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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

A Sereníssima República de Veneza: Dezesseis séculos da rainha do Adriático

Quem nunca ouviu falar dos canais de Veneza? A sereníssima república italiana que já foi sede da maior frota naval do mundo, em fins da idade média e início da idade moderna? Neste ano, que se completam dezesseis séculos de sua fundação(de acordo com a tradição cristã), além de 450 anos da famosa Batalha de Lepanto, este texto vem tratar de sua história, assim como seus dias de glória.

Até a fundação da República da Itália, no final do século XIX, Veneza era uma república independente que foi o nascedouro das maiores riquezas do ocidente. Fazendo alianças com muitos no decorrer da História, desde ligas católicas até sultões turcos, Veneza era prática em suas políticas e alianças. Tanto que participou da Quarta Cruzada, invadindo Constantinopla e deixando mais frágil o cristianismo ocidental e oriental, em relação ao mundo islâmico. Não havia limites para suas políticas de alianças. Seus personagens compatriotas foram heróis ou polêmicos. Desde o viajante Marco Polo do século XIII, até o galanteador Giacomo Casanova, no século XVIII. Veneza desde muito tempo já era a rainha do mediterrâneo e do Adriático.

Veneza desenvolveu-se ao longo do Grande Canal. De um lado a outro, era antes uma lacuna de quase 60 mil hectares, com 90% recoberto por água. Ali, habitantes de Pádua e Áquila se refugiaram dos ataques de godos e lombardos nos séculos V e VI, quando, pela tradição histórica e religiosa, foi fundada.

Veneza foi, tradicionalmente, fundada em 25 de março do ano 421, quando teria sido colocada a primeira pedra de fundação da igreja de San Giacomo di Rialto, na principal ilha da cidade. Isso é objeto de controvérsia histórica até hoje. Em pleno século XVIII, Veneza possuía cerca de 118 ilhas, 170 canais e é interligada por mais de 400 pontes.

Numa época de invasões bárbaras, a cidade marítima parecia um refúgio certeiro. Por volta do século XVIII já contava com 70 igrejas. Isto numa época pós reforma Protestante e pós Concílio de Trento, que tentou frear o culto de relíquias, onde se sabia que o corpo de São Marcos teria sido trazido do Egito até Veneza no século IX.

Durante a idade média, a Veneza católica fez comércio com quem pôde: Judeus, árabes, turcos, chineses e mongóis. Tudo em nome do capital. O viajante Marco Polo, e seus parentes, tiveram o empreendedorismo de viajar à China no século XIII. Mas eles foram os primeiros europeus a pisarem na China? Não. Desde pequenos aprendemos que o primeiro europeu a pisar na China foi Marco Polo, mas não foi. O primeiro europeu a pisar na China foi o mercador judeu italiano chamado Jacob D'Ancona. Ele esteve na China ainda sob a dinastia Song, vindo a mesma cair sob o ataque dos mongóis. Escreveu o livro chamado Cidade da Luz, de relatos do oriente bem mais precisos que o veneziano Marco Polo.

Durante a baixa idade média, Veneza alianças e quebra de alianças com muitos, ao sabor de seu comércio. Teve mercadores como Romano Mariano, que desenvolveu atos lucrativos, e tensos, com o império bizantino. Participou da coroação de deposição de vários imperadores de Bizâncio, tomou parte do saque de Constantinopla em 1204, e também de Zara na região dálmata. Como o imperador foi deposto, e o que assumiu não queria negócios com o ocidente, então o pacto com Bizâncio foi quebrado. Veneza socorreu os turcos sobrevivente da batalha perdida contra os mongóis de Tamerlão e, principalmente, compôs a maior parte da frota da Batalha de Lepanto(1571), com a chamada Santa Liga, que se formou para vencer os turcos, após longas ameaças piratas turcas no mediterrâneo. Ou seja, Veneza podia ser comercial, ou guerreira, quando queria.

Os primeiros doges de Veneza eram colocados pelo império bizantino. Depois o cargo passou a ser eletivo. No início do século XVI, Veneza possuía um arsenal naval de fazer inveja, só superado por Portugal. Mas o esquema de montagem era o que chamava a atenção. Empregava cerca de 5 mil trabalhadores e 150 embarcações. Os mastros e demais partes eram numerados, para facilitar a montagem rápida, no caso de um ataque à República.

Veneza teve várias peculiaridades em meio a península italiana. O Carnaval de Veneza, por exemplo, é bem mais extenso e longo que o Carnaval que temos hoje, que é fruto da Roma pagã, anterior às conversões Cristãs. O Carnaval veneziano teve origem no século XI, no governo do doge Vitale Falier(1084-1096). Nos séculos seguintes teria personagens nada ortodoxos(mas paradoxalmente bem conservadores) como Giacomo Casanova(1725-1798), conhecido graças a sua obra Memórias em 12 volumes, como um dos mais libertinos da História.

No século XVIII e, com o advento de Napoleão Bonaparte, Veneza só era uma sombra do que havia sido. Passou a ser objeto de disputas entre os franceses e o Império austríaco. Houve tentativas de incorporação da República por parte de potências franco-austríacas, isso até o Tratado de Veneza em 1866, quando a República foi incorporada à recém unificada nação italiana.

Veneza se manteve independente enquanto pôde. Até ver que seria muito melhor estar incorporada a uma nação recém formada. Sendo assim, a glória da antiga rainha do Adriático seria incorporada às glórias unificadoras de Giuseppe Garibaldi…

Leão de São Marcos, em Veneza

Referências Bibliográficas

1. HOQUET, Jean-Claude. A serenísssima república de Veneza:Mil anos de prosperidade e esplendor. Ensaio: A República onde os mercadores eram heróis, São Paulo. Ano I, nº9. Julho de 2004.
2. História de Veneza, a Sereníssima: https://www.youtube.com/watch?v=Ap4xPhSggcU&t=6322s

terça-feira, 30 de novembro de 2021

A FERRO E SANGUE ÀS MARGENS DO RENO

Quando estudamos sobre povos germânicos, nem fazemos ideia da dimensão que envolve este nome. Este ano se recorda os 150 anos de fundação da nação alemã. Quando nasceu esse país que hoje chamamos de Alemanha? Esse país, com esse nome, sempre existiu? É óbvio que não.

Em história, nem tudo é o que parece. O que existia no passado, desde tempos remotos, eram povos germânicos, que em sua maioria vieram da região de Gotland. Esta seria a região que se estende desde Malmo, ao sul, até aos lagos setentrionais Vener e Veter. O Veter delimita a separação entre Ostergotland(gotland do leste) e Vastergotland(gotland do oeste). Daí os nomes de alguns povos germânicos Ostrogodos(godos do leste) e Visigodos(godos do oeste). Praticamente todas as fontes primárias que temos, a nível de documentação, sobre os povos germânicos, vieram de gregos ou romanos. O termo bárbaro, por exemplo, veio do modo como os gregos chamavam esses povos. Como falavam um idioma não conhecido por eles, assim os greco-latinos os apelidavam.

