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segunda-feira, 25 de julho de 2022

O forte do Cabo Bretão

Durante a Guerra dos Sete Anos(1756-1763), uma fortaleza nas Américas na Nova Escócia, em território canadense, conseguiria resistir a vários ataques ingleses. Era forte da Ilha Roayle, mais tarde chamada Ilha do Cabo Bretão.

Construída em 1713, durante a Guerra de Sucessão Espanhola(1701-1714), a fortaleza representou um marco da resistência francesa nas Américas. Esta guerra opunha praticamente toda a Europa contra franceses e espanhóis, por um medo europeu de uma aliança franco-espanhola, com a ascensão de Felipe D'Anjou(se tornaria Felipe V da Espanha) ao trono espanhol, após o rei Carlos II da Espanha morrer sem herdeiros diretos.

A Guerra de Sucessão Espanhola foi vencida pela França e a Espanha, mas deixou ambas bem destruídas. A Espanha perdeu sua hegemonia para sempre. E a França ainda teria problemas mais sérios à frente. Foi uma guerra onde se tentou frear a ambição megalomaníaca de Luís XIV, no geral sem sucesso por parte do continente europeu.

Ao término da Guerra de Sucessão Espanhola em 1714, os conflitos entre ingleses e franceses continuaram nas Américas. O forte do Cabo Bretão permanecia firme e forte em mãos francesas. Mas a Inglaterra era a melhor marinha do mundo, sendo assim eles travavam os navios franceses, com reforços atravessando o Atlântico. Em 1748 ele seria cedido à França pelo Tratado de Aix-la-Chapelle.

Em 1756 começou a Guerra dos Sete Anos(1756-1763), em que não só atingiu todo continente europeu, mas também Ásia, África e América do Norte. Antes de lados opostos, agora França e Áustria seriam aliadas num pacto anti Protestante, contra a Prússia e a Inglaterra. Porém, na prática, foi o rei Frederico II da Prússia sozinho contra Áustria(e depois a Rússia) em solo europeu. Isso porque França e Inglaterra resolveram concentrar seus esforços nas batalhas das colônias da Índia e da América do Norte.

Sabendo do pacto franco-austriaco, a Inglaterra firmou o Tratado de Westminster com a Prússia de Frederico II. Mas a ajuda inglesa era resumida a poucas tropas e empréstimos financeiros ao rei prussiano. Na prática, em território europeu, Frederico II estava sozinho.

Frederico conseguiu grandes vitórias porque possuía excelentes generais. Além disso, a França procurou defender suas colônias nas Américas, contra os ataques ingleses. Mas perderam definitivamente a Índia e, em 1758, perderam o forte Roayle para os britânicos definitivamente.

O Tratado de Paris, em 1763, dava vitória à aliança anglo-prussiana. E também entregava definitivamente o forte do Cabo Bretão aos ingleses.

Encerrada a Guerra dos Sete Anos, as consequências viriam para vencidos e vencedores. A França ainda ajudaria os revoltosos colonos da América contra os ingleses em 1781. Mas a ajuda sairia cara, com a queda da monarquia francesa e a instauração da Revolução Francesa em 1789. Já o império Britânico sairia exausto de todas as guerras do século XVIII, mesmo tendo ganho a Índia e o Canadá dos franceses. Sua exaustão seria a porta aberta para a independência de uma de suas colônias, que logo se tornaria a maior potência militar do planeta: Os Estados Unidos da América! Mas isso já é outra história…

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Há meio século atrás

Hoje faço meio século de idade. Já é metade de um transcurso de uma vida, muitas vezes desperdiçada, muitas vezes vivida. Sinceramente, tenho um pouco de inveja da geração atual, que tem um mundo mais livre à sua frente, não tendo que lidar com as matutices do passado, ao estilo anos 70, anos 80. Naquela época, muitas coisas hoje aceitas, foram rejeitadas. Era o mundo do "politicamente incorreto", como muitos hoje têm saudades. Eu não tenho. A antiguidade cultural cobra seu preço. Os tempos mais sombrios, enegrecidos pelo fantasma da religião e seus dogmas, do achar que esses dogmas cabem não só as pessoas que professam aquela fé, mas a toda sociedade civil. Esses dogmas se misturam a medicina, psicologia e educação. Trazem benefícios e transtornos para as pessoas que são afetadas por isso. Quantas e quantas vezes vemos vídeos na internet que buscam a nostalgia de tempos passados. E a maioria vem de pessoas nascidas nos anos 80, no mínimo, ou anos 90. Poucos que nasceram nos anos 60 e 70 comentam tais coisas, pois sabem o quanto era difícil. Pessoas eram expulsas de escolas e ambientes de trabalho, por coisas que hoje se curariam com remédios ou psicoterapia. Enfim, o passado nunca foi o ideal para quem vislumbra o futuro.

