade da seleção natural.

A guerra entre o darwinismo e o cristianismo começou somente nos anos 20 do século XX, ou seja, cerca de 60 anos depois da publicação da primeira obra de Darwin. E iniciou no mesmo lugar em que esta batalha está até hoje, no cinturão bíblico norte americano. Ali, advogados e políticos como William Jennings Bryan, processaram o professor de Biologia John Scopes por ensinar evolucionismo em escolas de Dayton, no estado do Tenneesse(EUA), em 1925. Isso ficou conhecido como O Julgamento do Macaco. Bryan fazia parte de uma onda religiosa de direita recém nascida nessa parte dos EUA. Mas poucos sabem que ele era comunista. É isso mesmo! Bryan era um militante de direita socialista. Ele tinha medo do chamado Darwinismo Social. Achava que essa corrente iria acabar com a moral cristã no país. O professor Scopes perdeu o processo, teve que pagar uma multa de cem dólares, e foi proibido de ensinar evolução das espécies. O advogado de defesa de Scopes, Clarence Darrow, advertiu as consequências graves que aquela derrota causaria para a ciência do país. Isso além do fato do estado ser um dos poucos a ter uma lei dessa proibição no país. Esse processo atrasou a ciência nos EUA até os anos 60, quando o país revogou essa insanidade, por causa do atraso que esse atraso científico causava na corrida espacial. A famosa guerra nas estrelas, em disputa com a antiga URSS.

Com todos os erros de William Bryan, uma coisa ele não era. Tolo, ao ponto de imaginar que os seis dias da criação do genesis fossem literais. Ele não acreditava na ilusão do bispo irlandês James Ussher do século XVII, de que a terra teria um pouco mais de seis mil anos. Ninguém acreditava nisso no início do século XX, fossem criacionistas ou evolucionistas. Bryan cria naquilo que chamamos de criacionismo da terra antiga.

Essa ideia, hoje muito divulgada, de terra recente, só seria ressuscitada nos anos 60. Um livro chamado O Dilúvio do Genesis, escrito em 1961 pelo engenheiro hidráulico Henry Morris e o pregador John Whitcomb, da Igreja dos Irmãos, tratava que a bíblia deveria ser totalmente entendida de forma literal. Em dois mil anos de cristianismo era a primeira vez que a igreja cometia essa estupidez. Ali nasceram ideais como o Museu da Criação, em Petersburh, Kentuck(EUA). Um histórico apologético, ao estilo das covardias de Tomas de Aquino, que colocava na ciência um uso de comprovar a bíblia. Fato nunca antes visto na história da cristandade. Fato que faria o próprio Agostinho de Hipona, assim como o apóstolo Paulo, se revirar no túmulo.

No ano de 2005 houve mais uma das batalhas contra o ensino de Evolução das Espécies nas escolas norte americanas. Desde o 'Julgamento do Macaco' em 1925 que tentam retirar a Evolução do ensino das escolas, tendo tal ensino retornado após a década de 60. O ensino da evolução nunca foi incompatível com a fé cristã. E recentemente veio com um disfarce de DESIGN INTELIGENT. Isto nasceu no livro 'Of pandas and people', publicado em 1989. Veio como um criacionismo disfarçado de evolucionismo.

Atualmente, por causa do BILL OF RIGHTS(primeira emenda da Constituição dos EUA), que remete a separação entre Igreja e Estado, ficou praticamente impossível de retirar o ensino da evolução das escolas. O "Bill of Rights" diz que "O Congresso dos EUA não criará leis em relação ao estabelecimento da religião ou proibindo o livre exercício dela, ou cerceando a liberdade de opinião ou da imprensa;ou o direito das pessoas se reunirem de forma pacífica e de requererem ao governo a reparação de injustiças." Baseado nessa emenda, os criacionistas colocaram a proposta de ensinar ambas as coisas, criacionismo e evolucionismo, já que não poderiam mais proibir este último. O problema é que justamente nessa emenda que o Excelentíssimo juiz John Edward Jones, da Pensilvânia, se baseou para tornar o ensino criacionista inconstitucional em 2005, no chamado 'julgamento de Dover'. A emenda garante separação, e também que o estado não mais ensinará religião. Então, se fosse comprovado do design inteligente ser religião,estaria fora. E foi o que aconteceu. O interessante é que esse juiz é republicano, luterano, presidia o controle de bebidas alcoólicas do estado da Pensilvânia(EUA). Inclusive, ele proibiu a cerveja Bad Frog, devido a propaganda de um sapo fazendo gesto obsceno. E em 2014 também invalidou uma proibição de casamento gay no estado, permitindo aos gays de se casarem, por considerar que a proibição invalidava a décima quarta emenda constitucional. Apesar de republicano, protestante, de linha liberal econômica, ele tomava decisões de ambos os lados.

