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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

A ORIGEM DOS CONFLITOS: DARWIN, 160 ANOS DEPOIS

"A visão desta floresta tropical, assim como da variedade de fauna e flora, faria qualquer naturalista beijar o pó dos pés de um brasileiro."Charles Darwin, ao comentar a fauna e a flora da mata atlântica

Há 160 atrás era escrito a maior obra científica da área biológica na história humana: A Origem das Espécies, de Charles Darwin! Um livro que mudou o curso da História, balançou o curso da história do cristianismo, até mesmo mudando o eixo da moral familiar do ocidente, segundo o entendimento de alguns. Os seres humanos não descendem do macaco. Darwin nunca disse isso. Esses entendimentos tortos muitas vezes vem de desenhos feitos, não baseados na realidade, como do macaco que vai 'crescendo' até transformar-se num homem, do desenhista alemão Johann Brandstetter. Desenho este, que o próprio Darwin nunca viu. O naturalista afirmou que miríades de espécies de seres vivos na terra são resultados de repetidas ramificações de uma ancestralidade comum. Aquilo que viriamos a conhecer com o nome de evolução. Termo este que sequer é encontrado no livro. E o mecanismo pelo qual isso funciona é o que o teólogo(e naturalista por Hobby) Charles Darwin chamou de seleção natural.

Uma das confusões muito frequentes que se faz com a seleção natural e a origem das espécies é sobre ser uma teoria. Na linguagem comum seria "algo que não pode ser provado". E não é assim. Teoria, pelo Discurso do Método de René Descartes, é estabelecido como algo que se sobrepõe às leis. Teoria é algo que suplanta o senso comum. Não é "algo não provado", como se supõe. Esse entendimento ajudou a quebrar vários falsos entendimentos no desenrolar das descobertas do naturalista. Não só da Teoria da Evolução, mas também da Teoria da Relatividade de Einstein. Ambas até hoje pouco entendidas. E há de se acrescentar que houve outra Relatividade. A de Galileu Galilei, que não era muito generalizada, mas rústica devido aos séculos em que foi desenvolvida. Mas o método científico ainda não era do conhecimento de muitos fora do mundo acadêmico.

Muitos que não são cientistas, concordam na prática com eles, ao assistirem TV, ao tomarem antibióticos ou usando um calendário que foi criado com base na medição da órbita da terra. Então por que cismam com várias Teorias que já as sustentam na prática. Essa inimizade entre Deus e a ciência sempre existiu? Essa e outras respostas aparecerão no decorrer do texto.

Desde meados do século XVIII começaram a aparecer vários questionamentos entre os naturalistas. Coisas como por que mamíferos machos possuem mamilos? Ou por que certos besouros que são incapazes de voar possuem asas que nunca se abrem? Neste contexto, além do naturalista sueco Carl Von Linneu, surgiu o francês Jean Batist Lamarck. Este último estabeleceu uma ancestralidade comum entre vários seres vivos, utilizando um mecanismo de uso e desuso. Mas isso não levava em conta o processo evolutivo dos vegetais, além de possuir brechas de falhas em suas hipóteses. Havia também o livro de Zoonomia de Erasmus Darwin, avô de Charles Darwin. Este não passava de uma junção de ideias especulativas, chamadas na época de transmutação. Estava claro que peças ainda faltariam neste quebra cabeça.

No século XIX já havia muitos naturalistas com estudos nessa área, contra ou a favor da transmutação. Havia o paleontólogo inglês Richard Owen, o maior especialista em macacos no início do século XIX. A ele devemos o nome dinossauros. Mas este era contra a transmutação. A descoberta de símios antropomorfos nessa época gerava um medo iconoclasta das consequências da aproximação entre tais animais e o ser humano.

Mas houve outros anteriores, ainda do final do século XVIII. Como Lamarck ou o reverendo Thomas Malthus, que fez tratados sobre a matemática da população humana(e ajudaria muito na descoberta da seleção natural) ou do geólogo Charles Lyell, autor de Principios de Geologia. Ou mesmo do teólogo naturalista William Paley, que foi responsável pela divulgação do que 200 anos depois ficaria conhecido como design inteligent. E esse medo do naturalista das descobertas da transmutação nem se deve ao fato de ser teólogo pois, além de Paley, o próprio Charles Darwin também era teólogo. Aliás, esta era sua única formação acadêmica. Paley desenvolveu a ideia de Deus como sendo "o grande relojoeiro". E este teria criado cada coisa minuciosamente. E não através de um processo transmutacional. E é por causa disso que ateus militantes fanáticos como Richard Dawkins escreveram livros como O relojoeiro cego, para confrontar os escritos do naturalista inglês do século XVIII. É uma guerra insana, que será tratada calmamente neste texto.

Tratando agora da geologia, como tema base originário para a seleção natural, convém demonstrar de onde saíram muitas das ideias de Darwin. No final do século XVIII, um filho de ferreiro inglês chamado William Smith seria o precursor do que viria a ser o primeiro mapa geologico do mundo. Como construtor de canais pôde descobrir que as rochas estavam arrumadas em camadas. E mais que isso, que os fósseis encontrados em uma camada eram muito diferentes dos fósseis das outras. Este mapa foi publicado em 1815, onde ainda não foi aceito na época. Havia ainda muita resistência. Enfrentando vários problemas familiares e resistências sociais, Smith ficou vagando pelo norte da Inglaterra até ser reconhecido em 1831 pela Sociedade Geológica de Londres e receber uma pensão vitalícia do rei Guilherme IV.

Essa descoberta foi possível devido a um fato peculiar. As ilhas britanicas, de forma única no mundo, conseguem exigir rochas de quase todas as épocas geologicas individuais. Desde a pré-Cambriana e a Cambriana(de 1 bilhão a 570 milhões de anos atrás) até o pleistoceno(cerca de 1,6 milhões de anos atrás). Por isso, talvez, a geologia ter nascido no Reino Unido.

Mas foram os ingleses seus únicos desbravadores? Claro que não! Houve pessoas até de outras áreas que colaboraram com isso. Quando, na virada do século XX, o geofísico e meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener foi taxado de aventureiro e irresponsável, ninguém ainda havia experimentado a sensação de que vivemos em balsas vulcânicas e que a terra não é fixa, mas que são placas de terra que se movem. Isso também veio a acrescentar às descobertas geologicas. Muitos não sabem, mas o continente da América do Norte pode ser mais nômade que a maioria dos seus habitantes.

Em se tratando da comprovação da Teoria, como cobram muitos, isso passa pela Teoria moderna da Evolução. E essa linha passa pela genética. Charles Darwin não tinha conhecimento de genética na época de suas anotações. Pudera, as descobertas de Gregor Mendel ele nem levou em conta. O que importava as descobertas botânicas de um monge austríaco perto do maior naturalista britânico? Então ele desconhecia certos detalhes que só foram elucidados após a sua morte. Mas, com a descoberta do raio X do DNA por Francis Crick e James Watson, em 1952, mudaria e muito o cenário. Muitos detalhes genéticos a partir de Mendel foram aproveitados por cientistas como Theodosius Dobzhansky, Ernst Mayr, George Gaylord Simpson e George Ledyard Stebbins. Estes foram os principais pais da chamada Teoria Sintética da Evolução. Esta tirava como base a mutação gênica, recombinação gênica e a seleção natural. As duas primeiras desconhecidas por Darwin. Dentro desses dois estão princípios e leis como o Princípio de Hardy-Weinberg, que tem como fórmula a equação P² + 2PQ + Q² = 1. Este principio trata da genética das populações, sendo P e Q ambos os gametas feminino e masculino, usados como base para a seleção natural. Este principio também é usado para monitorar reprodução de bactérias.

E dentro da Teoria sintética são reconhecidos três tipos de seleção natural: Estabilizadora(favorece fenótipos intermediários), direcional(favorece fenótipos extremos) e disruptiva(favorece os extremos e diminui os intermediários). E além disso existem as adaptações, que não se confunde com a evolução. Um caso de adaptação é quando pessoas vão viver em altitudes elevadas e tem sua configuração sanguínea mudada por isso. Mas a evolução muda os genes. Assim como ocorrem com as bactérias, que muitas mudam as espécies. Para ver essa mudança de espécie numa espécie maior, é preciso haver um período longo de tempo. Pois mudança de espécie é algo que demanda esforço. Quanto maior a espécie, pior. Ainda assim, um gorila chamado Ambam ganhou um comportamento peculiar entre os gorilas: Passou a andar como bípede, totalmente. E foi uma condição transmitida por três gerações. Isso foi um refinamento da seleção natural.

Mas seria o darwinismo realmente uma Teoria anti Deus? Se sim, ou não, quando foi que essa história surgiu? Antes de mais nada é interessante lembrar que o livro A Origem das Espécies começa e termina enaltecendo a Deus. Naquela época de 1859 ainda não havia o "Darwin agnóstico" que viria depois. Ateu então, nunca foi. Confusões como as discussões entre o bispo Wilberforce, de Oxford, e o naturalista Thomas Huxley(chamado buldogue de Darwin e criador do agnosticismo como linha metafísica) só fizeram parte do início das publicações de Darwin. No final do século XIX, tanto no Reino Unido, como nos EUA, não havia dúvidas sobre a veracidade da seleção natural.