Quando atingi os meus 12 anos de idade fui colocado, contra a vontade, numa psicoterapia e, para pegar uma espécie de atestado de sanidade mental, frequentei a mesma para ter permissão de continuar na escola. Um dia essa violência há de ser corrigida. Foi exigido de mim que eu conquistasse uma companheira, condição sine qua non que seria parte das exigências requeridas de qualquer homem. Isso fez eu arrumar minha primeira namorada aos 16 anos, que era uma amiga de infância. O namoro só durou enquanto havia paciência contra o preconceito(que era muito forte nos anos 80). Mas preconceito contra o quê? Talvez contra os nerds, os anti sociais da época. Essas coisas não eram bem aceitas no Brasil da época. Hoje estão mais light nesse quesito. Quando terminou a terapia, o namoro terminou em seguida, pois um só existia por causa do outro. Um ano depois, eu entrei no relacionamento amoroso mais fantástico(e tenso) da minha história. Este deixaria marcas que fariam eu me achegar a Deus, pois a separação foi muito traumática, com interrupção de amizade e tudo. Nunca mais a vi, até hoje, 32 anos depois. Foi a mulher que mais amei na vida.

Nesta mesma época, um amigo da esfera religiosa, e hábil em matérias exatas, fez com que eu me tornasse conservador, tanto na economia como nos costumes. Na época, ganhei admiração por homens como Edmund Burke(1729-1797), Russel Kirk(1918-1994) e Leo Strauss(1899-1973), um conservador teuto-americano que era absolutamente anti-Maquiavel. Uma coisa que eu jamais seria hoje em dia. O meu conservadorismo só duraria até dois ou três anos depois, quando percebi que a igreja tirava proveito disso por sua própria covardia. O cristianismo não só tinha medo que a esquerda assumisse o poder, mas também temia os liberais. Nestes dois ou três anos eu seria militante convicto. Assisti fitas VHS(quem lembra disso?) com palestras de Yuri Bezmenov(1939-1993), um ex agente russo da KGB, refugiado, e asilado, no Canadá, que falava sobre Nova Ordem Mundial e Marxismo Cultural. Praticamente deixei de ser conservador na morte dele. Se ele soubesse de vários trumpistas, hoje em dia, dizendo que Vladimir Putin é conservador, com certeza se reviraria no túmulo.

Meu estilo de vida era de um conservador até 1993. Estudei num colégio da FAB de 1985 até 1988. Vi o esqueleto do então caça AMX-1 na Base Aérea dos Afonsos, antes de ser montado. Isso em 1987 e 1988. Era vidrado em biologia molecular e história medieval, assim como comecei a me aplicar em Física termodinâmica e Teologia sistemática. Nada poderia mudar este curso da história. Mas mudou.

Em 1995 eu mudaria para o interior do estado do Rio de Janeiro, no distrito de Cabuçu, baixada fluminense. Ali a população não conhecera a minha história anterior. Não tinha porque contar que havia sido banido da escola de Teologia por ser darwinista, ou que já não era mais conservador desde 1993. A vida de todos mudam, e a minha não seria diferente. Neste novo contexto tive dois relacionamentos: O primeiro que me deu minha filha e o segundo que durou longos 15 anos, no qual as marcas duram até hoje. Os anos na baixada fluminense foram passando e as tensões ficando mais intensas, por causa do meu comportamento eclético. Em 2007 eu descobri a Internet. De primeira, eu usava para pesquisar história e geografia do leste e norte da Europa, assim como sua história medieval e as ciências de engenharia genética do norte da Europa. Comecei a dar asas à modernidade de novo, após 14 anos fora da cidade grande. Em 2009, quando já estava no quarto ano do meu quarto relacionamento, conheci aquela que seria minha primeira rede social na vida: O Bolsa de Mulher ! Ali aprendi a colocar minhas palavras em textos, e adquiri até hoje o hábito da escrita. Ali descobri minha frase sobre liberdade, mas também foi devido a isso que meu último relacionamento ruiu como um castelo de cartas. Não me arrependo. Eu falo do (hoje já extinto) Bolsa de Mulher, site idealizado pela empresária gaúcha de mídias sociais Andiara Petterle, como o lugar onde conheci muitas amigas que durante muito tempo,que fizeram grande diferença na minha vida. Frequentei o site Bolsa de Mulher durante cinco anos. Mudou minha meta de vida. Tanto que em 2012 entrei para a faculdade, num campus de Química do IFRJ, em Duque de Caxias(RJ), mas nada substitui o Bolsa de Mulher como aprendizado filosófico de vida.