Entre os grupos germânicos que dividiram a Europa entre si, se destacam os Alamanos, ou Allemanni, como diriam os antigos romanos. E também os francos. Desses dois povos, principalmente, que surgiria a futura nação alemã, além de pequenas contribuições de saxões, bávaros, suevos e teutões. O significado do nome, que aparece em sua forma latina Alamanni, e mais tarde também Alemanni em 289 d.C., é, de acordo com a visão germanista predominante, uma combinação do germânico ala- "todos" e manōn- "homem, homem". No entanto, o significado original desta composição é controverso. Muito provavelmente é a nomeação de "em aventuras bélicas uma nova tribo", que "se autodenominava Alemanni (ou era chamada assim) porque quebrou as antigas conexões tribais e estava aberta a todos que quisessem participar". Esta interpretação é apoiada pela interpretação do historiador romano Asinius Quadratus , que explica o nome como "pessoas que se juntaram e se misturaram". O surgimento dos Alemanni pode ser visto como um crescimento conjunto de seguidores, grupos familiares e pessoas individuais de diferentes origens. Outra interpretação do nome diz que "todas as pessoas", no sentido de "pessoas inteiras", "pessoas plenas", significava que a designação servia para representar todos os povos germânicos.

A história alemã, em princípio, se mistura não só com os franceses, mas com os austríacos. O termo "Suábia"(que remonta aos Suevos, mencionados nas primeiras fontes romanas) desenvolveu-se como sinônimo de "Alemanni" ou "Alemannien", no final da Idade antiga, e os substituiu no decorrer da Idade Média. O termo suábios seria, no decorrer da idade média, usado para designar os austríacos.

A queda do império romano foi causada por uma série de fatores(entre os quais o gigantismo do império) que apareceram a partir do século III. Crises de generais militares das legiões no poder. Após a morte do imperador Alexandre Severo, em 235 d.C., generais se alternavam no poder. Mas a disputa era letal: Em 50 anos houve 43 imperadores, donde 37 pereceram de morte violenta. Enquanto isso, na Bretanha, as legiões seriam retiradas por mais um general que queria se tornar imperador. Quando o dito cujo deu com os burros n'água, os bretões se cansaram e abriram mão de Roma, se tornando independentes. Parecia ousadia demais dos bretões. E era mesmo. Logo a maré germânica iria devorar a Ilha também. Até o final do século V, toda a Europa estaria dividida entre os vários povos bárbaros que invadiram o império. A maioria germânica, vinda do norte da Europa.

A partir do final do século V a Europa já não era mais romana. Vários grupos repartiram o continente entre si, mas dois grupos, em particular, seriam a base dos alemães, além dos suábios: Os Allemanni e os Francos. Destes dois nasceriam a Alemanha e a França do futuro.

Nem sempre a repartição dos países europeus que conhecemos hoje foi assim. Quando o reino franco do rei Clóvis se sobrepôs ao reino Visigodo da Península Ibérica, durante o século VI, a França de hoje ainda não existia. O reino franco se dividia em Nêustria, Austrásia, Suábia(mãe da Áustria atual), Borgonha(anterior terra dos burgúndios, que se tornaram vassalos dos francos), Provença e Turíngia(mais tarde foi incorporado ao território alemão). Os Alamanos se fixaram na Suábia, o que faz de alemães e austríacos, conterrâneos. Mas também estes eram vassalos dos francos. Na verdade, depois que os francos, durante o O reinado de Clóvis, superaram os Visigodos, praticamente todos os povos germânicos seriam seus vassalos.

Foi preciso esperar toda a dinastia Merovíngia passar para os francos serem, finalmente, o maior reino da alta idade média. No século VIII subia ao trono franco um nome que iria virar lenda: Carlos Magno! Um gigante para sua época, tanto em altura, como em ousadia. Analfabeto até os 32 anos, porém desenvolveu o maior renascimento cultural de toda a idade média, só perdendo para o que ocorreu do século XIV em diante, a partir das repúblicas italianas. Seu reinado, que cobriria as atuais regiões da França, Alemanha, Países Baixos, Hungria, Itália, Áustria e parte da Espanha. Foi o pai da Europa, sem dúvida. Mas aqui trataremos dele como pai da futura nação germânica. Sua própria capital imperial, conhecida na época como Aix-la-Chapelle, em território belga, hoje a cidade de Aachen, se localiza na atual Alemanha. Porém a Alemanha que conhecemos ainda não existia. Como território definido estava perto de brotar. Mas como nação ainda levaria cerca de onze séculos.

Na morte de Carlos Magno, no ano 814, e ascensão de seu filho Luís(chamado o piedoso) o império franco se enfraquece. Os três filhos de Luís repartiram o império após a sua morte. Lotário, filho mais velho de Luís, se autodeclarou herdeiro, por ser o mais velho, mas seus dois irmãos não aceitaram e dividiram o império em três. Carlos, o calvo; Luís, o germânico e Lotário assinaram o Tratado de Verdun em 843, repartindo o reino entre eles. Lotário I herdou a parte central, Carlos a francia ocidental(que viria a ser a França) e Luís a Frância(ou Francônia) oriental, que viria a ser a futura Alemanha, que na idade média seria o Sacro Império Romano.

Do tratado de Verdun nasceu a Francônia Oriental. Mas esse país, e Reino, só viria a ser plenamente dividido a partir do ano 911, quando sobe ao poder Conrado I da Francônia. Aqui, pela primeira vez, a Francônia Oriental se tornou separada do império Carolíngio como o conhecíamos, para virar o Sacro Império Romano, só deixando de existir em 1806, por causa da expansão imperialista de Napoleão Bonaparte.

Desde a morte de Carlos Magno que o poder real das monarquias medievais vinha caindo. E tudo isso se iniciou com o império franco. Após o Tratado de Verdun, já no ano 877, o rei Carlos, o calvo, baixou a capitular de Quirzy-sur-Oise, que estabelecia o princípio de hereditariedade dos feudos. Isso foi um golpe nas monarquias dos reinos francos. E Carlos talvez só o tenha feito por pressão dos nobres, pois já estava próximo a sua morte. E tal medida atingiu, também, o reino germânico do chamado Sacro Império Romano, que já nasceu transformado.

Extinta a dinastia Carolíngia do reino germânico a partir do ano 911, o chamado Sacro Império Romano nasceu ali. Os duques germânicos da Francônia, Saxônia, Suábia e Baviera fundaram uma monarquia efetiva, onde o imperador seria um dos duques, eleito pelos outros três.

Mas surpresas para o dito imperador ainda viriam. Este tinha o poder de escolher os bispos alemães. Desde Oto I que o imperador investia bispos e abades de terras, pois assim tinha controle sobre os duques que o elegeram. Assim, o clero alemão formava dois terços das terras do império, fornecendo ao imperador tropas e dinheiro suficiente para não depender do controle dos duques. Além disso, poderia escolher até o papa. Porém o papa Nicolau II fundou o colégio dos cardeais no século XI. Este passou a ter o poder de eleger os papas, sendo este o primeiro golpe nos imperadores alemães. O imperador Henrique IV encrencou com isso, na chamada Querela das Investiduras, sobre o poder que teria o imperador de investir bispos e o papa. Isso gerou uma crise entre o imperador e o papa Gregório VII. Esse conflito durou até 1122, com a Concordata de Worms, onde o papa ficaria com a investidura espiritual dos bispos, e o imperador com a investidura secular. A eleição do papa ficaria restrita ao colégio de cardeais.

Com todas essas transformações, o sistema de eleição clerical dos imperadores germânicos chegaria ao fim. Os bispos alemães não seriam mais funcionários do estado, mas sim vassalos do império. Ao mesmo tempo que grandes partes das terras alemãs passaram para o controle da igreja, pois os bispos não as devolveram ao imperador. Sem controle sobre os bispos, os imperadores alemães perderam controle sobre os duques. E assim o chamdado Sacro Império Romano Germânico seguiria fragmentado por toda a idade média.