A guerra entre o darwinismo e o cristianismo começou somente nos anos 20 do século XX, ou seja, cerca de 60 anos depois da publicação da primeira obra de Darwin. E iniciou no mesmo lugar em que esta batalha está até hoje, no cinturão bíblico norte americano. Ali, advogados e políticos como William Jennings Bryan, processaram o professor de Biologia John Scopes por ensinar evolucionismo em escolas de Dayton, no estado do Tenneesse(EUA), em 1925. Isso ficou conhecido como O Julgamento do Macaco. Bryan fazia parte de uma onda religiosa de direita recém nascida nessa parte dos EUA. Mas poucos sabem que ele era comunista. É isso mesmo! Bryan era um militante de direita socialista. Ele tinha medo do chamado Darwinismo Social. Achava que essa corrente iria acabar com a moral cristã no país. O professor Scopes perdeu o processo, teve que pagar uma multa de cem dólares, e foi proibido de ensinar evolução das espécies. O advogado de defesa de Scopes, Clarence Darrow, advertiu as consequências graves que aquela derrota causaria para a ciência do país. Isso além do fato do estado ser um dos poucos a ter uma lei dessa proibição no país. Esse processo atrasou a ciência nos EUA até os anos 60, quando o país revogou essa insanidade, por causa do atraso que esse atraso científico causava na corrida espacial. A famosa guerra nas estrelas, em disputa com a antiga URSS.

Com todos os erros de William Bryan, uma coisa ele não era. Tolo, ao ponto de imaginar que os seis dias da criação do genesis fossem literais. Ele não acreditava na ilusão do bispo irlandês James Ussher do século XVII, de que a terra teria um pouco mais de seis mil anos. Ninguém acreditava nisso no início do século XX, fossem criacionistas ou evolucionistas. Bryan cria naquilo que chamamos de criacionismo da terra antiga.

Essa ideia, hoje muito divulgada, de terra recente, só seria ressuscitada nos anos 60. Um livro chamado O Dilúvio do Genesis, escrito em 1961 pelo engenheiro hidráulico Henry Morris e o pregador John Whitcomb, da Igreja dos Irmãos, tratava que a bíblia deveria ser totalmente entendida de forma literal. Em dois mil anos de cristianismo era a primeira vez que a igreja cometia essa estupidez. Ali nasceram ideais como o Museu da Criação, em Petersburh, Kentuck(EUA). Um histórico apologético, ao estilo das covardias de Tomas de Aquino, que colocava na ciência um uso de comprovar a bíblia. Fato nunca antes visto na história da cristandade. Fato que faria o próprio Agostinho de Hipona, assim como o apóstolo Paulo, se revirar no túmulo.

No ano de 2005 houve mais uma das batalhas contra o ensino de Evolução das Espécies nas escolas norte americanas. Desde o 'Julgamento do Macaco' em 1925 que tentam retirar a Evolução do ensino das escolas, tendo tal ensino retornado após a década de 60. O ensino da evolução nunca foi incompatível com a fé cristã. E recentemente veio com um disfarce de DESIGN INTELIGENT. Isto nasceu no livro 'Of pandas and people', publicado em 1989. Veio como um criacionismo disfarçado de evolucionismo.

Atualmente, por causa do BILL OF RIGHTS(primeira emenda da Constituição dos EUA), que remete a separação entre Igreja e Estado, ficou praticamente impossível de retirar o ensino da evolução das escolas. O "Bill of Rights" diz que "O Congresso dos EUA não criará leis em relação ao estabelecimento da religião ou proibindo o livre exercício dela, ou cerceando a liberdade de opinião ou da imprensa;ou o direito das pessoas se reunirem de forma pacífica e de requererem ao governo a reparação de injustiças." Baseado nessa emenda, os criacionistas colocaram a proposta de ensinar ambas as coisas, criacionismo e evolucionismo, já que não poderiam mais proibir este último. O problema é que justamente nessa emenda que o Excelentíssimo juiz John Edward Jones, da Pensilvânia, se baseou para tornar o ensino criacionista inconstitucional em 2005, no chamado 'julgamento de Dover'. A emenda garante separação, e também que o estado não mais ensinará religião. Então, se fosse comprovado do design inteligente ser religião,estaria fora. E foi o que aconteceu. O interessante é que esse juiz é republicano, luterano, presidia o controle de bebidas alcoólicas do estado da Pensilvânia(EUA). Inclusive, ele proibiu a cerveja Bad Frog, devido a propaganda de um sapo fazendo gesto obsceno. E em 2014 também invalidou uma proibição de casamento gay no estado, permitindo aos gays de se casarem, por considerar que a proibição invalidava a décima quarta emenda constitucional. Apesar de republicano, protestante, de linha liberal econômica, ele tomava decisões de ambos os lados.

Em 2008, o Juiz John Jones recebeu o prêmio de Liberdade Religiosa da Associação Humanista Americana, devido a alguns processos julgados. Os recentes movimentos de 'escola sem partido' não visam somente criar uma 'muralha anti-comunista', mas criar uma espécie de estado com leis cristãs. Isso não só é imbecil, como é sem futuro. A moral da História é que a Deus nunca agradou essa história de tentar usar a moral judaico-cristã para moldar as leis e princípios desse mundo. Quem fizer tal estupidez, que responda e colha por isso. Evolução e criação são ideias complementares, não excludentes.

O livro A Origem das Espécies nunca foi um tratado ateísta, como muito se divulga. Essa obra inicia e termina louvando a Deus. Perto do fim da vida Darwin declarou:Para mim, parece absurdo duvidar que o homem possa ser um cristão fervoroso e um evolucionista. Este um lado de sua vida que poucos conhecem. Darwin faleceu como agnostico, não ateu.

"Não vejo razão alguma para que as opiniões desenvolvidas neste volume firam o sentimento religioso de quem quer que seja. Basta, além disso, para mostrar quanto estas espécies de impressões são passageiras, lembrar que a maior descoberta que o homem tem feito, a lei da atração universal, foi também atacada por Leibnitz, 'como subversiva da religião natural, e, nestas condições, da religião revelada'. Um eclesiástico célebre escrevia-me um dia, 'que tinha acabado por compreender que acreditar na criação de algumas formas capazes de se desenvolver por si mesmas noutras formas necessárias, é ter uma concepção bem mais elevada de Deus, do que acreditar que houvesse necessidade de novos atos de criação para preencher as lacunas causadas pela ação das leis estabelecidas'."

Charles Darwin, A Origem das Espécies

Referências Bibliográficas

1. DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Coleção grandes obras do pensamento universal. Tradução: André Campos Mesquita. Editora Lafonte. São Paulo, 2017.
2. DARWIN, Charles. A Origem do Homem e a seleção sexual. Grandes Obras da Cultura Universal. Tradução:Eugênio Amado. Editora Itatiaia. Belo Horizonte, 2004.
3. DARWIN, Charles. Viagem de um naturalista ao redor do mundo. Tradução: J. Carvalho. Editora Abril Cultural. São Paulo, 1978.
4.Scientific American HISTÒRIA. Volume VII. O Homem em busca das Origens. Editora Duetto. São Paulo,2005.
5. WONG,Kate. Evolução:Humano misterioso. Revista Scientific American Brasil. Ano 14. Nº 167. Editora Segmento. Abril, 2016. São Paulo.

A Trilha de um herói na região do Prata

Heróis! Como o cedro augusto
Campeia rijo e vetusto
Dos séculos ao perpassar,
Vós sois os cedros da História,
A cuja sombra de glória
Vai-se o Brasil abrigar.
(Castro Alves)

Quem foi este herói que os versos do poeta baiano foram usados para enaltecer? Era o marechal Manuel Luis Osório, herói da Guerra do Paraguai ao lado de personagens como Duque de Caxias. Mas quem era o marechal Osório? Aquele que ficou conhecido como Marquês de Herval? Quem foi este herói que em 2019 fez 140 anos de morto?

De origem gaúcha, Osório nasceu no dia 10 de maio de 1808, no município de Conceição do Arroio, atual município de Osório, na estância de seus avós maternos, no estado do Rio Grande do Sul, antiga capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Filho de Ana Joaquina Luisa Osório e Manuel Luis da Silva Borges, sendo este um simples furriel do exército(posto que equivaleria a um sargento do exército). Seu sobrenome estar atrelado ao lado materno se deriva, assim como de seus irmãos, de que a riqueza e o nome da família estarem ligados na parte materna. Participou de várias batalhas, como batalha do Prata, Guerra do Paraguai, Revolução Farroupilha e batalha da Cisplatina. Aos 14 anos já conhecia natação, a equitação e a dança. Montava qualquer animal bravio, fosse encilhado ou em pelo. Por diversão, tirava-lhe o freio depois de montado, fazendo-o disparar vertiginosamente. Presta muita atenção às narrativas de guerras que seu pai lhe faz.

Feito soldado da legião de São Paulo, onde não tarda a conhecer os riscos da guerra. Um mês depois era selecionado para as tropas que sitiam Montevideo(não esquecendo que esse país chamado Uruguai ainda não existia, mas era a chamada Província Cisplatina, de posse do Brasil). Ali tem contato com a artilharia inimiga, o que seria seu batismo de fogo.

Em 1824, um ano e meio após seu voluntariado, era nomeado cadete e depois alferes, servindo na primeira linha do exército, sob as ordens do coronel José Tomás da Silva. Assim que foi promovido a alferes pôde se transferir para a corte do Rio de Janeiro, capital imperial. Tendo oportunidade de estudar, coisas que os trabalhos da estância gaúcha e o exército não lho permitiam.

Em 12 de outubro de 1827 é promovido a 1° tenente, para o 5° regimento de cavalaria. Tem 19 anos, dos quais 4 foram com vários encontros e duas batalhas.

