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sexta-feira, 26 de julho de 2019

BHASKARA NÃO USAVA FÓRMULAS

Todos os estudantes de matemática, a partir do 9º ano do ensino fundamental, já tiveram experiência com raízes de equações do 2º grau, ou até mesmo com funções quadráticas, no sentido mais geral do termo.

O número de raízes de uma equação é nada mais, nada menos, que o número de respostas da equação que satisfazem as sentenças como verdadeiras. Ou seja, raízes de uma equação são os elementos do conjunto verdade dessa equação. Portanto, uma equação vai ter tantas raízes quantas forem o grau dessa equação. Na matéria de números e polinômios complexos(hoje banida do ensino médio, só se leciona no ensino superior) se aprende também que o número de respostas de uma raiz equivale ao índice dessa raiz, sejam suas respostas reais ou complexas. Assim a raiz quadrada possui duas respostas; a raiz cúbica possui três; a raiz quarta, quatro, etc.

Com respeito as equações do 2º grau, usa-se a chamada “fórmula de Bhaskara” para dar a resolução e achar suas raízes. Acontece que a tal fórmula nada tem a ver, absolutamente, com o matemático indiano. Aliás, em sua época, a álgebra nem estava desenvolvida para isso. Bhaskara resolvia equações quadráticas, mas ele o fazia preenchendo quadradinhos, não usando a fórmula que usamos o seu nome. Desta fórmula, que só nasceria bem mais tarde, Bhaskara nunca ouviu falar.

O nome de Bhaskara relacionado a esta fórmula, aparentemente, só ocorre no Brasil. Não encontramos esta referência na literatura internacional. Em nenhum outro lugar do mundo existe a chamada “fórmula de Bhaskara”, atribuida ao indiano. A nomenclatura "fórmula de Bhaskara" não é adequada, pois problemas que recaem numa equação do segundo grau já apareciam quase quatro mil anos antes, em textos escritos pelos babilônios, nas tábuas cuneiformes. Nesses textos o que se tinha era uma receita, escrita em prosa, sem uso de símbolos matemáticos, que ensinava como proceder para determinar as raízes em exemplos concretos, quase sempre ligados a relações geométricas.

No Brasil, por volta de 1960, o nome de Bhaskara passou a designar a fórmula de resolução da equação do 2º grau que conhecemos. Não se vê essa nomenclatura em outros países, mesmo porque não foi ele quem a descobriu. Historicamente existem registros da existência dessa resolução a cerca de 4000 anos atrás, em textos escritos pelos babilônios. Naquela época não existia a simbologia utilizada hoje, ou seja, não havia a fórmula atual, mas sim uma espécie de "receita" de como proceder para encontrar as raízes da equação quadrática. Na Grécia (500 a.C.) também já se conhecia a resolução de algumas equações e era feito de forma geométrica. O método empregado por Bhaskara nas resoluções das equações quadráticas é do matemático indiano Sridhara (870-930 d.C.) e reconhecido pelo próprio Bhaskara. A fórmula para extrair essas raízes veio com um matemático francês, François Viète(1540-1603), que foi quem procurou dar um tratamento mais formal e algébrico para obter uma fórmula geral.

Bhaskaracharya foi um dos mais importantes matemáticos do século XII, graças aos seus avanços em álgebra, no estudo de equações e na compreensão do sistema numérico - avanços esses que os matemáticos europeus levariam séculos ainda para atingir. Suas coleções mais conhecidas são: Lilavati que trata de aritmética; Bijaganita que discorre sobre álgebra e contém vários problemas sobre equações lineares e quadráticas com soluções feitas em prosa, progressões aritméticas e geométricas, radicais, ternas pitagóricas entre outros tópicos; Siddhantasiromani, dividido em duas partes: uma sobre matemática astronômica e outra sobre a esfera.

Bhaskara, que nasceu em 1114 na cidade de Vijayapura, na Índia, também era conhecido como Bhaskaracharya . Ele não deve ser confundido com um outro matemático indiano, também chamado Bhaskara, que viveu no século VII. Naquela época, na Índia, os ensinamentos eram passados de pai para filho. Havia muitas famílias de excelentes matemáticos. O pai de Bhaskaracharya era astrônomo e, como era de se esperar, ensinou-lhe Matemática e Astronomia. Bhaskaracharya tornou-se chefe do observatório astronômico de Ujjain - na época, o centro mais importante de Matemática, além de ser uma excelente escola de matemática astronômica, criada pelos grandes matemáticos que ali trabalharam.

Mais tarde, esse entendimento quadrático seria usado pelos advogados, e pais da Geometria Analítica, Renè Descartes(1596-1650) e Pierre Fermat(1601-1665). O próprio entendimento algébrico sobre as cônicas advém disso. Ao revirar a coleção matemática de Pappus de Alexandria, Fermat acabou instituindo o princípio fundamental da Geometria Analítica, onde diz que sempre quando uma equação tiver duas variáveis, os pontos que a satisfazem formam uma curva.