No século XIII ascendeu, na Europa central, uma dinastia originaria do cantão suíço de Argovia, numa ruína castelar, próximo a um afluente do Reno. Uma dinastia que governaria na Europa Central até a 1ª guerra mundial: Os habsburgos! Aqui iniciou o reinado, no Sacro Império Romano, Rodolfo Habsburgo, que curiosamente nunca foi coroado imperador pelo papa. Eleito pelos príncipes eleitores do Império, fez valer a neutralidade religiosa em relação ao papa, que imperadores anteriores sonharam. Um Império que, segundo Voltaire, não era nem sacro, nem império, nem romano. Ao menos esta seria a impressão que o maior Império europeu passava em pleno século XVIII. Mas na idade média isso não era previsível.

No século XVI o Sacro Império Romano se tornou aquele que, literalmente, o sol nunca se punha, como se dizia na época. Com Espanha e suas colônias,das Antilhas às Filipinas, estendiam o império a longas vistas. Ainda tinha a Alemanha(que ainda não existia com nesse nome, ou país), Áustria, Hungria e Europa Central em geral sob os tentáculos dos Habsburgos, que alcançaram sua glória através de laços de casamentos.

Nesta época houve um detalhe que golpeou a glória dos habsburgos no coração: A Reforma Protestante! O imperador Carlos V tentou deter seu ímpeto, mas o protesto dos Príncipes convertidos, principalmente Maurício da Saxônia, que cercou o castelo do imperador, fazendo o mesmo fugir no meio da noite, não permitiu que os objetivos de um imperador católico fossem alcançados. E ainda havia os turcos. Uma maré otomana começou a invadir a Europa, inclusive sitiando Viena, coração do império. O protestantismo era a menor das preocupações do imperador, que morreu na metade do século XVI sem conseguir a tão sonhada unidade religiosa, que naquela época era união política. É bom lembrar que na idade moderna não havia essa noção de estado laico como hoje conhecemos. Acomodações eram possíveis, mas tolerância religiosa era pedir demais ao povo daquela época.

O golpe fatal na aparente unidade do Sacro Império foi a Guerra dos Trinta Anos(1618-1648). Esta guerra terminou com a vitória Protestante e da França católica, onde esta estava dirigida pelo cardeal Richelieu, um católico que não viu nenhum problema em se aliar aos protestantes só para derrubar os habsburgos. O resultado final, com derrota não só para os católicos, como para o Sacro Império, trouxe 20 milhões de mortos que a Europa central e o Sacro Império só conseguiram recuperar cem anos depois. Esfacelou a unidade política e religiosa do imperador, fazendo uma Europa central dividida entre os poderes das casas dos Habsburgos e dos Hohenzollern. Deixou marcas profundas no território alemão, com traumas que se fizeram sentir até a ascensão do Terceiro Reich.

No século XVI a Reforma Protestante daria à nação alemã um grande passo em sua formação. Como fruto da Reforma, nasce o ducado da Prússia. Este seria o primeiro principado protestante da História. Alberto, que foi o 37° grão mestre dos cavaleiros teutônicos, fundou o ducado como um estado luterano, através do Tratado de Cracóvia, em 1525, após a sua conversão. Este principado duraria até meados do século XVII, quando deu origem ao Reino da Prússia, que seria fundamental para a unificação alemã.

O reino da Prússia nasce em Janeiro de 1701, com Frederico III de Hohenzollern, príncipe Eleitor de Brandemburgo, que se tornaria Frederico I da Prussia. Aqui neste reino que surgiria Frederico II da Prussia, filho de Frederico I, que viria a ser uma lenda militar do século XVIII, o herói da Guerra dos Sete Anos(1756-1763). Neste conflito, a Prussia manteria a Silésia para si, frente a agressão dos austríacos, o que fariam o impossível para tomar posse dessa província. O reino da Prussia seria fundamental para a independência e a autonomia do estado alemão. Dali sairia um estadista que iria virar símbolo nacional. Um homem firme, que faria acordos, alianças e traições, entre franceses, prussianos e austríacos: Otto Von Bismarck! Defendia a unificação alemã pela força. Ele, assim como os Junkers, dizia que este processo deveria ser feito a ferro e sangue.

No início do século XIX, Napoleão Bonaparte acabou com o pouco que restava do Sacro Império Romano. Em 6 de agosto de 1806 o imperador da Áustria, Francisco I, renunciou ao trono do Sacro Império Romano Germânico, fundado por Oto I cerca de mil anos antes. Era a última consequência dos tratados de Luneville e de Presburgo, decorrentes um e outro das derrotas dos Habsburgos ante as ofensivas francesas de Napoleão. O Sacro Império, e o mapa da Alemanha, resultado dos tratados de Vestfália, já haviam sido amplamente modificados em seguida ao processo verbal imposto à Dieta germânica pelo Primeiro Cônsul francês, Napoleão Bonaparte, em 25 de fevereiro de 1803.

Entrevendo o desaparecimento iminente do Sacro Império, o imperador Francisco II de Habsburgo reagrupa os Estados hereditários da família Habsburgo-Lorena – os únicos sobre os quais mantinha uma autoridade real. Em 11 de agosto de 1804, se atribui oficialmente o título de Imperador da Áustria e Rei da Boêmia e da Hungria sob o nome de Francisco I.

Tomando consciência da existência real dessa nova conjuntura institucional, o imperador da Áustria Francisco I abole o velho título imperial, herança de Oto I. Sem perdurar também por muito tempo, o novo império da Áustria, essencialmente implantado na bacia do Danúbio, e em torno de Viena, conheceria belos tempos antes de desaparecer um século depois, como consequência do resultado da 1ª Guerra Mundial.

A unificação alemã começou como um fenômeno prussiano. Então nada mais natural que se mencione os conflitos daquele país no final do século XIX. Então o fenômeno alemão é, em primeira instância, prussiano. O reino da Prússia no final do século XIX era uma potência econômica e militar, mas não a altura de Áustria e França. Então, para crescer, precisava tirar esses dois do seu caminho.

Para realizar esse prodígio, ninguém melhor que o premier da Prússia, Otto Von Bismarck. Era um mestre da Realpolitik de Maquiavel. Com arrogância e violência, conseguiu defender a monarquia dos Hohenzollern contra os liberais e nacionalistas que queriam a unificação da nação alemã, para depois defendê-la com mãos de ferro. Em 1862 foi nomeado por Guilherme I da Prússia para os cargos de primeiro ministro e chanceler. Conseguiu acabar com o domínio austríaco sobre os estados do norte alemão, além de conseguir isolar a grande inimiga da Prússia, a França. Nisto resultou a unificação alemã. Em 1890 teve seu afastamento decretado pelo Kaiser Guilherme II, que exigiu a renúncia do grande Chanceler de Ferro.

Bismarck nunca superou ser descartado pelo jovem príncipe. Entre 1871 e 1914, na Europa não ocorreu nenhuma guerra importante. E boa parte disso se deve a Bismarck. Em 1918 o império alemão, erguido por Bismarck, estava em ruínas. Guilherme II foi para o exílio. E assumi a República de Weimar os maiores inimigos de Bismarck: Os socialistas! Por causa dessa mudança, os alemães acabaram se tornando bastante xenófobos, dando origem ao nazismo e ao Terceiro Reich, colocando a Alemanha na 2ª guerra em 1939.

No início do século XX, a Alemanha de Bismarck possuía vários inimigos, entre os quais ingleses e franceses. A conquista da Namíbia, na África, frustrou os planos ingleses de construir uma ferrovia que atravessasse o continente. E, obviamente, esses acordos imperialistas não seriam resolvidos numa mesa de negociação. Seria com explosivos, gases venenosos e tanques: A primeira guerra mundial! Para se ter uma ideia de como os alemães eram incômodos, basta ver a declaração de um jornal inglês do final do século XIX, em relação à Alemanha: "Se a Alemanha fosse extinta amanhã, depois de amanhã não haveria um só inglês no mundo que não fosse rico. Nações lutaram durante anos por uma cidade ou um direito à sucessão. Não deveríamos lutar por um comércio de 250 milhões de libras? A Inglaterra deve compreender que constitui sua mais grata esperança de prosperidade. A Alemanha deve ser destruída."