É chegado o ano de 1834, onde Osório, ainda tenente, assume a revolução ao lado de Bento Gonçalves. Isso se deve, também, a covardia de seu comandante de linha, capitão Mazzarredo. Abraça a causa Farroupilha, tanto que o novo governador colocado pelos rebeldes, Araújo Ribeiro, se dirija também a Osório. Mas o novo governador era um tolo irreconciliável. As batalhas recomeçam.

Quando descobre que seu filho tomou parte na revolução, e que boa parte dela quer a república, seu pai diz que lutará contra ele. Os dias eram tensos. Muitos revoltosos queriam somente suas pautas atendidas. Não queriam o fim do império. Nesse ponto, Osório não era diferente. Disse que estaria ao lado do pai. Batalhas, golpes e contra golpes se arrastam até 1845, onde em 25 de fevereiro é assinado a paz do Poncho Verde. Paz esta que teria traições aos farrapos mais tarde. Mas Osório foi delegado de paz,ao lado de Luis Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias.

Em 1852, após a rendição de Oribe no Uruguai, trata-se o Brasil de se por frente ao ditador Manuel Rosas, na Argentina. Osório, nesta época já um tenente-Coronel, se pôs em direção da Batalha de Monte Caseros. O regimento de Osório se coloca na divisão brasileira, comandada por Marques de Sousa. Com um efetivo de 28.000 homens, sob o comando de Urquiza, tendo como chefes principais o general brasileiro Marques de Sousa, os argentinos La Madrid e o Bartolomeu Mitre e o Coronel uruguaio César Dias, este a frente de 2000 homens. Depois este exército entra em Buenos Aires e Urquiza se instala no poder. Mas sempre a região do Prata foi essa tensão. Osorio foi designado para São Borja e esperaria até o maior conflito da América do Sul: A Guerra do Paraguai!

No início da guerra do Paraguai o Brasil praticamente não tinha exército. Havia a Guarda Nacional, mais dedicada ao policiamento interno. Os homens recrutados para as batalhas vinham dos empregados das fazendas, assim como alguns poucos da Guarda Nacional. O exército brasileiro formou-se na e para a Guerra do Paraguai. A sua maioria era composta, na realidade, de escravos. Os senhores então começaram a sentir sua mão de obra ir embora, daí pararam de mandar escravos. Faltou soldados. Foi aí que surgiram os Voluntários da Pátria,uma ideia falsa que apareceu com intuito de catar homens roceiros pelo mato, para lutar na guerra. Este quadro não se sustentou por muito tempo, pois os homens que chegavam eram fracos e doentes. Muitos morreram mais de doenças, que de guerra. Na retirada da Laguna, de acordo com o Visconde de Taunay, morreram muitos de cólera. Muitos oficiais, entre os quais Osório e o próprio Caxias, eram contra essas práticas. Mas o combate do Paraguai e a guerra particular contra Francisco Solano Lopez tinha outro destino. E este estava nas mãos nobres estúpidos como Gastão D’Orleaes, o Conde D’Eu. Este último que caberia ao selar do fim do Paraguai.

Osório tomou parte nas principais batalhas da região do rio Prata, que envolvia o sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Como sempre, havia casos de roubos de gado na fronteira gaúcha, tendo resultado nisso a revolução farroupilha, do qual Osório foi um excelente mediador, ao lado do então general Luis Alves de Lima e Silva, mais tarde conhecido como Duque de Caxias.

O velho general viria a morrer 10 anos antes do fim do império. Não veria o fim daquilo que ele e o pai dele lutaram para manter. Mas não tinha jeito. As guerras que eles participaram semearam isso.

Assim, no dia 4 de Outubro de 1879, vinha a falecer aquele que tinha sido um dos maiores heróis das batalhas do sul do Brasil. Uma torrente humana corre para a antiga casa da Rua do Riachuelo n°117 para se despedir do velho guerreiro. Sua estátua foi inaugurada em 12 de novembro de 1894, por Floriano Peixoto e em redor dela estavam os representantes dos povos do Prata. O Uruguai mandava gravar em bronze estas palavras - Campeão da Liberdade Sul Americana. Ainda existe o quadro de Pedro Américo: A Batalha do Avaí , que faz sua glorificação de guerreiro. Francisco Braga põe em música um hino que Leôncio Correia compusera e numerosos poetas vibram suas liras:

Caiu na arena o arcanjo da batalha
Mas não prericlitou sua memória
Envolvida nas dobras da mortalha
--- Que amortalhou seu corpo ungido em glória!

Três vezes zombara da metralha
Os laureis conquistando da vitória
Que esta pátria não tem lenda que valha
Uma página só da sua história!...

E é por isso que o povo brasileiro,
No próprio coração tem majestoso
Altar de culto pelo seu guerreiro.

O marechal gaúcho, temerário
--- O grande vulto do herói glorioso
Apelidado ---- Osório ---- o legendário!

Referências Bibliográficas

1) CHIAVENATO, Júlio José. A Guerra do Paraguai.Coleção: O cotidiano da História.Editora Atica. São Paulo, 1994.

2)MAGALHÃES, João Baptista. OSÓRIO:Sintese de seu perfil histórico.Biblioteca do Exército Editora.Rio de Janeiro, 1978.

Batalha do Avaí, General Osório. Quadro de Pedro Américo

domingo, 11 de agosto de 2019

A IGREJA PODE ACEITAR A TUTELA DO ESTADO E TENTAR MOLDAR AS LEIS DESTE?

Nem uma coisa, nem outra. Mas ocorre que desde Justino de Roma(100 - 165d.C.); conhecido como Justino, o Mártir, que se tenta, imbecilmente, moldar o estado em leis cristãs, ou mesmo convertê-lo. Mas isso dá certo? Até certo ponto, sim. Pois a sociedade fica mais sadia. Mas, como a Palavra de Deus não foi feita pra isso, depois vai tudo para o ralo.

Agostinho de Hipona(354-430d.C.), ao escrever "A cidade de Deus", tentava dar um conforto divino ao império romano. Conforta-los pelo saque visigodo em 410. Sorte dele não ter visto esse mesmo império devastado pelos vândalos. Sem falar nos hunos e nos heruclos. Como Agostinho morreu antes, não viu a cidade de Hipona, sua cidade natal, devastada pelos vândalos. Com respeito a Roma, os vândalos cercaram a cidade. A coisa foi tão feia que o mesmo papa Leão I veio pedir por clemência. Tanto fez que conseguiu uma promessa de moderação vândala. O bispo de Roma resolveu então, em sinal de boa fé, deixar os portões de sua amada cidade aberta aos bárbaros. Doce ilusão! Genserico, rei deles, resolveu ensinar ao mundo o verdadeiro significado da palavra vândalo. Os saques deixaram zerados os tesouros dos templos. A "Cidade de Deus" de Agostinho era agora consumida nas cinzas.

Outro desses casos de má gestão foi a Cruzada de Varna(1444). O rei Wladislau III da Hungria e da Polônia havia feito um tratado de paz com o sultão Murad II. Mas o cardeal Júlio Cesarini disse que "palavra dada a infiéis não vale". A consequência foi uma batalha, onde ao término dela os janizaros exibiam a cabeça do rei húngaro numa lança e o tratado de paz na outra. Chamavam o rei de perjuro. E depois sua cabeça foi levada para a corte otomana; o resto da cavalaria polaca foi destruída pelo exército otomano. E o cardeal? Foi morto por tropas húngaras, onde na cabeça deles a guerra era culpa dele. Saldo do dia: Milhares de cruzados mortos e outros escravizados. Também vários turcos. Em seu retorno, o chefe do exército húngaro, João Corvino, líder dos cavaleiros brancos da Hungria, tentou desesperadamente salvar o corpo de Wladislau III, mas a única coisa que pode fazer foi organizar a retirada do que sobrou de seu exército. Ele sofreu milhares de casualidades e seu exército foi completamente aniquilado. Muitos prisioneiros europeus foram assassinados ou vendidos como escravos. E tudo por quê? Porque algum trouxa, que obviamente já deveria estar ardendo no inferno àquela altura, disse que Deus compra as batalhas da igreja na terra.

Outro situação foi a ousadia estúpida do papa Gregorio VII, que era o cardeal Hildebrando, em relação a monarquia germânica da Europa Central da alta idade média. A cena que se passa é no Castelo de Canossa, na região da Toscana, Itália Setentrional. Final do século XI. O papa Gregorio VII se recusa a receber o imperador Henrique IV, do Sacro Império. O imperador Henrique IV fez vários decretos mundanos para os bispos alemães. E o papa queria interromper isso. E o imperador estava disposto a morrer congelado para receber o perdão do sumo pontificie. Este recebe-o muito tempo depois. O imperador se ajoelha e beija o anel papal. Vitória, ao menos temporária, do papa. Porém, cerca de quatro anos depois, o imperador invade Roma e faz o papa morrer no exílio. Não há derrotas salutares, mas há vitórias infelizes. Poucas vitórias custariam caro à uma "igreja militante do mundo secular" como o conflito em Canossa. Pois fez surgir duas ideias falsas, a saber:

1°) Que Deus tomaria partido de sua Igreja em um conflito com o mundo secular.

2°) Que poder temporal, sendo cristão, deveria ser submisso ao poder eclesiastico.

A deposição do papa Bonifácio VIII, mais de 200 anos depois, seria a consequência dessa ilusão....

TEORIA DA EVOLUÇÃO NÃO PODERIA SER PROVADA POR SER TEORIA?

