Pesquisar este blog

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

A Trilha de um herói na região do Prata

Heróis! Como o cedro augusto
Campeia rijo e vetusto
Dos séculos ao perpassar,
Vós sois os cedros da História,
A cuja sombra de glória
Vai-se o Brasil abrigar.
(Castro Alves)

Quem foi este herói que os versos do poeta baiano foram usados para enaltecer? Era o marechal Manuel Luis Osório, herói da Guerra do Paraguai ao lado de personagens como Duque de Caxias. Mas quem era o marechal Osório? Aquele que ficou conhecido como Marquês de Herval? Quem foi este herói que em 2019 fez 140 anos de morto?

De origem gaúcha, Osório nasceu no dia 10 de maio de 1808, no município de Conceição do Arroio, atual município de Osório, na estância de seus avós maternos, no estado do Rio Grande do Sul, antiga capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Filho de Ana Joaquina Luisa Osório e Manuel Luis da Silva Borges, sendo este um simples furriel do exército(posto que equivaleria a um sargento do exército). Seu sobrenome estar atrelado ao lado materno se deriva, assim como de seus irmãos, de que a riqueza e o nome da família estarem ligados na parte materna. Participou de várias batalhas, como batalha do Prata, Guerra do Paraguai, Revolução Farroupilha e batalha da Cisplatina. Aos 14 anos já conhecia natação, a equitação e a dança. Montava qualquer animal bravio, fosse encilhado ou em pelo. Por diversão, tirava-lhe o freio depois de montado, fazendo-o disparar vertiginosamente. Presta muita atenção às narrativas de guerras que seu pai lhe faz.

Feito soldado da legião de São Paulo, onde não tarda a conhecer os riscos da guerra. Um mês depois era selecionado para as tropas que sitiam Montevideo(não esquecendo que esse país chamado Uruguai ainda não existia, mas era a chamada Província Cisplatina, de posse do Brasil). Ali tem contato com a artilharia inimiga, o que seria seu batismo de fogo.

Em 1824, um ano e meio após seu voluntariado, era nomeado cadete e depois alferes, servindo na primeira linha do exército, sob as ordens do coronel José Tomás da Silva. Assim que foi promovido a alferes pôde se transferir para a corte do Rio de Janeiro, capital imperial. Tendo oportunidade de estudar, coisas que os trabalhos da estância gaúcha e o exército não lho permitiam.

Em 12 de outubro de 1827 é promovido a 1° tenente, para o 5° regimento de cavalaria. Tem 19 anos, dos quais 4 foram com vários encontros e duas batalhas.

É chegado o ano de 1834, onde Osório, ainda tenente, assume a revolução ao lado de Bento Gonçalves. Isso se deve, também, a covardia de seu comandante de linha, capitão Mazzarredo. Abraça a causa Farroupilha, tanto que o novo governador colocado pelos rebeldes, Araújo Ribeiro, se dirija também a Osório. Mas o novo governador era um tolo irreconciliável. As batalhas recomeçam.

Quando descobre que seu filho tomou parte na revolução, e que boa parte dela quer a república, seu pai diz que lutará contra ele. Os dias eram tensos. Muitos revoltosos queriam somente suas pautas atendidas. Não queriam o fim do império. Nesse ponto, Osório não era diferente. Disse que estaria ao lado do pai. Batalhas, golpes e contra golpes se arrastam até 1845, onde em 25 de fevereiro é assinado a paz do Poncho Verde. Paz esta que teria traições aos farrapos mais tarde. Mas Osório foi delegado de paz,ao lado de Luis Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias.