A 2ª guerra mundial foi continuação da anterior. Seguiram os rancores anteriores, principalmente devido a disputas coloniais, ou territoriais, como Alsácia e Lorena. Acrescido a isso, veio os regimes ditatoriais, anti comunistas, onde o capitalismo não estava plenamente desenvolvido. Países maduros economicamente, como França ou Império Britânico, não seriam seduzidos a isso.

Ao fim da segunda guerra, o Tratado de Potsdam dividiu a Alemanha em quatro zonas de influência: Reino Unido, França, EUA(formando a Alemanha Ocidental) e U.R.S.S.(formando a Alemanha Oriental). Era a época da Guerra Fria, termo cunhado pelo Premier do Reino Unido, Winston Churchill, para designar as tensões do pós-guerra.

A Alemanha iria se reerguer da destruição junto com o resto da Europa. Em 1986 o socialismo soviético dava sinais do fim. E, junto a ele, a separação das Alemanhas. As cidades Saarlouis e Eisenhüttenstadt celebram o primeiro convênio de cidades-irmãs entre as duas Alemanhas. Foram feitos acordos de ecologia internacional. O mundo estava mudando, e a Europa junto a ele. O pacto de Roma, em 1957, tratando de um comércio europeu unificado, estava começando a brotar.

Finalmente, em 9 de novembro, Harald Jäger, comandante da passagem de fronteira, cedeu, permitindo que os guardas abrissem os pontos de controle e deixando as pessoas passarem com pouca ou nenhuma verificação de identidade. Logo depois, uma multidão de berlinenses ocidentais pulou em cima do muro e logo se juntou a jovens da Alemanha Oriental. A noite de 9 de novembro de 1989 é conhecida como a noite em que o Muro caiu.Eu vi na TV ao vivo, na época. Lembro da emoção que foi.

A reunificação da Alemanha aconteceu em 3 de outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática da Alemanha (Alemanha Oriental) foi incorporado à República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental). A primeira-ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher, nunca foi a favor desta reunificação. Sabia que isso produziria uma Alemanha forte. E, de fato, hoje a Alemanha é a âncora da Europa. Com empresas como BMW, Bayer, BioNTech, Faber-Castell e Volkswagen, a nação alemã vai longe. E, recentemente, com as pastas de economia e relações exteriores nas mãos de ecologistas de direita e esquerda, representará a perspectiva futura da humanidade.

Referências Bibliográficas

1. GRIMBERG,Carl. História Universal. Volumes 10 e 12. Publicações Europa América. Revista Semanário. Santiago, Chile. 1989
2.BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. Volume II. Tradução: Lourival Gomes Machado, Lourdes Santos Machado, Leonel Vallandro. 21ª Edição. Editora Globo. Porto Alegre, RS. 1978.
3.LOUTH, Patrick. A Civilização dos Germanos e dos Vikings. Grandes Civilizações Desaparecidas.Otto Pierre editores. Rio de Janeiro, RJ. 1979.
4.BANFIELD, Susan. Grandes Líderes: CARLOS MAGNO. Nova Cultural. 1988.
5.JONATHAN, Rose. Grandes Líderes: BISMARCK. Nova Cultural. 1988.

Bismarck, em 1858

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Supremo Tribunal Federal: Os 130 anos da corte da República

"O Direito acompanha a História. E esta, por sua vez, é um romance que aconteceu."
Milton Duarte Segurado

O Brasil nasceu através do ato de um magistrado. Frei Henrique Soares de Coimbra, que celebrou a primeira missa do Brasil, tinha sido desembargador da Casa de Suplicação de Lisboa, uma espécie de STF português do século XV. Por isso, nada mais justo que homenagearmos esses 130 anos da fundação do nosso Supremo Tribunal Federal, que nasce junto com a República brasileira, mas que tem seu embrião no judiciário português do primeiro frade rezador de missa no Brasil.

A fundação da nossa corte suprema é recente. A ideia nasce com a vinda da corte portuguesa para o Brasil em 1808. Até esta data, as causas se resolviam na Casa de Suplicação de Lisboa, já mencionada anteriormente. Neste ano, nasce a Casa de Suplicação do Brasil. Já que o Brasil seria, dali para frente, por causa das tropas napoleônicas, sede do governo português, então esta mudança também se faria necessária.

Com a constituição de 1824, de um Brasil independente, a nossa Corte de Suplicação se torna o STJ em 1829. Este não seria o nosso STJ atual, mas sim o embrião do que viria a ser o STF. Os juízes desta corte não tinham a mesma autonomia do nosso STF. Não podiam questionar as leis aprovadas pelo parlamento, se eram constitucionais ou não. Este poder não lhes foi dado. Eles seguiam o modelo de juízes legalistas da Revolução Francesa.

Em 28 de fevereiro de 1891 nasce o nosso querido Supremo Tribunal Federal, que passa a funcionar provisoriamente na Rua 1° de Março, número 42, no atual Centro Cultural da Justiça Eleitoral, no Rio de Janeiro. Vindo a partir de 1909 a mudar sua sede para a Avenida Rio Branco, número 241, na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Hoje este local abriga o Centro Cultural da Justiça Federal.

Como o Brasil passou de um estado unitário para uma federação, o STF passou a atuar para resolver os litígios entre os estados. Então o STF passou a funcionar mais nos moldes da Suprema Corte dos EUA, do que nos moldes do Tribunal de Cassação francês. A partir daí, passa a ter poder de contestar atos do governo, ou do parlamento, quando estes estiverem em desacordo com a Constituição.

Em 1892, quando o então presidente Marechal Floriano Peixoto decretou estado de sítio, por causa de uma revolta, o jurista Ruy Barbosa entrou com um pedido de Habeas Corpus no STF, alegando arbitrariedade aos deportados para a Amazônia, e outros que foram presos. Então o presidente falou algo em ameaça à Corte Suprema: "Os ministros do STF podem conceder Habeas Corpus, mas quem concederá Habeas Corpus pela prisão de ministros do STF?" O Habeas Corpus foi negado por 10 votos contra 1. Na tentativa de assassinato do seu sucessor, Prudente de Morais, em 1897, este presidente também decretou estado de sítio, mas daí o STF, encabeçado pelo ministro Lúcio de Mendonça, concedeu Habeas Corpus, soltando vários parlamentares presos, que foram acusados da conspiração. Mas a crise continuou até o mandato de Campos Sales. A lição que ficou a partir daí foi que governos passam, mas o judiciário fica.

Com a transferência da capital para Brasília, é inaugurado o STF na praça dos Três Poderes. Uma obra arquitetônica do fantástico arquiteto Oscar Niemeyer, que desenhou os três prédios, Planalto, Congresso e STF, como num triângulo. Uma geometria perfeita em construção.

Em 1968, já em regime militar, o Habeas Corpus foi suspenso. O STF teve o seu número de juízes aumentado para 16, para contrapor aos juízes de esquerda que o ex-presidente João Goulart havia indicado. Era a velha política, querendo uma corte composta por aliados do governo. Três ministros foram aposentados compulsoriamente: Hermes Lima, Vitor Nunes Leal(este deu nome à biblioteca do STF) e Evandro Lins e Silva, que era o mais novo na corte. Com o AI-6, em fevereiro de 1969, o número de ministros do STF se reduz a 11 novamente. O objetivo foi somente retirar os ministros "esquerdistas" de cena. Percebe-se daí que as tentativas de golpe em cima do STF não pararam na época da primeira república. Eles persistem até hoje, tendo presidentes querendo ajustar a corte às suas ideologias.