Não. Isso é linguagem chula do povo em geral. Quem já estudou metodologia científica sabe disso. A Teoria da Evolução de Darwin não tinha esse nome quando foi criada. Isso só passou a ser chamado assim nos EUA do século XX, quando surgiu o famoso termo, hoje conhecido como 'fundamentalismo', que falava de uma terra de 6.000 anos de idade. E quem já leu o livro A ORIGEM DAS ESPÉCIES, de Charles Darwin, sabe que lá não existe esse termo 'evolução', nem o livro trata da espécie humana.

Mas essa 'idade da terra' só apareceu quando? Só no meio do século XX, como consequência da briga de 1925 no chamado 'julgamento do macaco'. William Jennings Bryan, o criacionista fundamentalista que foi contra o prof Scopes, era um comunista do partido democrata, que também acreditava que o capitalismo era 'obra do diabo'. Provavelmente o era por causa do 'darwinismo social'. O darwinismo social parecia, aos olhos dos cristãos interioranos norte-americanos, uma coisa terrivelmente ameaçadora. Porém nenhum dos criacionistas do inicio do século XX cria numa terra de 6.000 anos. Ninguém sério cria nisso. Fossem evolucionistas ou criacionistas. A guerra entre criacionistas e evolucionistas não se deu na Inglaterra vitoriana do século XIX. Se deu no chamado 'cinturão bíblico norte-americano', que aliás é onde essa briga insana está até hoje. Esse povo só precisa parar de tentar provar que Deus existe. O homem é que gosta de apologética. Deus não. Há fundamentalistas para todos os lados.

Esse termo "fundamentalismo" foram os criacionistas norte-americanos do século XX que criaram. Mas tinha uma diferença: Até a chegada dos primeiros fundamentalistas, nem criacionistas, nem evolucionistas, acreditavam numa terra de 6000 anos de idade. Ninguém era estúpido a esse ponto. Não há passagem biblica dizendo a idade da terra. A biblia não foi escrita pra isso.

Por fim, a definição de TEORIA, de acordo com a METODOLOGIA CIENTÍFICA, não é "algo que não possa ser provado". Essa definição de 'algo não provado' chama-se HIPÓTESE!!! TEORIA é uma nomenclatura(ou seja, dá nome) a um conjunto de leis, todas comprovadas. Então não existe comprovação de teoria, mas comprovação das leis que compõe aquela teoria. Mas Teoria não significa isso que esse povão fala. Onde aprendi isso? Na faculdade? Não! Quando cheguei na graduação eu já sabia disso, através de autodidática estudando em casa. Então, se analisar corretamente, a prática do homeschooling(estudar em casa) nem estaria incorreta. Incorreto está o medo desse povo de estudar certas coisas, de ter uma mente que mais parece cavalo, pois usa cabresto e freio, do contrário não obedecem, como diz a bíblia(Sl 32:9).

terça-feira, 6 de agosto de 2019

O castelo do terror

Esta é a fortaleza da Conciergerie, às margens do rio Sena, em Paris na França. Um castelo construído ainda nos tempos dos reis merovíngios, já servindo a inúmeros propósitos. Desde sede do conselho real, nos tempos do rei Hugo Capeto(941-996), passando a ser prisão estatal nos tempos do rei Carlos VI(1368-1422), até virar Palácio da Justiça e prisão do terror nos tempos da Revolução Francesa. Sua prisão era úmida, infestada de ratos, era conhecida como antecâmara da morte.

Nesta fortaleza, em 29 de julho de 1794, portanto há 225 anos atrás, era silenciada a voz da jovem nação francesa. Era preparado Maximilian Robespierre para ser decapitado na guilhotina. O terror que o líder da esquerda francesa inspirara no país agora se voltaria contra ele. Os girondinos, a direita francesa, se aproveitavam do terror da esquerda para tomar o poder. Mas, como começaram a tomar medidas impopulares a partir dali, resolveram pedir ajuda a um capitão do exército que era jacobino. Este capitão era um herói no exército pelas vitórias conquistadas frente aos austríacos. Logo esse capitão chegaria a general. Os girondinos tiveram ele como ideal da França. Um militante da esquerda agora era o pulso firme que a direita usaria para controlar a própria esquerda.

Porém essa liberdade que a direita usufruiu não demoraria muito. Assim, em 9 de novembro de 1799, esse general daria o famoso "Golpe 18 Brumário" e se tornaria Consul vitalício na França. Mais cinco anos e ele se auto coroava imperador dos franceses. Seu nome era Napoleão Bonaparte. Parece com algumas histórias conhecidas? Pois é. Um dia é da caça, outro do caçador.

LIBERTÉ, EGALITÉ, FRATERNITÉ!!!

sexta-feira, 26 de julho de 2019

BHASKARA NÃO USAVA FÓRMULAS

Todos os estudantes de matemática, a partir do 9º ano do ensino fundamental, já tiveram experiência com raízes de equações do 2º grau, ou até mesmo com funções quadráticas, no sentido mais geral do termo.

O número de raízes de uma equação é nada mais, nada menos, que o número de respostas da equação que satisfazem as sentenças como verdadeiras. Ou seja, raízes de uma equação são os elementos do conjunto verdade dessa equação. Portanto, uma equação vai ter tantas raízes quantas forem o grau dessa equação. Na matéria de números e polinômios complexos(hoje banida do ensino médio, só se leciona no ensino superior) se aprende também que o número de respostas de uma raiz equivale ao índice dessa raiz, sejam suas respostas reais ou complexas. Assim a raiz quadrada possui duas respostas; a raiz cúbica possui três; a raiz quarta, quatro, etc.

Com respeito as equações do 2º grau, usa-se a chamada “fórmula de Bhaskara” para dar a resolução e achar suas raízes. Acontece que a tal fórmula nada tem a ver, absolutamente, com o matemático indiano. Aliás, em sua época, a álgebra nem estava desenvolvida para isso. Bhaskara resolvia equações quadráticas, mas ele o fazia preenchendo quadradinhos, não usando a fórmula que usamos o seu nome. Desta fórmula, que só nasceria bem mais tarde, Bhaskara nunca ouviu falar.

O nome de Bhaskara relacionado a esta fórmula, aparentemente, só ocorre no Brasil. Não encontramos esta referência na literatura internacional. Em nenhum outro lugar do mundo existe a chamada “fórmula de Bhaskara”, atribuida ao indiano. A nomenclatura "fórmula de Bhaskara" não é adequada, pois problemas que recaem numa equação do segundo grau já apareciam quase quatro mil anos antes, em textos escritos pelos babilônios, nas tábuas cuneiformes. Nesses textos o que se tinha era uma receita, escrita em prosa, sem uso de símbolos matemáticos, que ensinava como proceder para determinar as raízes em exemplos concretos, quase sempre ligados a relações geométricas.

No Brasil, por volta de 1960, o nome de Bhaskara passou a designar a fórmula de resolução da equação do 2º grau que conhecemos. Não se vê essa nomenclatura em outros países, mesmo porque não foi ele quem a descobriu. Historicamente existem registros da existência dessa resolução a cerca de 4000 anos atrás, em textos escritos pelos babilônios. Naquela época não existia a simbologia utilizada hoje, ou seja, não havia a fórmula atual, mas sim uma espécie de "receita" de como proceder para encontrar as raízes da equação quadrática. Na Grécia (500 a.C.) também já se conhecia a resolução de algumas equações e era feito de forma geométrica. O método empregado por Bhaskara nas resoluções das equações quadráticas é do matemático indiano Sridhara (870-930 d.C.) e reconhecido pelo próprio Bhaskara. A fórmula para extrair essas raízes veio com um matemático francês, François Viète(1540-1603), que foi quem procurou dar um tratamento mais formal e algébrico para obter uma fórmula geral.

Bhaskaracharya foi um dos mais importantes matemáticos do século XII, graças aos seus avanços em álgebra, no estudo de equações e na compreensão do sistema numérico - avanços esses que os matemáticos europeus levariam séculos ainda para atingir. Suas coleções mais conhecidas são: Lilavati que trata de aritmética; Bijaganita que discorre sobre álgebra e contém vários problemas sobre equações lineares e quadráticas com soluções feitas em prosa, progressões aritméticas e geométricas, radicais, ternas pitagóricas entre outros tópicos; Siddhantasiromani, dividido em duas partes: uma sobre matemática astronômica e outra sobre a esfera.

Bhaskara, que nasceu em 1114 na cidade de Vijayapura, na Índia, também era conhecido como Bhaskaracharya . Ele não deve ser confundido com um outro matemático indiano, também chamado Bhaskara, que viveu no século VII. Naquela época, na Índia, os ensinamentos eram passados de pai para filho. Havia muitas famílias de excelentes matemáticos. O pai de Bhaskaracharya era astrônomo e, como era de se esperar, ensinou-lhe Matemática e Astronomia. Bhaskaracharya tornou-se chefe do observatório astronômico de Ujjain - na época, o centro mais importante de Matemática, além de ser uma excelente escola de matemática astronômica, criada pelos grandes matemáticos que ali trabalharam.

Mais tarde, esse entendimento quadrático seria usado pelos advogados, e pais da Geometria Analítica, Renè Descartes(1596-1650) e Pierre Fermat(1601-1665). O próprio entendimento algébrico sobre as cônicas advém disso. Ao revirar a coleção matemática de Pappus de Alexandria, Fermat acabou instituindo o princípio fundamental da Geometria Analítica, onde diz que sempre quando uma equação tiver duas variáveis, os pontos que a satisfazem formam uma curva.