Em 1852, após a rendição de Oribe no Uruguai, trata-se o Brasil de se por frente ao ditador Manuel Rosas, na Argentina. Osório, nesta época já um tenente-Coronel, se pôs em direção da Batalha de Monte Caseros. O regimento de Osório se coloca na divisão brasileira, comandada por Marques de Sousa. Com um efetivo de 28.000 homens, sob o comando de Urquiza, tendo como chefes principais o general brasileiro Marques de Sousa, os argentinos La Madrid e o Bartolomeu Mitre e o Coronel uruguaio César Dias, este a frente de 2000 homens. Depois este exército entra em Buenos Aires e Urquiza se instala no poder. Mas sempre a região do Prata foi essa tensão. Osorio foi designado para São Borja e esperaria até o maior conflito da América do Sul: A Guerra do Paraguai!

No início da guerra do Paraguai o Brasil praticamente não tinha exército. Havia a Guarda Nacional, mais dedicada ao policiamento interno. Os homens recrutados para as batalhas vinham dos empregados das fazendas, assim como alguns poucos da Guarda Nacional. O exército brasileiro formou-se na e para a Guerra do Paraguai. A sua maioria era composta, na realidade, de escravos. Os senhores então começaram a sentir sua mão de obra ir embora, daí pararam de mandar escravos. Faltou soldados. Foi aí que surgiram os Voluntários da Pátria,uma ideia falsa que apareceu com intuito de catar homens roceiros pelo mato, para lutar na guerra. Este quadro não se sustentou por muito tempo, pois os homens que chegavam eram fracos e doentes. Muitos morreram mais de doenças, que de guerra. Na retirada da Laguna, de acordo com o Visconde de Taunay, morreram muitos de cólera. Muitos oficiais, entre os quais Osório e o próprio Caxias, eram contra essas práticas. Mas o combate do Paraguai e a guerra particular contra Francisco Solano Lopez tinha outro destino. E este estava nas mãos nobres estúpidos como Gastão D’Orleaes, o Conde D’Eu. Este último que caberia ao selar do fim do Paraguai.

Osório tomou parte nas principais batalhas da região do rio Prata, que envolvia o sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Como sempre, havia casos de roubos de gado na fronteira gaúcha, tendo resultado nisso a revolução farroupilha, do qual Osório foi um excelente mediador, ao lado do então general Luis Alves de Lima e Silva, mais tarde conhecido como Duque de Caxias.

O velho general viria a morrer 10 anos antes do fim do império. Não veria o fim daquilo que ele e o pai dele lutaram para manter. Mas não tinha jeito. As guerras que eles participaram semearam isso.

Assim, no dia 4 de Outubro de 1879, vinha a falecer aquele que tinha sido um dos maiores heróis das batalhas do sul do Brasil. Uma torrente humana corre para a antiga casa da Rua do Riachuelo n°117 para se despedir do velho guerreiro. Sua estátua foi inaugurada em 12 de novembro de 1894, por Floriano Peixoto e em redor dela estavam os representantes dos povos do Prata. O Uruguai mandava gravar em bronze estas palavras - Campeão da Liberdade Sul Americana. Ainda existe o quadro de Pedro Américo: A Batalha do Avaí , que faz sua glorificação de guerreiro. Francisco Braga põe em música um hino que Leôncio Correia compusera e numerosos poetas vibram suas liras:

Caiu na arena o arcanjo da batalha
Mas não prericlitou sua memória
Envolvida nas dobras da mortalha
--- Que amortalhou seu corpo ungido em glória!

Três vezes zombara da metralha
Os laureis conquistando da vitória
Que esta pátria não tem lenda que valha
Uma página só da sua história!...

E é por isso que o povo brasileiro,
No próprio coração tem majestoso
Altar de culto pelo seu guerreiro.

O marechal gaúcho, temerário
--- O grande vulto do herói glorioso
Apelidado ---- Osório ---- o legendário!

Referências Bibliográficas

1) CHIAVENATO, Júlio José. A Guerra do Paraguai.Coleção: O cotidiano da História.Editora Atica. São Paulo, 1994.

2)MAGALHÃES, João Baptista. OSÓRIO:Sintese de seu perfil histórico.Biblioteca do Exército Editora.Rio de Janeiro, 1978.

Batalha do Avaí, General Osório. Quadro de Pedro Américo

Nenhum comentário:

Postar um comentário