Na própria faculdade, eu teria como aplicar grandes conhecimentos que ganhei nos longos anos de autodidata na baixada fluminense. Ali no campus do IFRJ eu ganhei mais experiência nas artes do debate, mas nada que se equivalesse ao Bolsa. Porém a guerra cultural que ganhava corpo no Brasil iria exigir de mim a aplicação em breve de todo esse aprendizado. Guerra esta em que os conservadores fazem igual a extrema esquerda fazia no passado, demonizando qualquer um que não seja conservador, até mesmo os liberais, os quais muitos conservadores chamam de idiotas úteis. Uma guerra que vitimou um bom homem chamado Marcelo Arruda, no Paraná. Um homem que estava comemorando seus 50 anos, como eu hoje, mas que nem na vizinhança podia fazer isso, pois estava sob ameaça esquizofrênica constante.

Após o encerramento do Bolsa de Mulher em 2014, alastrei esse conhecimento para as demais redes sociais, para a faculdade e para a Igreja. Comecei a ter problemas, com destaque para as amizades da igreja e o meu relacionamento amoroso, que começou a ruir. Não demorou muito e comecei a ser cancelado pelo mundo cristão. Mas isso não era tudo. Meu Facebook virou um campo de batalha, onde tive postagens minhas que apareceram 400 respostas. Uma guerra sem fim, onde conhecidos e desconhecidos me xingavam de tudo que é nome. O prejuízo foi tanto que resolvi encerrar a conta definitivamente do meu 1° Facebook em dezembro de 2018. Mas tirei um lucro disso. Em um dos meus mais bizarros debates no Facebook na página de uma amiga, uma outra pessoa vislumbrou meu perfil me enviou convite pelo WhatsApp. Isso aconteceu no entardecer do meu perfil do Facebook, antes de encerrar com ele de vez. Era uma nova amiga que surgiu em minha vida para os tempos que viriam, que me acompanhou na pandemia, e nos momentos de maiores confissões mútuas. Tanto que, mesmo um novo relacionamento que eu tenha, não pensaria que a nova pessoa não a aceitasse no meu círculo de amizades.

No início de 2020, eu deixei a baixada fluminense depois de 25 anos. Relacionamento amoroso terminado(e quase a amizade também), várias amizades abaladas pelos choques que tiveram comigo, embora algumas amizades ainda se encerraram. Em 2019 eu fiz um novo perfil de Facebook, e em 2020 criei também um perfil no Twitter. Tudo isso era um prenúncio de uma nova estrada, e a certeza absoluta de que nada do mundo conservador vale a pena. É uma luta inglória onde todos chamam todos de traidores, quando a coisa aperta. Por isso que não trouxe várias daquelas amizades cristãs para este novo perfil. Só minha nova amiga basta neste contexto. Uma amizade que me apareceu no entardecer da vida, para instruir nas vozes da experiência. No perfil antigo, tanto atacava ideias, como fui atacado. Os conflitos de ideias aconteciam. Agora sou da paz. Mas essa paz tem um preço. E não preciso dar satisfações para aqueles que me tinham como 'apóstata' ou 'blasfemo' do cristianismo. Não necessito mais explicar tais coisas a pessoas que parecem ter um raciocínio roceiro.

Sou protestante anabatista. Se alguém quiser, explico historicamente a origem disso. Quanto a "ser de esquerda" ou "ser de direita", não creio mais nessas definições, pois colocaram pautas morais nelas, coisa que faria o próprio Voltaire se virar no túmulo. Sou livre dessas amarras. Minha visão de século XXI vai bem mais longe. Termino esse texto com a frase que criei no Bolsa de Mulher no final de 2010, a qual serviu de molde para o resto da minha vida natural : Nenhuma união vale o preço da minha liberdade!