Com a abertura política, e a Constituição de 1988, as tensões se abrandaram. Em 2002 se inaugurou a TV Justiça, com apresentação do ministro Marco Aurélio. Mas as mudanças não pararam por aí. Com a condenação, e a alta repercussão, do proprietário da Editora Revisão, Siegfried Ellwanger, de 71 anos, em 2004 pelo STF, as coisas não ficaram bem frente ao público. Daí que tomaram a decisão de que as reuniões em plenário seriam ao vivo. A partir deste o momento que o STF passou a entrar na esfera de debates dos brasileiros.

A partir desse momento, as decisões importantes(algumas polêmicas) começaram a se suceder uma a outra. Em maio de 2008 o STF decide a favor das células-tronco, em relação a lei de biossegurança. Em março de 2009 foi a vez de defender a demarcação da Reserva Florestal Raposa Terra do Sol. Em abril do mesmo ano torna a Lei de Imprensa, do regime militar, inconstitucional. Em maio de 2011 é decidido a favor da união estável homoafetiva, o que gera repercussão nacional. E, finalmente em junho de 2019, é decidido pela criminalização da homofobia, até que o congresso normatize a questão.

Por essa e outras histórias, vamos valorizar a nossa Suprema Corte. Embora dois ou três tenham repertório corrupto, a maioria é honesta. E, sinceramente, se enraivecer porque um ministro vota contra moral e bons costumes, não é para gente sábia. Há os que enlouquecem por várias causas. Eu só luto contra o que me afeta. E a favor de tudo que beneficie ao ser humano.

Eu deixo a frase do ex-ministro Ayres Brito, do STF, ao dar seu voto a favor da união estável homoafetiva em 2011: "Nós aqui concedemos um direito que não retira o direito de ninguém". Parabéns à nossa suprema corte.

domingo, 21 de novembro de 2021

Imunidade de rebanho: isso existe?

Sim, existe. E como se alcança? Com vacinação, o único tratamento preventivo de imunização que se conhece. Não existe outro que se possa tomar, antes de contrair o antigeno que invade o seu corpo. O que nunca existiu é a possibilidade de se alcançar uma imunidade de rebanho em massa, por contaminação com a doença, a fim de que os corpos produzam anticorpos para uma próxima infecção, e assim gere defesa corporal para toda uma população. Isso realmente não existe.

Tratamento precoce, como muitos chamam, também existe. São tratamentos que se tomam no início da doença. São antibióticos(para doenças de bactérias ou infecções virais que atraem bactérias), anti virais(como remdesivir ou paxlovid) para viroses em geral, anti parasitários(como nitazoxanida ou ivermectina) para vermes e outros parasitas e os fungicidas(remédios contra fungos, causadores de micoses). Todos esses tratamentos precoces têm o seu lugar, que é bom não serem trocados. Pois seria igual a certas pessoas que usam certos legumes, como cenouras ou pepinos, para apimentar suas relações sexuais. Cuidado, pois podes estragar suas genitais, ou então a salada de alguém.

Voltando à imunização, um caso que se pode citar como exemplo foi a gripe espanhola, cuja pandemia foi no início do século XX, há mais ou menos 100 anos atrás. Ela terminou do jeito que deveria terminar, para convencer aqueles que essa imunidade não existe: Com a morte! A única maneira que se adquiriu a tal imunidade foi o caixão: Quase 50 milhões de mortos em dois anos!!! Só para comparar, nesses dois anos de covid 19, tivemos pouco mais de 5 milhões de mortes no mundo, até agora. Isso porque a taxa de morte pelo sars cov 2 é baixa, cerca de 0,8%. O sars cov 1, que atacou a China em 2002(mas não saiu dela) era bem maior que isso.

Em regra é o seguinte: Toda pessoa que adquire um vírus, ou já é resistente a ele, ou não é. Se não for, e não for tratada com anti virais adequados, morre! Outras, que passam pela doença, se tratando ou não, e sobrevivem, o corpo(que já era resistente) desenvolve os tais anticorpos. A explicação disso é a seleção natural. Não existem pessoas que "se tornam resistentes". Existem as que são, e as que não são. As que não são, morrem! E foi isso que ocorreu na gripe espanhola. Portanto, para crer nesse "adquirir resistência por contágio", só os que morrerão como gado.

Uma explicação similar é o que ocorre com antibióticos e bactérias. Nenhuma bactéria se torna resistente ao antibiótico. O que acontece é que, quando tomamos muitos antibióticos, eles matam todas as não resistentes. E as resistentes(que sempre foram assim) se multiplicam e ocupam todo o espaço. Nenhuma bacteria sofre metamorfose e se torna resistente. Repito: Isso não existe! A única imunidade de rebanho que a natureza reconhece se chama MORTE!☠

Referências bibliográficas:

1)https://saude.abril.com.br/.../o-que-significa-a-tal-da.../
2)https://youtu.be/_xsDw6R8zgw
3)Revista Scientific American Brasil, São Paulo. Editora Segmento. Ano VII, n° 81. Fevereiro de 2009.
4)Junqueira&Carneiro. Histologia Básica: Texto&Atlas. 12 edição. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2013.

sábado, 23 de outubro de 2021

Dia do Aviador - História da aviação - 80 anos de Força Aérea Brasileira

"Não importa a tocaia da morte
Pois que a pátria, dos céus no altar
Sempre erguemos de ânimo forte
O holocausto da vida, a voar."

Hino do Aviador

Do que fala esta letra, que invoca o hino, sobre o aviador brasileiro? O exército brasileiro pode possuir aviões? Parece que não. Mas pertence ao exército a criação do Hino do Aviador em 1935. Este hino feito pelos oficiais ten. João Nascimento, da banda de música, e pelo então capitão aviador Armando Serra de Menezes. Ambos faziam parte do exército brasileiro.

Com a criação da FAB, há 80 anos atrás, o exército perdeu sua aviação militar. Mas desde 1986 que o exército pode possuir aeronaves de asa rotativa(helicópteros), com a recriação da aviação do exército pelo decreto 93.206/1986. O ano passado o presidente Jair Bolsonaro tentou o decreto 10.386/2020, para autorizar o exército a voltar a possuir aviões, mas voltou atrás, devido à pressão dos comandantes da FAB e da Marinha.

Este ano faz 80 anos da Força Aérea Brasileira. Esta data diz respeito à fundação do ministério da aeronáutica. E muitos não sabem, mas a nossa Força Aérea é mais antiga que a Força Aérea dos EUA, criada em 1947. O Brasil possui tradições de antiguidade que o próprio brasileiro desconhece. A história da aviação brasileira antecede a invenção do avião, no início do século XX. Esta experiência de "guerra nos ares" nasceu com o exército brasileiro durante a Guerra do Paraguai(1865-1870), quando o então Duque de Caxias usou balões vindos dos EUA, para colher informações sobre o terreno paraguaio, visando os combates.

Na década de 30, muitos acontecimentos da FAB também tiveram origem no exército brasileiro. No dia 12 de junho de 1931, os oficiais Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenere-Wanderley deram início ao Correio Aéreo Militar do Exército, num voo de ponte Rio-São Paulo. Nascia ali o Correio Aéreo Nacional(CAN), como seria chamado a partir de 1941.

