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sábado, 8 de dezembro de 2018

A ARTE DE FAZER BRASÕES

No dia 10 de junho é o dia Internacional da heráldica. É a arte de fazer brasões. Mas de onde surgiu essa ideia de usar símbolos? Muitos exércitos, como as legiões romanas, usavam estandartes. E estes não serviam para apenas colorir o campo de batalha. Serviam para identificar tropas amigas no caos da Batalha. E essa heráldica europeia, vista em filmes medievais, surgiu dessas identificações? Não só isso. Muitos não sabem, mas sua origem não é europeia, mas asiática. Veio dos coloridos exércitos chineses e turcos, que foram conhecidos por europeus através de viagens que ambos os lados faziam.

Hoje, todas as empresas que estão no mercado têm uma marca, um símbolo que as represente, ou pelo menos identifique sua fachada. As marcas nasceram há muitos anos, em uma época em que nem mesmo havia empresas.

A adoção dos brasões pelos exércitos começou a partir de 1095, quando o Papa Urbano II, na cidade de Clermont, França, anunciou a luta da Igreja Católica contra os infiéis. Assim começaram as Cruzadas.

Entre 1135 e 1155, a utilização desses símbolos por senhores feudais se espalhou pelo continente europeu. Leões rompantes, águias e flores-de-lis começaram a povoar os escudos. Nesses primeiros tempos, muitas das cotas de armas eram criadas pelos próprios cavaleiros que as utilizavam – não eram concedidas por nenhuma autoridade.

Com o tempo, a coisa toda foi se espalhando e os brasões foram tornando-se cada vez mais complexos, além de passarem a respeitar algumas regras. Como a fusão de brasões de duas famílias através do casamento. Mas foi somente no século XIV que se consolidou o sistema de codificação e organização dos emblemas, a heráldica.

Logo, os brasões tornaram-se hereditários, deixando de ser apenas representativos. Com os o passar dos anos, os emblemas distinguiam efeitos heroicos ou serviços prestados aos senhores feudais, ao rei, a atividades agrícolas, ou dos antepassados, até mesmo a fauna e flora da região de seu dono.

Nesse cenário, os brasões deixaram de servir como forma de identificar exércitos e se tornou algo muito mais individual e também, nobre. Em alguns casos, os brasões eram pré-requisitos para que os cavaleiros pudessem participar de certos torneios. Até o século X, esses torneios eram livres. Após as cruzadas, a coisa se institucionalizou. Quem assistiu ao fime "Coração de Cavaleiro", com o ator Heath Ledger, sabe do que falo.

Apresentar um brasão era a indicação de que seu possuidor pertencia à nobreza. “Ao longo do campo onde se realizava o torneio, ficavam as tendas dos competidores, todas com seus brasões expostos. Quando se encaminhavam para a arena de combates, seus arautos, carregando seus brasões em escudos, anunciavam em voz alta sua família e seus títulos”, escreve o historiador Stephen Slater.

De lá para cá, a arte heráldica continuou a povoar o brasão das famílias nobres. “Hoje ela pode ser vista em bandeiras de países, símbolos de universidades, hospitais, clubes e seleções nacionais. Seu uso permanece o mesmo. Oferecer uma identificação rápida para que os iguais se reconheçam”, afirma Michael Allen, professor da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.

Segundo os historiadores Thomas Woodcock e John Martin Robinson, professores de Oxford e autores da obra "Oxford Guide to Heraldry"(sem tradução em português) essa arte foi se refinando cada vez mais, indo mesmo além da arte da guerra. A auriflama francesa, muito usada na Guerra dos Cem Anos(1337-1453), era uma bandeira vermelha, onde os franceses gritavam a frase "Montjoie Saint Denis!" Este era um grito francês não traduzido em nosso idioma, em que o portador da auriflama gritava junto com as tropas. Era dos tempos do imperador Carlos Magno, do início do reinado franco na Europa.

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