Bhaskara obteve grande reconhecimento pelas suas importantes contribuições para a Matemática. Em 1207, uma instituição educacional foi criada para estudar o seu trabalho. Em uma inscrição medieval, num templo indiano, podemos ler: “Triunfante é o ilustre Bhaskaracharya, cujos feitos são reverenciados tanto pelos sábios, quanto pelos instruídos. Um poeta dotado de fama e mérito religioso. Ele é como a crista de um pavão".

sexta-feira, 5 de julho de 2019

A RELIGIÃO CANANITA

Após o dilúvio de Noé, os povos da terra se dividiram nos três continentes conhecidos(Ásia, África e Europa). Tendo esses troncos sido gerados pelos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. Que parte geográfica ficou para cada filho é outra história, além de discutível. Não se sabe da data, a não ser que algum infeliz queira contar as genealogias(o que não recomendo),como fez o teólogo e bispo irlandês James Ussher(1581-1656). Daí veio um erro bem grotesco, que tenta estipular a idade da terra em 6.500 anos. Não se enganem, a bíblia não trata da idade da terra, pois não é um livro científico, nem foi feita para isso.

Quando Sem,Cam e Jafé se distribuíram, geraram os povos semitas(donde vieram os israelitas), camitas(donde vieram os egípcios, etiopes e povos cananeus em geral) e os descendentes de jafé, que chamaremos de 'indo-europeus',pois indianos, persas, medos e europeus são parentes. Para quem gosta da análise bíblica, em seus ramos genealógicos, com respeito aos filhos de Jafé, que eram filhos de Noé: Maday(pai dos medos e persas) e Magogue(pai dos russos e alemães). A descrição disso encontra-se em Gn 10:1,2. Embora todo trato com genealogias bíblicas devemos ter cuidado, para evitar absurdos fanáticos.

O filho mais velho de Cam, chamado Canaã, gerou uma série de povos na península arábica que tinham por terminação em seus nomes o termo "eus". Ou seja, JebusEUS, FerezEUS, amorrEUS, filistEUS, GirgasEUS, etc. Mas por que os filhos de Israel eram chamados HEBREUS, se não eram cananeus? Porque quem os chamou assim foram os egípcios, pois os tomaram por cananeus. Tanto que essa nomenclatura desaparece após o êxodo. Lembrando que o nome "hebreus" deriva de serem descendentes de Héber(Gn 11:16), somente estando errados os egípcios por considerarem os filhos de Abraão como cananeus.

Os povos cananeus tinham cultos e religiosidades bizarras e brutais, muitas vezes referidas na bíblia, onde a sexualidade nos cultos era frequentemente estranha. Cultos de vários baals em templos cananeus testificam isso, como os rituais dos cartagineses, no norte da África.

Nesses rituais havia homossexualidade, pansexualidade, heterossexualidade, enfim tinha de tudo. Existia o termo SODOMIA, que em princípio era adjetivo pátrio, mas logo se tornou sinônimo de estupro, não somente homossexualidade. Sodomia viria a ser uma espécie de pansexualidade, portanto indo bem além da homossexualidade. Era um conceito bem amplo. Está relatado em Lv 18:22 e 20:13. Existiam os efeminados, que já eram outras coisas completamente diferentes. Estes estão relatados em Dt 22:5. O contexto de surgimento dos efeminados não veio da sociedade caucasiana(descendentes de Jafé), mas de povos cananeus. Os povos cananeus, que mal tinham contato com a Grecia antiga. Muitos eram sacerdotes de Baals, como Astarote. Os sacerdotes "incorporavam" Astarote nos cultos, tendo relações com as sacerdotisas no ato. Ou seja, muitos efeminados eram heterossexuais.

Em regra, não existe essa fantasia de 'demonios femininos',mas o ser humano cria coisas, como o nome 'belzebu',por exemplo. E na antiguidade o povo de Israel desconhecia a história de demônios, ou no máximo fantasiava muito as suas origens. Apenas existia uma categoria de deuses chamada Baals ou Baalins. Baal nunca foi nome de deus nenhum. Nenhuma divindade se chamava Baal. Do mesmo jeito que hoje, se perguntarmos a alguém, que divindade do candomblé tem o nome de Orixá, responderão que nenhuma. Orixá é uma categoria de deuses. A mesma coisa é Baal. Baal não é nome de ninguém, mais existem vários Baals. Um deles era Baal Zebube, divindade das moscas. Está descrito em 2° Re 1:3. Mas daí uns judeus encolheram esse nome para Belzebu, o que ficou famoso depois.

Outro caso de confusão histórico-biblica é sobre MOLOQUE! Nunca existiu nenhum deus chamado Moloque. Moloque era o nome do sacrifício ao Baal chamado Melkart, ou Baal Melkart. Ele recebia sacrifícios de crianças. Este era um ritual medonho de se assistir, pois as crianças eram colocadas nas mãos da estátua em estado fervente. Mas muitos confundem o verso Lv 18:21, como se referindo a divindade de moloque, quando na verdade o nome "moloque" se referia ao sacrifício. Mais tarde essa divindade acabaria tendo o nome de Moloque para aqueles que interpretavam....

Sacrificio de moloque ao Baal Melkart

domingo, 28 de abril de 2019

A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO OCIDENTAL

Roma, a lendária. A vitoriosa. A capital dos césares. Maior que Atenas, maior que Alexandria, maior que Antioquia. A maior do mundo nos dias áureos de seu glorioso império. A primeira cidade da terra a possuir um milhão de habitantes. Sua ascensão e queda foram profetizadas por Daniel, quando ainda estava em vigor o império babilônico. Muitos, inclusive o teólogo Agostinho de Hipona, associavam a sua glória, na época já decadente, a conversão do cristianismo. Ao escrever 'Cidade de Deus', Agostinho deu vida àquilo que mais tarde viria ser conhecido como civilização judaico-cristã, que segundo muitos segura as normas da chamada 'civilização ocidental'. Era uma ideia perfeitamente estúpida, mas as pessoas dos séculos IV e V estavam dispostas a crer em qualquer coisa. É como se fosse um livro de auto ajuda dos fins da antiguidade.

Roma, como império, surgiu em 27 a.C. , após a batalha de Ácio. Foi quando Otávio Augusto assumiu toda a república romana como 'príncipe do senado e imperador das legiões'. Maquiavel fala disso, em tom elogioso, em seus escritos. A Roma republicana era uma sucessão de guerras civis, que até traziam vitórias, como as guerras púnicas, mas guerras como de Mário e Sila consumiam os cofres da república. Mas Otávio, agora chamado de Augusto(título que se estenderia aos outros imperadores), levaria Roma a fronteiras inimagináveis. A partir dali o império passou a estender suas fronteiras, que iam da Síria até a Bretanha, ainda envolvendo o norte da África e o Egito. No fim do século II, já com o imperador Marco Aurélio, Roma havia atingido o máximo de sua extensão.

A partir do início do século III começa a decadência. Por quê? Porque a larga extensão do império não comportava mais só possuir súditos da península italiana como seus cidadãos. A cidadania era almejada por muitos. E não só isso, mas a própria Roma precisava estender essas cidadanias para poder suprir as fileiras de seu exército. A ganância estava abrindo as portas para a destruição. Quando, em 212 d.C., o imperador Caracala concedeu cidadania a todos os súditos livres, foi estabelecido um elo comum. Daí um cidadão romano passava a ser uma espécie de 'cidadão do mundo'. Povos bárbaros de todos os cantos(aqui uso o termo grego para a etimologia de bárbaro, ou seja, aqueles que falam idiomas desconhecidos) agora vinham engrossar as fileiras do império. Isso ao ponto do pai do último imperador romano Romulo Augusto, Orestes, ser de etnia dos godos. Após a ascensão de Alexandre Severo, houve em 50 anos, 43 imperadores. Todos generais. Mas a disputa era letal. Trinta e sete deles pereceram de morte violenta. Quando muitos analisaram a possível queda do império e a religião, confundiram os sintomas com a doença. Não tinha mais como salvar o glorioso império. Bárbaros de todos os cantos forçavam as fronteiras. E quando o império caiu, todos esses grupos partilharam seus despojos.

O primeiro saque que Roma sofreu na História foi de Brennus, chefe das tribos celtas da Gália Transalpina. Foi em 350 a.C., e arrasou a cidade. Após devastar o exército, pronunciou a famosa frase "Vae Victis"(pobres dos vencidos). Então, em 410 d.C., quando Alarico, rei dos visigodos, saqueou a cidade, o primeiro saque ainda estava na memória.

No final do século IV um povo, até então desconhecido, começou a invadir a Europa:Os Hunos! Estes eram bárbaros tártaro-mongóis, parentes dos chineses, que vieram a cavalo da fronteira da China, em busca de terras. Com essa invasão, bárbaros germanos, como os godos do oeste(visigodos) ou do leste(ostrogodos) buscaram refúgio dentro das fronteiras do Império Romano. Roma aceitou refúgio, desde que se alistassem no exército, e ajudassem a proteger as fronteiras. Foi um erro grotesco. Como os romanos exploravam os godos em suas fazendas, estes se revoltaram. Foi preparada uma batalha, nas planícies de Adrianópolis, dentro da Sérvia atual. As legiões do imperador Valentiniano puderam contar com que viram: Cerca de 20.000 guerreiros visigodos na planície. Porém só não contaram com que não viram, a cavalaria dos ostrogodos, que descia a montanha como raios de tempestade. Cercaram as legiões, formando um cinturão. O próprio imperador Valentiniano jazia morto no campo de batalha. Os godos ganharam o direito,a partir daí, de se estabelecer dentro das fronteiras do Império. Desde meados do século III que o exército romano contratava bárbaros germânicos para suas fileiras. Isso era perigoso, pois estes retrocediam aos seus povos após a guerra, levando as estratégias romanas com eles. O fim parecia estar perto.