Formalmente o ministério da Aeronáutica foi criado em 20 de janeiro de 1941, então chamado de Forças Aéreas Nacionais, depois mudado para Força Aérea Brasileira pelo decreto 3302 de 22 de maio de 1941. E teve o senador Salgado Filho como 1° ministro da Aeronáutica. Com este decreto, foram extintas as forças aéreas da Marinha e do Exército, legando à nascida FAB a herança de 430 aviões de mais de 30 modelos diferentes. Mas a maioria era tudo sucata. Isto fez o Brasil adquirir novas aeronaves dos EUA, mediante acordos de empréstimo e arrendamento, como os primeiros Curtiss P-36 Hawk, chegando ao Brasil em 1942. Finalmente, após a Segunda Guerra, o Brasil adquiriu aviões Gloster Meteor da RAF(Força Aérea Real) do Reino Unido. E estas aeronaves lhe custaram 15.000 toneladas de algodão bruto, já que o Brasil não possuía dinheiro em caixa para tal compra. E fez bem, pois a Força Aérea do Reino Unido é a mais antiga Força Aérea independente do mundo. Dali para frente muitas coisas iriam mudar.

Na década de 60 a FAB já se impunha como força de respeitabilidade mundial, como na então chamada Guerra da Lagosta(1961-1963), em que não foi disparado um só tiro, mas teve um bombardeiro B-17 do Brasil fazendo voo de alerta para o navio de guerra francês Tartu(D636), como aviso a barcos pesqueiros franceses, para que não mais capturassem lagostas em nosso litoral. E como não lembrar do dia 3 de junho de 1982, durante a Guerra das Malvinas, quando um bombardeiro Avro Vulcan da Força Aérea Real Britânica(RAF) pousou no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, escoltado por dois caças F-5E Tiger II da Força Aérea Brasileira? Eu lembro, pois tinha 10 anos na época, em que tal aeronave passou, literalmente, por cima da minha cabeça.

Desde então a FAB tem sido vista como um corpo separado, assim como é até hoje. De pouco a pouco as coisas vêm mudando. O decreto 6.703/2008, do então presidente Luís Inácio Lula da Silva, criava a Estratégia Nacional de Defesa, onde muito seria investido na modernidade da FAB. Recentemente se fez a comemoração do início do projeto ítalo-brasileiro para a criação do AMX A-1, aeronave que tive o prazer de visitar em 1987, durante uma visita ao Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos(MUSAL). Este museu é o maior museu Aeroespacial da América Latina. Além disso, também tínhamos o museu da TAM, em São Carlos(SP), criado em 2006, mas infelizmente desativado desde 2016, em que foi o maior museu Aeroespacial, mantido por uma empresa privada, do mundo.

A nossa aviação, ao contrário do que se pensa, tem história de guerra e tradição. A Força Aérea Brasileira tem por seu patrono o Brigadeiro Eduardo Gomes, que antes tinha sido oficial do exército brasileiro, também tendo participado da Revolução tenentista em 1922, no Rio de janeiro. Lembro também do meu velho pai, que fazia parte do 1º/1º GT(1º esquadrão do 1º Grupo de Transportes), voando no bom e velho "gordo", o KC-130, hoje aposentado. A Força Aérea Brasileira representa as asas que protegem, e modernizam, o nosso país.

Hércules KC-130 na base de Punta Arenas, no Chile. Parada intermediária para se chegar até a Antártida.

Referências Bibliográficas

1. https://www.aereo.jor.br/2021/06/03/ha-39-anos-durante-a-guerra-das-malvinas-falklands-um-bombardeiro-avro-vulcan-da-raf-pousava-no-rio-de-janeiro-escoltado-por-dois-f-5e-da-fab/
2.https://www.edrotacultural.com.br/exercito-pode-ter-avioes-o-exercito-criou-o-hino-dos-aviadores/
3.https://www.fab.mil.br/80Anos/
4.https://www2.fab.mil.br/musal/
5.https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Air_Force

quinta-feira, 29 de julho de 2021

O Rei de Ferro - Primeiro livro da saga "Os Reis Malditos"

No começo do século XIV,a França é o mais poderoso reino da Europa, cujas intervenções são temidas,e os juízos respeitados. O que aconteceu a esse país, quarenta anos depois, para que fosse esmagada por uma nação cinco vezes menos numerosa?

Este foi o 1° livro da série Os Reis Malditos, que conta a historia da queda dos reis capetos da monarquia francesa medieval. A rainha Isabel da Inglaterra(filha de Felipe IV da França) e seu primo, Conde Roberto D'Artois, faziam uma reunião nos aposentos do castelo de Westminster, naquela tarde de março de 1314. As pessoas chamadas a representar papéis decisivos na história dos povos ignoram, na maior parte das vezes, quais os destinos que neles se encarnam. Aquelas pessoas não poderiam imaginar que elas seriam os artífices, quase os únicos artífices, de uma guerra entre França e Inglaterra. Uma guerra que duraria mais de cem anos...

França estava presa na maldição dos templários,desde a execução de Jacques de Molay em 1314. O rei Filipe IV estava morto, e 24 cavaleiros,carregando as armas da França,percorreram o país para dar a notícia. Atravessaram o solo juncado de neve,e com uma eclipse que ocorreu na morte do rei, para anunciar que o rei de ferro estava morto.Para o homem medieval,essas coisas eram suficientes para consternar imaginações.

O rei Luis X,filho do precedente, não conseguiu aplacar a briga entre a antiga nobreza e os novos burgueses. Os lobos se entredevoravam. O clã baronial venceu,ao menos temporariamente. A hora do conde Roberto III D'Artois, e do conde de Valois, ainda chegaria. Enquanto isso,o esqueleto de Enguerrand de Marigny,chefe dos novos burgueses,secava nos ganchos do cadafalso de Montfaucon. De repente, a morte do novo rei Luis X,provocou uma corrida ao trono. O seu tio reivindicava o trono,mas Filipe V,que era irmão do falecido,e sobrinho do concorrente,foi que o conseguiu. Com um detalhe:Nenhum dos pares do reino(Duque de Borgonha, Duque da Normandia, Duque de Guyenne, Conde de Compiegne, Conde de Flandres e o Conde de Toulouse), possuidores ou hereditários,estavam presentes na coroação de Felipe V.

De repente,a França foi tomada de um estado de demência. Um conclave papal feito na prisão, um castelo real tomado de assalto, um grande senhor feudal é atirado no calabouço, camponeses revoltam-se, leprosos tomam conta do país e judeus são assassinados em várias partes da França.

E então a maldição dos cavaleiros templários arrasta toda a Europa consigo, trazendo como cereja deste bolo a peste negra. Era o maior desastre biológico da história da humanidade pegando carona em uma maldição sobre uma inquisição injusta do papa Clemente V e o rei francês Felipe IV, ambos já mortos. Seria preciso vir uma camponesa analfabeta francesa para dar uma guinada na onda de azar da França. Seu nome era Joana D'Arc. Mas isso é outra história....

domingo, 11 de julho de 2021

A Patrulha Noturna - Rembrandt e o século dourado holandês

Quem era esse fantástico pintor do renascimento flamengo, que o pai teria colocado na escola de latim da universidade de Leyden, para depois aceitar seu pedido para ser artista? Era Rembrandt Van Rijn(1606-1669), um dos maiores símbolos da arte flamenga. Aquele que, assim como Franz Post, fazia parte da equipe fantástica de pintores que atendia aos comerciantes de corte de Haia. Franz Post teria vindo ao Brasil junto com o conde Jean Maurice de Nassau-Siegen.