Bhaskara obteve grande reconhecimento pelas suas importantes contribuições para a Matemática. Em 1207, uma instituição educacional foi criada para estudar o seu trabalho. Em uma inscrição medieval, num templo indiano, podemos ler: “Triunfante é o ilustre Bhaskaracharya, cujos feitos são reverenciados tanto pelos sábios, quanto pelos instruídos. Um poeta dotado de fama e mérito religioso. Ele é como a crista de um pavão".

sexta-feira, 5 de julho de 2019

A RELIGIÃO CANANITA

Após o dilúvio de Noé, os povos da terra se dividiram nos três continentes conhecidos(Ásia, África e Europa). Tendo esses troncos sido gerados pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. Que parte geográfica ficou para cada filho é outra história, além de discutível. Não se sabe da data, a não ser que algum infeliz queira contar as genealogias(o que não recomendo),como fez o teólogo e bispo irlandês James Ussher(1581-1656). Daí veio um erro bem grotesco, que tenta estipular a idade da terra em 6.500 anos. Não se enganem, a bíblia não trata da idade da terra, pois não é um livro científico, nem foi feita para isso.

Quando Sem,Cam e Jafé se distribuíram, geraram os povos semitas(donde vieram os israelitas), camitas(donde vieram os egípcios, etiopes e povos cananeus em geral) e os descendentes de jafé, que chamaremos de 'indo-europeus',pois indianos, persas, medos e europeus são parentes. Para quem gosta da análise bíblica, em seus ramos genealógicos, com respeito aos filhos de Jafé, que eram filhos de Noé: Maday(pai dos medos e persas) e Magogue(pai dos russos e alemães). A descrição disso encontra-se em Gn 10:1,2. Embora todo trato com genealogias bíblicas devemos ter cuidado, para evitar absurdos fanáticos.

O filho mais velho de Cam, chamado Canaã, gerou uma série de povos na península arábica que tinham por terminação em seus nomes o termo "eus". Ou seja, JebusEUS, FerezEUS, amorrEUS, filistEUS, GirgasEUS, etc. Mas por que os filhos de Israel eram chamados HEBREUS, se não eram cananeus? Porque quem os chamou assim foram os egípcios, pois os tomaram por cananeus. Tanto que essa nomenclatura desaparece após o êxodo. Lembrando que o nome "hebreus" deriva de serem descendentes de Héber(Gn 11:16), somente estando errados os egípcios por considerarem os filhos de Abraão como cananeus.

Os povos cananeus tinham cultos e religiosidades bizarras e brutais, muitas vezes referidas na bíblia, onde a sexualidade nos cultos era frequentemente estranha. Cultos de vários baals em templos cananeus testificam isso, como os rituais dos cartagineses, no norte da África.

Nesses rituais havia homossexualidade, pansexualidade, heterossexualidade, enfim tinha de tudo. Existia o termo SODOMIA, que em princípio era adjetivo pátrio, mas logo se tornou sinônimo de estupro, não somente homossexualidade. Sodomia viria a ser uma espécie de pansexualidade, portanto indo bem além da homossexualidade. Era um conceito bem amplo. Está relatado em Lv 18:22 e 20:13. Existiam os efeminados, que já eram outras coisas completamente diferentes. Estes estão relatados em Dt 22:5. O contexto de surgimento dos efeminados não veio da sociedade caucasiana(descendentes de Jafé), mas de povos cananeus. Os povos cananeus, que mal tinham contato com a Grecia antiga. Muitos eram sacerdotes de Baals, como Astarote. Os sacerdotes "incorporavam" Astarote nos cultos, tendo relações com as sacerdotisas no ato. Ou seja, muitos efeminados eram heterossexuais.

Em regra, não existe essa fantasia de 'demonios femininos',mas o ser humano cria coisas, como o nome 'belzebu',por exemplo. E na antiguidade o povo de Israel desconhecia a história de demônios, ou no máximo fantasiava muito as suas origens. Apenas existia uma categoria de deuses chamada Baals ou Baalins. Baal nunca foi nome de deus nenhum. Nenhuma divindade se chamava Baal. Do mesmo jeito que hoje, se perguntarmos a alguém, que divindade do candomblé tem o nome de Orixá, responderão que nenhuma. Orixá é uma categoria de deuses. A mesma coisa é Baal. Baal não é nome de ninguém, mais existem vários Baals. Um deles era Baal Zebube, divindade das moscas. Está descrito em 2° Re 1:3. Mas daí uns judeus encolheram esse nome para Belzebu, o que ficou famoso depois.

Outro caso de confusão histórico-biblica é sobre MOLOQUE! Nunca existiu nenhum deus chamado Moloque. Moloque era o nome do sacrifício ao Baal chamado Melkart, ou Baal Melkart. Ele recebia sacrifícios de crianças. Este era um ritual medonho de se assistir, pois as crianças eram colocadas nas mãos da estátua em estado fervente. Mas muitos confundem o verso Lv 18:21, como se referindo a divindade de moloque, quando na verdade o nome "moloque" se referia ao sacrifício. Mais tarde essa divindade acabaria tendo o nome de Moloque para aqueles que interpretavam....

Sacrificio de moloque ao Baal Melkart