O fim veio no fim do século V, quando o império só era uma sombra do que fora outrora. Átila, rei dos Hunos, forçou as fronteiras do império por vários lados. Isso obrigou Aecius, general romano, a formar uma aliança com povos bárbaros, como francos, suevos e visigodos. Tudo se desenrolou na Batalha de Chalons(451), no que hoje seria a região de Champagne, na França. Vitória romana. Mas os 'aliados' viriam a cobrar seu preço mais tarde. Quanto a Átila, este voltaria. Um ano depois Átila cercaria Roma. O papa Leão I veio implorar por um acordo. Conseguiu que os hunos fossem embora. Átila morreria pouco depois.

Porém o cerco dos hunos despertou outros povos, como os vândalos, do norte da África. Grupo germânico que veio descendo a Europa, até que pela Espanha invadiu o norte da África. Agostinho, ao escrever "A cidade de Deus", tentava dar um conforto divino ao império. Conforta-los pelo saque visigodo em 410. Sorte dele não ter visto esse mesmo império devastado pelos vândalos. Sem falar nos hunos e nos heruclos. Como Agostinho morreu antes, não viu a cidade de Hipona, sua cidade natal, devastada pelos vândalos. Com respeito a Roma, os vândalos cercaram a cidade. A coisa foi tão feia que o mesmo papa Leão I veio pedir por clemência. Tanto fez que conseguiu uma promessa de moderação vândala. O bispo de Roma resolveu então, em sinal de boa fé, deixar os portões de sua amada cidade aberta aos bárbaros. Doce ilusão! Genserico, rei deles, resolveu ensinar ao mundo o verdadeiro significado da palavra vândalo. Os saques deixaram zerados os tesouros dos templos. A "Cidade de Deus" de Agostinho era agora consumida nas cinzas. O Império resistiria, a trancos e barrancos, até 476 d.C., quando Odoacro, rei dos Héruclos, destruiria o que restava do Império. Era o início da idade média europeia.

Ao comparar essa queda, muitos incautos podem associar com a Europa e seus imigrantes sírios. Mas não é. Quem se aproxima deste fim são os EUA. Do mesmo jeito que Agostinho, muitos escritores cristãos falam da "glória da América como região de Deus". Mas cristãos reais sabem que não é. A Europa está entrando numa era de metade xenofobia, metade secularismo. Os EUA estão no sentido oposto. Mas cometem o mesmo erro que Roma cometeu no século III: Estender a cidadania norte-americana a todos os povos. E com uma missão com tendências civilizatórias. Tal qual Agostinho. Por isso que, assim como Roma, não cairá devido a invasão. Nenhum grupo bárbaro se atreveria a invadir Roma. O império caiu porque implodiu de dentro para fora. As invasões não foram sua doença, mas os seus sintomas. E, assim como ocorreu no século V, muitos vão imaginar que será o fim do mundo. Mas não será, como não foi na época. A civilização humana sobrevive a mais coisas do que isso...

segunda-feira, 4 de março de 2019

O ESTADO LAICO SEGUNDO MARSÍLIO DE PÁDUA

Estamos em pleno século XIV. Época de três coisas que abalaram a Europa e também a cristandade: O cativeiro de Avinhon, a disputa imperial entre Luis da Baviera(mais tarde imperador Luis IV do sacro império) e Frederico da Áustria e a peste negra, que foi o maior desastre biológico na história da humanidade. Era de se esperar que essas confusões haveriam de balançar a fé dos cristãos medievais.

Dominados pelo raciocínio da escolástica como os europeus estavam, sob as sombras de escritos como 'A Suma Teológica' de Tomás de Aquino(1225-1274) ou até sob o misticismo de John Scotus(810-877), monge místico irlandês que foi colaborador do espalhar da heresia mariana no ocidente, os europeus viam os escritos de Marsílio de Pádua(1275-1342) com desconfiança. Escritos como 'defensor pacis'(defensor da paz), em que separa completamente a teologia do direito, foram vistos como apostasia.

Dentro do sistema proposto por Marsílio de Pádua, o Papa não poderia intervir no Império e o príncipe estaria assim totalmente livre da ameaça de excomunhão por parte do Papa. A legitimidade do poder daquele que deve governar, e mesmo a autoridade daquele que deve interceder pelas almas, está agora nas mãos da universalidade dos cidadãos, o legislador humano fiel. O clero está então reduzido a funções rituais. Caberá a ele a cerimônia, as celebrações dos ofícios, a pregação, a advertência dos pecadores, e poderá ser consultado pelo príncipe quando estiver em jogo a saúde espiritual do povo. Segundo Marsílio, "os príncipes, agindo conforme as leis, a força e a autoridade, que lhe foi confiada, deverão precisar os demais grupos sociais ou ofícios da cidade, a partir da matéria conveniente, quer dizer, as pessoas dotadas com essas ou aquelas aptidões ou hábitos específicos para exercê-los".

Marsílio de Pádua argumentava ainda que, quando Jesus falou aos discípulos que, por amor da verdade, eles seriam conduzidos à presença dos reis, não estava o Cristo falando que deveriam eles governar; pois o próprio Jesus não governou e ainda disse a seus discípulos que estes de modo nenhum podem ser maiores que o seu mestre. Portanto, se Cristo não governou, os apóstolos também não podem governar no âmbito civil. Isto combina com a fé dos anabatistas, como Thomas Muntzer(1489-1525) ou Félix Manz(1498-1527), que seguiam as ideias de Marsílio mesmo sem o saberem.

As confusões geradas por isso foram tanto religiosas, como civis. O papa João XXII, antigo cardeal Jacques de Cahors, que assumiu o trono pontifício com 72 anos, acobertado pelo rei Felipe V da França, não via nem Marsílio, nem os 'Fraticelli'(franciscanos a favor da pobreza incondicional)com bons olhos. E a disputa pelo trono do Sacro Império Romano(que segundo Voltaire não era nem sacro, nem império,nem romano) viria a piorar as coisas. Mas o que estava acontecendo na Germânia imperial naquela época?

O papa João XXII acreditava, assim como seu estúpido antecessor Bonifácio VIII, que o papa tinha exclusivo direito de investidura sobre os príncipes cristãos. Ora, aconteceu que 1314 foi eleito imperador, pela maioria dos alemães(na verdade eram os nobres que elegiam), Luís da Baviera. Uma minoria, porém tinha escolhido a Frederico da Áustria. Ambos os eleitos pediram o reconhecimento do papa, mas João XXII se mostrou neutro. Luís IV assume o trono em 1314 e começa a combater Frederico numa luta interna. Em 1322 ele vence o opositor e se torna único Senhor da Alemanha, depois de prender Frederico. Mesmo assim o papa João XXII não quis reconhecê-lo como Imperador da Alemanha, alegando que em caso de eleição dividida cabia ao pontífice decidir e não ele decidi-la pelo uso da força. A crise aumentou por causa da administração da Itália: esta, em caso de vacância do trono imperial da Alemanha, deveria ser administrada pela Santa Sé. João XXII fez uso deste direito enquanto durava a luta na Alemanha confiando ao rei Roberto de Nápoles, a administração italiana. Luís IV não quis tolerar este estado de coisas, nomeando em 1323 o Conde Bertoldo Neiffer como seu representante na Itália. O Papa João XXII então intimou-o, sob pena de excomunhão, a depor o conde dentro de três meses e esperar que a Santa Sé decidisse a questão da legitimidade. O Imperador Luís IV alegou que o papa não tinha o direito de se intrometer em questões internas da Alemanha e depois de acusá-lo de favorecer hereges apelou para a convocação de um Concílio Ecumênico a fim de julgar o caso. Acontece que um papa não pode ser julgado por um Concílio, mas a ideia de se convocar um Concílio acima do papa começaria a ganhar força a partir de então. Como consequência, o papa João XXII excomungou o Imperador Luís IV em 23 de março de 1324. Este reagiu com um libelo onde acusava o papa de herege e perturbador da ordem pública. Novamente voltou a pedir um Concílio Ecumênico para julgar João XXII. Dessa forma entrou em curso o último grande conflito entre o Papado e o Império ( Sacro Império Romano Germânico ) na Idade Média.

O imperador Luis da Baviera teve êxito em sua disputa, até vários anos mais tarde, quando entraria em conflito com Carlos da Morávia, que assumiria o trono imperial como Carlos IV. Mas a disputa contra o papa, que colocava o religioso acima do secular, estava vencida. Mas por que isso ocorreu? É aí que entra Marsílio de Pádua, onde foi reitor da Universidade de Paris entre dezembro de 1312 e março de 1313, não mais poderia continuar por lá. Marsilio tomou partido do imperador, tendo que fugir da França, para ficar sob a proteção do imperador Luis IV. Porém os próprios imperadores da Alemanha, reis da França e da Inglaterra não mais dariam razão ao clero de forma incondicional. Além disso, imperícia política, aliada a falta de recursos do imperador para manter o exército, os saques, somados às tropas enviadas contra ele por João XXII, fizeram com que os romanos se revoltassem e o imperador tivesse que recuar para o norte da Itália e, por fim, voltar para Munique. Sendo assim, Marsílio, acompanhou o imperador na fuga para o norte. Porém a batalha entre o clérico e o secular estava selada. Cerca de trinta anos após sua morte, haveria uma cisma papal em que coexistiriam três papas. Foi preciso o Concilio de Constança(1415) para acabar com isso. Todos esses passos abriram as portas para a Reforma Protestante, assim como o secularismo europeu, sob a bandeira pacifista de Hugo Grotius, após a Guerra dos Trinta Anos(1618-1648). Por isso que sempre digo que resistir a isso é 'dar socos em pontas de facas'.

