"Como aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o vinte de setembro
O precursor da liberdade."
Hino do Rio Grande do SulQue acontecimento foi este, que os versos iniciais do hino rio-grandense evocam de forma tão heróica? Uma guerra contra o império, que proclamou a república do sul do país. Foram 10 anos de conflito, de 1835 a 1845. Mas suas origens remontam aos primeiros anos do século XIX, com conflitos entre a elite gaúcha e a corte no Rio de Janeiro.
Há exatamente 182 anos atrás, o Brasil sofreria uma tentativa de rachadura no extremo sul do país. Começa a Revolução Farroupilha, em 20 de setembro, quando tropas rebeldes, comandadas por Onofre Pires da Silveira Canto e José Gomes Vasconcelos Jardim, tomam a cidade de Porto Alegre. O governo brasileiro, devido a menoridade de D. Pedro II, estava no período de regência. E várias revoluções explodiram pelo país. E todas foram controladas, com exceção do Rio Grande do Sul. Esta rendição dos gaúchos teve que ser negociada. Os fazendeiros gaúchos reclamam da ausência de ajuda em relação às causas da fronteira, e também de nomear seus próprios governadores, e não 'gente do Rio de Janeiro'.
O comércio de charque ainda viria a causar grandes danos, pois ladrões uruguaios atravessavam a fronteira com frequência. Poucos sabem, mas a origem da cultura de charque no Brasil não veio do sul, mas do Nordeste brasileiro. Nas suas origens verdadeiras, vem dos Andes. Vem das montanhas do Peru, Equador e Colômbia. Esse comércio, e a política brutal de seus fazendeiros, é que deixava o sul uma região tão instável.
Com respeito aos líderes, houve muitos. Desde o principal, Bento Gonçalves, até José Gomes Vasconcelos Jardim, o general Antonio de Sousa Neto, Onofre Pires da Silveira Canto, Bento Manuel Riberio e até estrangeiros como Tito Livio Zambeccari, Giuseppe e Anita Garibaldi. Bento Gonçalves fugiu a nado de sua prisão na Bahia, em 10 de setembro de 1837, há exatos 180 anos atrás. Não poderiam deter alguém com tantos contatos como ele. E detalhe, ele era ajudado pela maçonaria no Brasil. Muito mais dinheiro estava envolvido na causa dos farrapos.
O término da Revolução não envolveu exatamente uma rendição, mas um acordo. O general Luis Alves de Lima e Silva, popular Duque de Caxias, conseguiu a paz com os farrapos, através da paz do Ponche Verde, em 1845. Na época ele ainda não seria o herói da Guerra do Paraguai(1865-1870). Mas foi único brasileiro a receber a honraria de 'Duque'.
A longa duração da guerra contra o Império mostrava a bravura local. A paz honrosa reconhecia o valor dos gaúchos,pois os farrapos nunca foram vencidos no campo de batalha. Além disso, ao proclamarem a República sem se separar do Brasil, os gaúchos provaram que eram brasileiros por vontade própria. Terminados os conflitos na Bacia do Prata e à margens dos rios Uruguai e Pelotas, a região se acalmou, ao menos por enquanto. Em breve seria travado nessa região aquilo que seria o maior conflito da América do Sul: A Guerra do Paraguai(1865-1870).
Este é o quadro 'Carga de Cavalaria', em exposição no museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O nome do museu é uma homenagem a Júlio Prates de Castilhos, governador do Rio Grande do Sul no final do século XIX. Foi eleito duas vezes, e é o principal autor da Constituição Estadual de 1891.
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