Em 2008, o Juiz John Jones recebeu o prêmio de Liberdade Religiosa da Associação Humanista Americana, devido a alguns processos julgados. Os recentes movimentos de 'escola sem partido' não visam somente criar uma 'muralha anti-comunista', mas criar uma espécie de estado com leis cristãs. Isso não só é imbecil, como é sem futuro. A moral da História é que a Deus nunca agradou essa história de tentar usar a moral judaico-cristã para moldar as leis e princípios desse mundo. Quem fizer tal estupidez, que responda e colha por isso. Evolução e criação são ideias complementares, não excludentes.

O livro A Origem das Espécies nunca foi um tratado ateísta, como muito se divulga. Essa obra inicia e termina louvando a Deus. Perto do fim da vida Darwin declarou:Para mim, parece absurdo duvidar que o homem possa ser um cristão fervoroso e um evolucionista. Este um lado de sua vida que poucos conhecem. Darwin faleceu como agnostico, não ateu.

"Não vejo razão alguma para que as opiniões desenvolvidas neste volume firam o sentimento religioso de quem quer que seja. Basta, além disso, para mostrar quanto estas espécies de impressões são passageiras, lembrar que a maior descoberta que o homem tem feito, a lei da atração universal, foi também atacada por Leibnitz, 'como subversiva da religião natural, e, nestas condições, da religião revelada'. Um eclesiástico célebre escrevia-me um dia, 'que tinha acabado por compreender que acreditar na criação de algumas formas capazes de se desenvolver por si mesmas noutras formas necessárias, é ter uma concepção bem mais elevada de Deus, do que acreditar que houvesse necessidade de novos atos de criação para preencher as lacunas causadas pela ação das leis estabelecidas'."

Charles Darwin, A Origem das Espécies

Referências Bibliográficas

1. DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Coleção grandes obras do pensamento universal. Tradução: André Campos Mesquita. Editora Lafonte. São Paulo, 2017.
2. DARWIN, Charles. A Origem do Homem e a seleção sexual. Grandes Obras da Cultura Universal. Tradução:Eugênio Amado. Editora Itatiaia. Belo Horizonte, 2004.
3. DARWIN, Charles. Viagem de um naturalista ao redor do mundo. Tradução: J. Carvalho. Editora Abril Cultural. São Paulo, 1978.
4.Scientific American HISTÒRIA. Volume VII. O Homem em busca das Origens. Editora Duetto. São Paulo,2005.
5. WONG,Kate. Evolução:Humano misterioso. Revista Scientific American Brasil. Ano 14. Nº 167. Editora Segmento. Abril, 2016. São Paulo.

A Trilha de um herói na região do Prata

Heróis! Como o cedro augusto
Campeia rijo e vetusto
Dos séculos ao perpassar,
Vós sois os cedros da História,
A cuja sombra de glória
Vai-se o Brasil abrigar.
(Castro Alves)

Quem foi este herói que os versos do poeta baiano foram usados para enaltecer? Era o marechal Manuel Luis Osório, herói da Guerra do Paraguai ao lado de personagens como Duque de Caxias. Mas quem era o marechal Osório? Aquele que ficou conhecido como Marquês de Herval? Quem foi este herói que em 2019 fez 140 anos de morto?

De origem gaúcha, Osório nasceu no dia 10 de maio de 1808, no município de Conceição do Arroio, atual município de Osório, na estância de seus avós maternos, no estado do Rio Grande do Sul, antiga capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Filho de Ana Joaquina Luisa Osório e Manuel Luis da Silva Borges, sendo este um simples furriel do exército(posto que equivaleria a um sargento do exército). Seu sobrenome estar atrelado ao lado materno se deriva, assim como de seus irmãos, de que a riqueza e o nome da família estarem ligados na parte materna. Participou de várias batalhas, como batalha do Prata, Guerra do Paraguai, Revolução Farroupilha e batalha da Cisplatina. Aos 14 anos já conhecia natação, a equitação e a dança. Montava qualquer animal bravio, fosse encilhado ou em pelo. Por diversão, tirava-lhe o freio depois de montado, fazendo-o disparar vertiginosamente. Presta muita atenção às narrativas de guerras que seu pai lhe faz.

Feito soldado da legião de São Paulo, onde não tarda a conhecer os riscos da guerra. Um mês depois era selecionado para as tropas que sitiam Montevideo(não esquecendo que esse país chamado Uruguai ainda não existia, mas era a chamada Província Cisplatina, de posse do Brasil). Ali tem contato com a artilharia inimiga, o que seria seu batismo de fogo.

Em 1824, um ano e meio após seu voluntariado, era nomeado cadete e depois alferes, servindo na primeira linha do exército, sob as ordens do coronel José Tomás da Silva. Assim que foi promovido a alferes pôde se transferir para a corte do Rio de Janeiro, capital imperial. Tendo oportunidade de estudar, coisas que os trabalhos da estância gaúcha e o exército não lho permitiam.

Em 12 de outubro de 1827 é promovido a 1° tenente, para o 5° regimento de cavalaria. Tem 19 anos, dos quais 4 foram com vários encontros e duas batalhas.

É chegado o ano de 1834, onde Osório, ainda tenente, assume a revolução ao lado de Bento Gonçalves. Isso se deve, também, a covardia de seu comandante de linha, capitão Mazzarredo. Abraça a causa Farroupilha, tanto que o novo governador colocado pelos rebeldes, Araújo Ribeiro, se dirija também a Osório. Mas o novo governador era um tolo irreconciliável. As batalhas recomeçam.