Estes pintores faziam parte de uma era européia que deslocaria a arte e as ciências, antes monopólio da Europa do sul, para a Europa do norte. Rembrandt participou da idade de ouro holandesa, que acompnhou as companhias de navegação de Flandres(região de habitação dos flamengos, correspondente a Holanda, Bélgica e Luxemburgo atuais) por todo século XVII.

A figura de Rembrandt é retratada em 30 gravuras, 12 desenhos e 40 pinturas. O seu quadro mais famoso, e também responsável pelo início de sua queda, é a Patrulha Noturna, em que retrata o capitão Frans Banning Cocq, e outros 17 mosqueteiros da guarda municipal de Amsterdam. Havia vários nobres no quadro, além do próprio capitão. Neste quadro ele fez uma coisa ainda não feita até ali: Colocou detalhes de claro e escuro na pintura, para diferentes personagens retratados nela. Isso irritou alguns de seus patrocinadores, por assim dizer. Daí para frente, ele perdeu vários patrocinadores, pois se perguntavam por que o pintor não deu destaque a todos no quadro de forma igual. Ao lado do capitão, no quadro, estava o lugar-tenente Willem Van Ruytenburgh, de roupa clara. Quase no meio da cena aparece uma moça com um galo sendo carregado por ela. E esta possuía uma certa semelhança com Saskia, esposa de Rembrandt, que morrera de tuberculose naquele ano.

Entretanto a má sorte de Rembrandt, a partir daí, não viria somente do boicote dos patronos. Teve que vender sua propriedade, indo morar junto ao gueto de judeus. Passou a pintar para o povão em geral, assim como vários daqueles mercadores judeus. Foi nessa época que surgiu seu melhor quadro, chamado Mercadores de Roupas, bem mais conhecido como Os Síndicos. Também, após a morte de sua mulher, ele se juntaria a outra mulher chamada Hendrikje. Não pôde casar com ela, pois o testamento deixado pela sua esposa falecida dizia que ele perderia a guarda do único filho deles, caso contraísse um novo matrimônio. O dinheiro ganho com seu quadro(cerca de 1600 florins, que não era pouco para época) logo se dissolveu em dívidas. Sua nova companheira morreu. Logo em seguida, seu único filho. Mas ele viveu para ver o neto, junto a sua nora, nascer. E na morte seria sepultado um dos maiores pintores renascentistas com um custo de 13 florins.

Recentemente, em 2019, foi feita uma reforma no quadro, como parte da reforma do museu de Amsterdã que o continha. A reforma do museu Rijksmuseum holandês começou em 2003. Em 2013 foi aberto ao público com quadro junto, sob as vistas da rainha Beatriz. Foi feito numa câmara de vidro, permitindo que visitantes do museu acompanhem o processo, e também foi transmitido via internet em tempo real. Procedimentos de restauração de obras-primas costumam ser mantidos em segredo. O quadro é a pintura mais valiosa da Holanda. Ele foi restaurado pela última vez há pouco mais de 40 anos, depois que em 1975 um homem com distúrbios mentais danificou a pintura com uma faca. O quadro apresenta uma descoloração particularmente em torno dos locais de penetração da faca, especialmente onde um cão está retratado.

"Rembrandt nunca tratou a luz de outra forma. A escuridão da noite é a sua forma, a sombra é a forma habitual da sua poética, o seu meio natural de expressão dramática. Nos retratos, nos interiores, nas lendas, nos episódios curiosos, nas paisagens, nas gravuras como na pintura, é com a noite que Rembrandt cria a luz."

Vicent Van Gogh

Referências bibliográficas:

1)THOMAS, Henry & THOMAS, Dana Lee. Vidas de Grandes Pintores. Editora Globo, RJ. 1958.
2)Coleção Grandes Mestres: Rembrandt. Editora Abril. São Paulo, 2011.
3)Coleção Folha Grandes Museus do mundo. Número 17. Rijksmuseum de Amsterdã, Holanda. TARABRA, Daniela. Rio de Janeiro, 2009.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

ÀS MARGENS DA GUANABARA: AS ORIGENS DO POVO FLUMINENSE

Este ano faz 60 anos da montagem do brasão da Ilha do Governador, além de 40 anos de sua ascensão como distrito do Rio de Janeiro. E ano que vem a Ilha fará 455 anos de História. Uma história que se mistura às disputas luso-francesas no litoral sul brasileiro. Uma história que se mistura com as lutas entre católicos e protestantes na França. Uma história que foi palco das disputas entre perós(portugueses) e mairs(franceses) pela posse do Rio de Janeiro.

A fundação da Ilha do Governador passa indiretamente, ou mesmo diretamente, pelas fundações do município de Niterói e do Rio de Janeiro. O combate à pirataria no nosso litoral sul passou a ser preocupação constante da coroa portuguesa após João III iniciar a colonização do Brasil em 1532, com os chamados Governos Gerais. A cidade do Rio de Janeiro recebeu essa nome por muitos imaginarem se tratar realmente de um rio na entrada da Baía da Guanabara.

A Baía de Guanabara foi descoberta por Gaspar de Lemos em 1502, dado um nome Guanabara, ou braço do mar, na língua Tupi. Ali seria entrada e saída, tanto de colonos portugueses, como de piratas franceses e, mais tarde, ingleses e flamengos, que competiriam com a coroa portuguesa, já decadente.

Na segunda metade do século XVI a França passava pela disputa de poder católica e protestante, onde o chefe dos protestantes,o almirante Gaspar de Colligny, pressionava o rei Henrique II da França por uma expedição nas terras portuguesas na América. E este nomeou o vice-almirante Nicolau Durant de Villegagnon para ir ao Brasil, mesmo sem muito apoio, devido às rixas religiosas.

Mas não era só a coroa francesa que estava com problemas. Em 1580 morria o último rei português da dinastia de Avis, o cardeal D. Henrique.Este era substituto do rei infeliz D. Sebastião,que havia desaparecido nas desastrosas cruzadas portuguesas na África dois anos antes, na desastrosa batalha de Alcácer-Quibir. Mas agora havia um pretendente ao trono: O rei Felipe II da Espanha. Um católico fervoroso e irrascível, não disposto a negociar com quaisquer religiões ou crenças,fossem judaicas, islâmicas ou protestantes.Isso trouxe ao Brasil uma guerra cultural até então aqui desconhecida:A inquisição ibérica!O Brasil de Felipe II seria um país que faria vários judeus não terem mais sobrenome, ao adotarem sobrenomes de plantas(Oliveira, Silveira,Pereira,etc), como novos nomes de judeus 'convertidos', os chamados marranos,como eram conhecidos. Finalmente houve acordo entre nobres portugueses e o novo rei. E assim, Portugal passava a ser uma só coroa com a Espanha. Então quaisquer colônias portuguesas passariam ao domínio espanhol, inclusive o Brasil. Assim foi feito o acordo nas Cortes de Tomar em 16 de abril de 1581,onde felipe II tornar-se-ia o próximo rei de Portugal e, também, do Brasil. Esse quadro permaneceria pelos próximos 60 anos, até a revolução que levaria ao poder a dinastia de Bragança.

Um detalhe curioso é preciso entender nisso tudo: Não existia, como hoje, esse senso de "donos da terra". O próprio rei Francisco I da França, que era pai de Henrique II, havia perguntado aos reis de Portugal e Espanha se Adão e Eva havia passado algum testamento de donos da terra aos reis luso-espanhois. Obviamente se referia ao tratado de Tordesilhas, estipulado em 1494 entre as potências ibéricas. Mas o século XVI não reconhecia posses nacionais ou fronteiras. Apenas posses de terras pessoais.