A idade média e o teocentrismo para governos civis estavam acabando. Seu xeque mate seria dado na Revolução Francesa em fins do século XVIII e a filosofia de Friedrich Nietzsche(1844-1900). Infelizmente, muitas coisas inocentes também pagaram o pato com isso. Mas esta foi a colheita de uma igreja teimosa, que defende para si o que não lhe compete. Nosso universo de ser cristão ultrapassa muitas vezes tudo isso. A paz de Cristo a todos!

"Mas a nossa pátria está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas." Filipenses 3:20,21

Meu retorno ao Facebook após os desgastes dos últimos anos

Resolvi voltar ao Facebook com perfil novo, vida nova e educação nova também. No perfil antigo, tanto atacava ideias, como fui atacado. Os conflitos de ideias aconteciam. Agora sou da paz. Mas uma paz com leis, estabelecidas por mim no novo perfil do Facebook. Quem faltou com respeito não mais faltará, por isso muitos não serão aceitos no meu novo perfil. Principalmente aqueles que me tinham como 'apóstata' ou 'blasfemo' do cristianismo. Não necessito mais explicar tais coisas a pessoas que parecem ter o raciocínio de um babuíno. Sou protestante anabatista. Se alguém quiser, explico historicamente a origem disso. Eu me reúno com pessoas para estudos bíblicos e oração nos lares. Agora já tem até mais grupos pretendidos. Estou tentando entrar em contato com mais grupos no estado de Santa Catarina, através do meu blog, onde há áreas de imigração alemã e suíça, donde essa cultura cristã inicialmente surgiu. Muitas novidades prometem nesse ano de 2019.

Quem recebeu um convite meu, sabia que nunca houve desacato ou desentendimento entre nós. Aos demais, não serão aceitos convites. Não adianta insistir. Sob nenhuma alegação. Porém podem vir comentar na minha página, se quiserem. O meu perfil foi e sempre será público. Respostas em desacato serão deletadas, quantas vezes for preciso. E isso sem aviso prévio. Não bloqueio ninguém, pois não creio que isso traga algum aprendizado. Muitos não serão enviados convites, mas serão aceitos se enviarem. Simplesmente não envio porque enquanto estiveram no meu perfil, não participavam.A rede social serve pura e simplesmente para divulgar meus textos aqui do blog.

O meu primeiro perfil durou oito anos. No início eu não postava quase, pois era adepto da ÚNICA rede social que me serviu na vida: O Bolsa de Mulher! Site idealizado pela empresária gaúcha de mídias sociais Andiara Petterle, o Bolsa foi anterior ao facebook para mim, pois me serviu como minha 1ª rede social na vida. Lá aprendi sobre liberdade em relacionamentos, coisa esta que muitas amizades evangélicas que tenho rejeitam até hoje. Não lhes devo explicações. Eles não estão interessados nisso. Neste primeiro perfil de facebook cheguei a ser expulso de mais de 200 páginas(sem exageros). Em uma delas, entitulada "fora Jean Wyllys", que tinha mais de 400.000 seguidores, foi cortada pelo facebook. O corte ocorreu após eu ter 80 respostas embaixo da minha, onde defendia de calunias contra o ex-deputado Jean, uma das quais dizia que ele teria um projeto sobre cirurgia infantil de redesignação sexual. Depois dessa estupidez,a página foi cortada, pois a acusação era ilegal. Após essa guerra vi meu nome associado em várias páginas cristãs no facebook, como se eu tivesse denunciado. Mal sabem eles que EU NUNCA DENUNCIEI PÁGINA ALGUMA NESSES OITO ANOS DE FACEBOOK. E depois disso, algumas páginas fui, além de expulso, bloqueado. Ou seja, a página sumiu para mim. Se isso já aconteceu com alguém, desconheço. Mas comigo ocorreu.

Minhas pautas, além do evangelho anabatista, são direitos civis LGBTs(não é por isso a foto colorida que às vezes uso, mas é devido ao estandarte anabatista), a não criminalização do aborto(não significa que eu seja a favor do aborto) e várias pautas liberais que há pelo mundo. Direitos civis cristãos, não vejo necessidade. O nosso Deus é uma garantia maior que isso. Quanto a "ser de esquerda" ou "ser de direita", não creio mais nessas definições, pois colocaram pautas morais nelas, coisa que faria o próprio Voltaire se virar no túmulo. Sou livre dessas amarras. Minha visão de século XXI vai bem mais longe. Termino esse texto com a frase que criei no Bolsa de Mulher no final de 2010, a qual serviu de molde para foto de capa no Facebook: NENHUMA UNIÃO VALE O PREÇO DA MINHA LIBERDADE!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Um casamento segundo a vontade de Deus

Como seria um casamento sob restrições estritamente bíblicas? Não existe nenhum texto bíblico pra sustentar essa ideia errada de SEXO ANTES(ou depois)DO CASAMENTO! Só existe CASAMENTO, que pra Deus é o sexo, e mais nada. Se tiveres relação com uma mulher, não poderás casar com outra, pois será adultério. Durante séculos da era cristã foram colocados tradições, algumas já no segundo milênio, que extrapolavam a bíblia, para ditar as regras do casamento. Uma dessas muitas regras é essa historinha de "não pode sexo antes do casamento". O casamento religioso é invenção humana. Essa invenção provém do Concilio de Trento, onde escritos como "manual do confessor" de Portugal, que foi o primeiro livro impresso em língua portuguesa, ditava até as posições sexuais dos noivos. Até aquele momento da História as pessoas moravam juntas, como estando casadas. Mas isso não é aquilo que chamam de AMASIADO? NÃO! Esse termo nem na bíblia existe. Mais tarde, como muitos homens passaram a morar junto com várias mulheres, a Igreja Romana instituiu o casamento religioso como maneira de proteger a mulher.

E aquilo que chamam de FORNICAÇÃO? Este provém do ato de fornicar. Fornicação significa puramente ADULTÉRIO! O termo FORNICAR surgiu do latim fornix, que seria uma espécie de aboboda, que em tempos do Império Romano era entrada de prostíbulos, por onde os homens iam para divertir-se e ter suas relações FORA DO CASAMENTO. Porém repare que a palavra passou a significar qualquer relação sexual FORA DO CASAMENTO, não ANTES DO CASAMENTO, como em geral se diz. Mesmo esses dois significados, quase sempre significando a mesma coisa, não são sinônimos. Que relações seriam fornicadoras, então? Adultério(traição), bestialidade(relações com animais), pedofilia(com crianças), enfim com qualquer pessoa, animal ou coisa que não seja o seu cônjuge. Quem primeiro apresentou um significado estendido desta palavra foi o humanista espanhol Alfonso de Palencia(1423-1492). Ele quem foi o 1º a traduzir o fora como antes. Ele era um excelente linguista e biógrafo do mundo latino, tendo escrito a biografia do rei Henrique IV de Castela.

Existe uma única palavra no grego para designar adultério ou prostituição:PORNEIA! Mas a significação de "antes do casamento" que o povão, em geral, traduz, nunca existiu. Portanto, como seria o casamento segundo a biblia? É segundo o modelo de Isaac e Rebeca. Pegue seu par, monte sua casa e seja feliz. Qualquer outra coisa além disso é enfeite. A bênção de um sacerdote pra noivos nunca existiu na bíblia. Nem na história. O único lugar em que isso acontece é nos estúdios de Hollywood, e em novelas da Rede Record. Portanto, morar junto não é concubinato. A tradução de concubina é escrava! É um termo muito mais sério do que parece. O simples fato de morar já é casamento. Implicando em todas as obrigações e maldições(caso separe) que um 'casamento' religioso implica. Muito dos nossos conhecimentos vem da fantasia dos nossos ouvidos, mais que da própria realidade.

Muitos não sabem, mas o Ato do sexo já é a 'união biblica' ditada em Gn 2:24. Pois, ao ter aquela relação, Deus casou-os naquele momento. Por isso não se deve ter relação com prostitutas. E essa relação com a primeira mulher não é namoro(até porque esse termo nem tem na biblia), nem concubinato. É CASAMENTO! Casamento com bênção sacerdotal nunca existiu, nem na biblia, nem na Historia. FORNICAÇÃO, que é o termo normalmente usado, significa simplesmente "ADULTERIO", e só. Mas o povo dá significado errado às palavras. Um exemplo é o significado torto da palavra HERESIA. Por quê? Porque se você procurar o significado da palavra HERESIA, em sua ETIMOLOGIA original, poderá ter uma surpresa. A Palavra HERESIA significa ESCOLHA. E isso nos dois lugares da biblia em que se encontra(Gl 5:20; 2 Pe 2:1). Portanto, o termo HEREGE nem existe. Somente heresia, que para ter significado maléfico, precisa de outra palavra como complemento.