Quando descobre que seu filho tomou parte na revolução, e que boa parte dela quer a república, seu pai diz que lutará contra ele. Os dias eram tensos. Muitos revoltosos queriam somente suas pautas atendidas. Não queriam o fim do império. Nesse ponto, Osório não era diferente. Disse que estaria ao lado do pai. Batalhas, golpes e contra golpes se arrastam até 1845, onde em 25 de fevereiro é assinado a paz do Poncho Verde. Paz esta que teria traições aos farrapos mais tarde. Mas Osório foi delegado de paz,ao lado de Luis Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias.

Em 1852, após a rendição de Oribe no Uruguai, trata-se o Brasil de se por frente ao ditador Manuel Rosas, na Argentina. Osório, nesta época já um tenente-Coronel, se pôs em direção da Batalha de Monte Caseros. O regimento de Osório se coloca na divisão brasileira, comandada por Marques de Sousa. Com um efetivo de 28.000 homens, sob o comando de Urquiza, tendo como chefes principais o general brasileiro Marques de Sousa, os argentinos La Madrid e o Bartolomeu Mitre e o Coronel uruguaio César Dias, este a frente de 2000 homens. Depois este exército entra em Buenos Aires e Urquiza se instala no poder. Mas sempre a região do Prata foi essa tensão. Osorio foi designado para São Borja e esperaria até o maior conflito da América do Sul: A Guerra do Paraguai!

No início da guerra do Paraguai o Brasil praticamente não tinha exército. Havia a Guarda Nacional, mais dedicada ao policiamento interno. Os homens recrutados para as batalhas vinham dos empregados das fazendas, assim como alguns poucos da Guarda Nacional. O exército brasileiro formou-se na e para a Guerra do Paraguai. A sua maioria era composta, na realidade, de escravos. Os senhores então começaram a sentir sua mão de obra ir embora, daí pararam de mandar escravos. Faltou soldados. Foi aí que surgiram os Voluntários da Pátria,uma ideia falsa que apareceu com intuito de catar homens roceiros pelo mato, para lutar na guerra. Este quadro não se sustentou por muito tempo, pois os homens que chegavam eram fracos e doentes. Muitos morreram mais de doenças, que de guerra. Na retirada da Laguna, de acordo com o Visconde de Taunay, morreram muitos de cólera. Muitos oficiais, entre os quais Osório e o próprio Caxias, eram contra essas práticas. Mas o combate do Paraguai e a guerra particular contra Francisco Solano Lopez tinha outro destino. E este estava nas mãos nobres estúpidos como Gastão D’Orleaes, o Conde D’Eu. Este último que caberia ao selar do fim do Paraguai.

Osório tomou parte nas principais batalhas da região do rio Prata, que envolvia o sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Como sempre, havia casos de roubos de gado na fronteira gaúcha, tendo resultado nisso a revolução farroupilha, do qual Osório foi um excelente mediador, ao lado do então general Luis Alves de Lima e Silva, mais tarde conhecido como Duque de Caxias.

O velho general viria a morrer 10 anos antes do fim do império. Não veria o fim daquilo que ele e o pai dele lutaram para manter. Mas não tinha jeito. As guerras que eles participaram semearam isso.

Assim, no dia 4 de Outubro de 1879, vinha a falecer aquele que tinha sido um dos maiores heróis das batalhas do sul do Brasil. Uma torrente humana corre para a antiga casa da Rua do Riachuelo n°117 para se despedir do velho guerreiro. Sua estátua foi inaugurada em 12 de novembro de 1894, por Floriano Peixoto e em redor dela estavam os representantes dos povos do Prata. O Uruguai mandava gravar em bronze estas palavras - Campeão da Liberdade Sul Americana. Ainda existe o quadro de Pedro Américo: A Batalha do Avaí , que faz sua glorificação de guerreiro. Francisco Braga põe em música um hino que Leôncio Correia compusera e numerosos poetas vibram suas liras:

Caiu na arena o arcanjo da batalha
Mas não prericlitou sua memória
Envolvida nas dobras da mortalha
--- Que amortalhou seu corpo ungido em glória!

Três vezes zombara da metralha
Os laureis conquistando da vitória
Que esta pátria não tem lenda que valha
Uma página só da sua história!...

E é por isso que o povo brasileiro,
No próprio coração tem majestoso
Altar de culto pelo seu guerreiro.

O marechal gaúcho, temerário
--- O grande vulto do herói glorioso
Apelidado ---- Osório ---- o legendário!

Referências Bibliográficas

1) CHIAVENATO, Júlio José. A Guerra do Paraguai.Coleção: O cotidiano da História.Editora Atica. São Paulo, 1994.

2)MAGALHÃES, João Baptista. OSÓRIO:Sintese de seu perfil histórico.Biblioteca do Exército Editora.Rio de Janeiro, 1978.

Batalha do Avaí, General Osório. Quadro de Pedro Américo