Então, na segunda metade do século XVI, partia a expedição francesa em direção ao Rio de Janeiro. Comandada pelo vice-almirante Nicolau Durant de Villegagnon, que era cavaleiro de Malta, católico, mas muito devoto da causa protestante na França e amigo pessoal de Gaspar de Colligny, essa expedição procurava formar uma colônia ecumênica no Rio de Janeiro. Claro, esse termo, ou mesmo a ideia, nem existia na época. Mas se aproximava bastante disso. Tanto que veio para a colônia francesa o pastor francês Jean de Lery, autor do livro Viagem à terra do Brasil, que retrata a primeira colônia protestante em solo brasileiro.Mas não foi somente ele. Em 1549 um alemão chamado Hans Staden esteve no litoral paulista em um 1º contato com povos indígenas locais. Provavelmente o francês desconhecia essa viagem anterior ao litoral brasileiro. As notícias não corriam como hoje em dia. E assim os franceses estabeleceram sua colônia, chamada França Antártica, construindo o forte Colligny, na entrada da baía, na atual ilha de Villegagnon.

Enquanto isso, os conflitos luso-franceses permaneciam na entrada da Baía da Guanabara. Assim, em 20 de janeiro de 1565, o sobrinho do governador Mem de Sá, Estácio de Sá, funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, entre os morros da urca e Pão de Açúcar. Portugueses começavam a fundar seus domínios na Baía da Guanabara.

Mas nem tudo são flores. Os franceses se aliaram aos tamoios contra os portugueses. Os índios maracajás da Ilha de Paranapuã(atual Ilha do Governador), que eram aliados dos portugueses, foram expulsos da ilha, fugindo para o Espírito Santo. Mais tarde, um dos índios maracajás, chamado Araribóia, veio ajudar os portugueses. Se travou duas batalhas:A Batalha de Paranapuã, na atual Ilha do Governador, e a Batalha de Uruçumirim, entre as atuais praias do Flamengo e da Glória. Antes desta época, a Ilha fora conhecida pelo nome de Ilha de Paranapuã pelos maracajás, que em tupi significa "colina do mar".Após as batalhas, o índio Araribóia foi recompensado pela coroa portuguesa,recebendo o governo de uma aldeia, a Aldeia de São Lourenço, do outro lado da Baía de Guanabara. Anos depois esta aldeia viria a se tornar o município de Niterói.

Com a expulsão definitiva dos franceses do Rio de Janeiro, o governador geral Mem de Sá deu o governo da Ilha dos maracajás ao seu outro sobrinho, Salvador Correia de Sá, irmão de Estácio de Sá. A carta de doação foi feita em 5 de setembro de 1567, data tida como fundação da atual Ilha do Governador.

A Ilha do Governador já era anteriormente conhecida como Ilha dos maracajás pelos portugueses, devido a abundância de um determinado gato selvagem na Ilha(por isso a pedra da onça, no bairro da Freguesia). Também era conhecida por Ilhabela pelos franceses. Foi na Ilha do Governador que foi lançado ao mar o navio Galeão Padre Eterno, em 1663, na época o maior navio do mundo. Foi construído no bairro do Galeão atual, na entrada da Ilha.

Hoje a Ilha é um distrito do Rio de Janeiro, tendo vários bairros. Esse status de bairro para distrito foi modificado pelo decreto municipal n° 3157 de julho de 1981. Daí para frente a Ilha passou a ser a XX região administrativa do Rio de Janeiro. Agora está subdivida em vários bairros, onde um deles, o Jardim Guanabara, se tornou o 3° lugar em IDH entre os bairros do Rio de Janeiro, perdendo apenas para Gávea e Leblon.

O brasão da Ilha do governador foi criado recentemente, em 1961. Uma estrela de prata, que originalmente estava no alto do brasão, era indicação da condição de distrito federal que o Rio de Janeiro possuía até a transferência para Brasília. Com a perda do status de "estado da Guanabara" em 1975 pelo Rio de Janeiro, o brasão perdeu sua estrela. O arco e flecha simboliza a ocupação primária da Ilha pelos povos tupis. Abaixo, a esquerda, tem-se o governador Salvador Correia de Sá. No alto, à direita, está a capela imperial nossa senhora Conceição, que se localiza no Jardim Guanabara. Embaixo estão misturados os simbolos da Aeronáutica e Marinha, simbolizando a ocupação militar da Ilha. As cores vermelhas no brasão simbolizam o sangue dos portugueses derramado em prol da expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Como tudo que existe na heráldica, existe a simbologia da guerra embutida.

Referências Biliográficas

1.AGUIAR, Luiz Antonio. HANS STADEN:Viagens e Aventuras no Brasil..Editora Melhoramentos. São Paulo, 1992
2.A Restauração e o Império Colonial Português.Comissão Executiva dos Centenários.Lisboa, 1940.
3. LÉRY,Jean de. Viagem à terra do Brasil.Livraria Itatiaia Editora.São Paulo, 1980.
4.OLIVIERI,Antonio Carlos.A França Antártica.Coleção:O Cotidiano da História.Editora Ática.São Paulo,1994.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Donald Trump, você está demitido!

Ontem deixou o mandato de presidente dos EUA o megaempresario Donald John Trump. Um magnata do mundo dos jogos de Nova Iorque, e até de outras partes dos EUA, que até se acusou de ter esquemas de prostituição. Também era conhecido por inaugurar o programa "O aprendiz", em que ensinava jovens a se virar no mundo dos negócios. No meu entender, muitas vezes baseado na mentira. Mas também se tornou representante da direita conservadora norte americana, assim como do mundo inteiro.

Trump invocou para si a causa não só econômica, mas a causa da direita protestante conservadora, que tem seus pés nas origens protestantes inglesas puritanas do século XVII, os quais foram os fundadores dos EUA.

Mas ele foi traído. Traído por uma geração que não quer mais isso. Não só nos EUA, mas no mundo. Foram 80 milhões de votos que o magnata lunático acusou de fraude. E tudo por ser pelo correio, devido a um decreto que ele mesmo instituiu. E esses votos vieram de uma juventude transviada, mas consciente, que daqui para frente elegerá todos os representantes do planeta terra. A causa dele, como está sendo usada como "causa cristã", não possui respaldo bíblico algum. Pelo contrário, nenhum dos apóstolos de Cristo dos séculos I e II teria feito guerra cultural ao invés de guerra espiritual.

Donald Trump perdeu as eleições para o ex-senador democrata Joe Biden, que é acusado por lunáticos do mundo inteiro de ser predecessor do anticristo. De grupos fanáticos como QAnon. É a guerra cultural religiosa que os EUA sempre foram o único país do mundo a adotar. Uma coisa completamente sem sentido.

Parabéns Joe Biden! Por aqui só existe aquilo que chamam de "ódio do bem", que prega que todo comunista é inimigo, não dá para manter diálogo. Ou seja, só se pode dialogar com parceiros ideológicos. Coisa completamente demente. Mas existe ódio do bem ou do mal? Não. Só existe guerra cultural, o que é uma estupidez. Essa lição fica pra nós aqui. Um exemplo é que não se pode reclamar do "ódio do bem" em relação a Jair Bolsonaro, por exemplo, quando você vive desejando a morte de Xi Jinping ou Joe Biden.

Mas Donald Trump perdeu. E perdeu feio! Perdeu a reeleição, perdeu a maioria no senado, o comando da Câmara, os julgamentos da suprema corte(por juízes que ele mesmo escolheu), perdeu o respeito do povo americano, perdeu a dignidade, FIM