Quais termos são biblicos realmente? Amasiado tem na bíblia? Não! E Casamento, noivado, namoro,etc? Só o primeiro é bíblico! Se uma mulher tiver 5 namorados, e tiver relação com os 5, será esposa de algum deles? Sim. Do primeiro. O ato da relação sexual JÁ CONFIGUROU CASAMENTO PERANTE DEUS. Por isso que não se deve ter com várias pessoas. O pecado vai corroer a pessoa por dentro. A biblia diz que a união de homem e mulher FAZ OS DOIS UMA SÓ CARNE. E o que seria essa "União"? A bênção do pastor? Não! É o sexo! Mais nada? Mais nada, e só. Por isso que a separação de quem já fez sexo dói como uma carne rasgada. Preste muita atenção com quem se tem sexo, isso não é brincadeira. Se alguém não tem como voltar para o seu ex-cônjuge, só peça perdão e cura interior a Deus, pois vai precisar, sabendo que tudo tem colheita. Por isso não se faz sexo com prostituta, porque se torna uma só carne com ela.

A Bênção sacerdotal, como conhecemos hoje, surgiu com o DECRETO TAMETSI, que foi um documento do CONCÍLIO DE TRENTO, em 1563. Até ai não havia União religiosa, quanto mais civil.Não, pelo menos, da forma oficial. O bispo São Valentim(176-273) realizava cerimonias no século III, entre cristãos. Mas eram impregnadas de cerimonia pagã(que incluía partes como casamentos de deuses, daí veio a aliança nos dedos), mesmo sem muitos se importarem, nem mesmo o bispo. Eles não tinham respaldo da biblia pra isso, mas faziam isso sem ser obrigatório. Por quê? Porque o imperador Claudio II estava dispensando da guerra os soldados que fossem recém casados. Este foi o motivo do nascimento dessa cerimônia entre cristãos. Precisariam passar cerca de 1200 anos para que isso fosse oficializado. E nas Bodas de Caná(João 2),não houve cerimônia?Não! As bodas foram aquilo que chamamos da festa do casamento. Alguém viu algum sacerdote celebrando por ali? Não! A Rede Record faz pior, coloca LEVITAS para fazer casamento de Davi e Mical. ISSO NUNCA ACONTECEU! Aliás, NEM NA BÍBLIA, NEM NA HISTÓRIA!Em nenhuma religião do mundo, fossem monoteístas ou politeístas,os sacerdotes faziam cerimonias particulares. Somente faziam festas coletivas. Algumas pessoas, sem conhecer a bíblia de forma abrangente, creem piamente que Jesus foi o sacerdote que celebrou aquela união nas bodas de Caná. De onde tiraram isso? Talvez seja aquela crença inexistente, QUE CASAMENTO PRECISA TER LIGADURA DA IGREJA. ISSO NÃO TEM EM PARTE ALGUMA DAS ESCRITURAS. Querem pedir as bênçãos ao sacerdote(embora sacerdote seja mediador)? Podem fazê-lo, mas obrigatório não é. O povo fala muito do que não conhece...

Referências Bibliográficas

1.KÜNG,Hans.A Igreja CatólicaTradução:Adalgisa Campos da Silva.Coleção História Essencial.Editora Objetiva. Rio de Janeiro,2001.
2.PRIORE,Mary Del. Histórias Íntimas:Sexualidade e Erotismo na História do Brasil.Editora Planeta. São Paulo, 2014.
3.STEVENS,Paul.Grandes Líderes:Fernando e Isabel.Editora Nova Cultural.São Paulo,1988.
4.REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA.As Grandes Reportagens: Cristianismo.Editora CARAS.São Paulo,2016.
5.MACEDO,José Rivair.Os Manuais de Confissão Luso-Castelhanos dos séculos XIII-XV.REDO:Revista do Corpo Discente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS.. Texto do Projeto de Pesquisa Os Pecados Capitais e a Tradição Ibérica Medieval.,2007-2010.

O cânon do Novo Testamento existiu?

Há algum tempo foi-me interrogado sobre a existência, ou não, do chamado 'período interbiblico', nos tais 400 anos que Deus teria ficado em "silêncio" por não falar a nenhum profeta. Tem até alguns que,em suas inocencias bucólicas, referem-se às páginas em branco, entre o AT e o NT, como sendo revelativo sobre esse período.

Nunca houve,nem haverá na História, um momento de silêncio de Deus. Essa crença veio derivada do protestantismo dispensacionalista, em que fala de uma possível 'retirada' do Espírito Santo da terra. Essa é a parte onde a cronologia bíblica e a escatologia se misturam. Como se fosse possível retirar alguém onipresente de algum lugar.

A confusão se fez por causa dos chamados "livros apócrifos" do AT, em que a Igreja Romana aproveitou alguns, e as igrejas ortodoxas aproveitaram outros mais ainda. O problema é que a aceitação ou rejeição de livros do AT é uma coisa que cabe aos judeus,não a Igreja. Mas as igrejas romana e grega meteram-se em território desconhecido pra elas. O Canon judaico do AT rejeitou-os, não por inspiração, como pensam muitos. Mas pelo idioma. Esses livros nunca foram escritos em hebraico. Foram escritos direto em grego no período helênico. O termo apócrifo significa escondido. E assim foi o seu cenário. O mundo helênico seduziu muitos judeus, como os saduceus. Esses livros receberam o seu "xeque-mate" no concílio judaico de Jamnia, em 90 d.C., onde foi usado o termo "deuterocanonicos"(fora do canon). A Igreja decidiu no Concílio de Roma(382 AD) que esses livros poderiam ser úteis. O problema foi na quantidade. Muitos que os ortodoxos aceitavam, como "Oração de Manassés", os católicos rejeitaram. No concílio de Trento(1546) a Igreja Romana rejeitou muitos deles, e chamou-os de apócrifos. O importante é salientar que os livros do AT são um assunto de judeus, não de cristãos.

Mas o que são livros apócrifos? São livros escritos de forma escondida. Não é sinônimo de "livro falso". Livro falso,na idade antiga, remete à idéia de 'autoria falsa',não de 'história falsa'. Muitas coisas eram diferentes na Idade Antiga,em relação aos dias atuais. Uma delas é a nossa ideia de "Cânon". Imaginamos um grupo de judeus(ou bispos)civilizados sentados numa mesa redonda,pedindo orientação a Deus sobre quais livros escolher. Isso nunca existiu! E o contexto do AT é mais animador que o NT,pois o AT teve um cânon,mas o NT não. Esse é um dos maiores problemas que a Igreja possui. O único órgão formador de biblia até hoje chama-se Israel. O Canon do AT pode ter sido por duas vias: A reunião com Esdras ainda no período persa; ou o Concílio Judaico de Jamnia em 90 d. C. Foi neste último que os deuterocanonicos(apócrifos do AT) realmente saíram. O motivo? O idioma.

No início do século III a.C. houve uma reunião de judeus no Egito, no reinado de Ptolomeu II, que resolveu traduzir a biblia inteira para o grego. Isso ficou conhecido como a "Versão dos Setenta", pois eram setenta judeus. Mas houve alguns que não precisaram ser traduzidos, pois sempre estiveram em grego. Estes livros, como Tobias, Baruc ou Judite, sempre foram colocados sob suspeita, por serem acusados de serem falsos. Porém muitos não seriam apócrifos, mas pseudoepigrafos, como o livro de Enoque I, o etíope.

Há um critério hoje que não havia na antiguidade ou na idade média. Seria aquilo que hoje chamamos de 'direito autoral'. Então muitas pessoas boas escreviam em nome de autores famosos. Acredita-se ser esse o caso da 'Odisséia' de Homero. E também de muitos livros biblicos. Livros como Enoque I, o etiope. Ou Enoque II, o eslavo. Este último sendo escrito já no periodo de Carlos Magno, no século VIII. O livro de Enoque I, por exemplo, conta a lenda grega de gigantes filhos de anjos com mulheres, que muitos cristãos pensam estar na bíblia.

Todos os deuterocanonicos(ou apócrifos), sendo aceitos pelas igrejas romanas e gregas ou não, nunca passaram pelo hebraico. Só foram escritos direto em grego. Tanto Macabeus(I e II) como Enoque I. No caso do NT, a primeira pessoa a propor um Canon foi um herege: Marcion(85-160)! Ele foi o primeiro a juntar os livros, e até de uma maneira grosseira. A partir dele nasceu a ideia de CANON CRISTÃO, que não existia. No Concílio de Niceia(325) tentaram algo, mas não deu certo. Até que, em 367 o Bispo Atanasio formulou a CARTA DE PÁSCOA, um documento que reunia, pela primeira vez, os 27 livros do NT. Mas o Canon implicaria uma reunião, não uma 'canetada' de um Bispo. Houve os Concilios de Cartago III(397) e até o Concilio de Hipona(393), conhecido como 'sínodo de Hipona Regia', também atribuido o canon. Mas a Carta de Atanasio não encontrou fechamento geral. Tanto que muitas ortodoxas não aceitaram tal carta. A fixação de Lutero nos 39 livros(ele deixou as outras partes, somente recomendou reservas pra elas) foi por causa da amizade entre protestantes e judeus, já que católicos tinham estes como inimigos, pois ninguém confiava nos ortodoxos, fossem católicos ou protestantes. Os ortodoxos eram chamados de "amigos de muçulmanos". Quem, de fato, retirou os deuterocanônicos, foram os calvinistas ingleses. A versão do rei Jaime foi a primeira sem eles. Eles ficaram receosos da população simplória misturar tudo, quando fosse ler a biblia. Mas é sempre importante ressaltar que não existe "biblia catolica", "biblia ortodoxa" ou "biblia protestante". Existe sim, 'AT catolico', AT ortodoxo' e 'AT protestante'. No NT ninguém mexeu. Há uma unanimidade geral, onde todos concordam. Mas essa unanimidade nunca foi dado um ato oficial. Traduzindo tudo em miúdos: O nosso Cânon,dos 27 livros do NT, nunca existiu!