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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A História dos reis magos

A visita dos magos a Jesus é relatada no Evangelho de Mateus, e não diz quantos eram, muito menos que visitaram Jesus numa manjedoura. Pelo contrário, ao receber tal visita, Jesus já estava numa casa(Mt 2:11). O número três talvez se deva a crença de serem dados três presentes: Ouro, Incenso e Mirra. Todos três valiosos. E podem ter servido para a fuga de José e Maria ao Egito, já que ambos não tinham condição pra isso. O presépio, mostrando a visita dos magos a Jesus, é uma invenção medieval, provavelmente do século XIII.

Foi São Beda, um monge bretão que viveu entre os séculos VII e VIII, quem por primeira vez escreveu o nome dos três Magos, nomes com significados precisos que nos ajudam a compreender suas personalidades. No tratado “Excerpta et Colletanea”, o grande São Beda, o Venerável (673-735), Doutor da Igreja e monge beneditino nas abadias de São Pedro e São Paulo em Wearmouth, e na de Jarrow, na Nortumbria, Inglaterra, assim recolhe as tradições que chegaram até ele:

“Melquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”. São Beda assim descreve suas personalidades: Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar se traduz por “Deus manifesta o Rei”. Para São Beda, como para os demais Doutores da Igreja que falaram deles, os três representavam as três raças humanas existentes, em idades diferentes.Neste sentido, eles representavam os reis e os povos de todo o mundo.Também seus presentes têm um significado simbólico. Melquior deu ao Menino Jesus ouro, o que na Antiguidade queria dizer reconhecimento da realeza, pois era presente reservado aos reis. Gaspar ofereceu-Lhe incenso (ou olíbano), em reconhecimento da divindade. Este presente era reservado aos sacerdotes. Por fim, Baltasar fez um tributo de mirra, em reconhecimento da humanidade. Mas como a mirra é símbolo de sofrimento, vêem-se nela preanunciadas as dores da Paixão redentora. A mirra era presente para um profeta. Era usada para embalsamar corpos e representava simbolicamente a imortalidade. São Beda é também considerado como fonte de primeira mão da história inglesa, sendo muito respeitado como historiador. Sua História Eclesiástica do Povo Inglês (Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum) lhe rendeu o título de "Pai da História Inglesa". De acordo com uma tradição acolhida por São João Crisóstomo, Padre da Igreja, os três Reis Magos foram posteriormente batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé. (Patrologia Grega, LVI, 644)

Como essa história, outras também foram adulteradas posteriormente. Os pastores de Belém, por exemplo. Estes que foram a visita a Jesus na Manjedoura. Não foram os magos. Quando Jesus recebeu a visita dos magos já tinha quase 2 anos. E outro detalhe: Os pastores também não indica serem três. Apenas como os magos, a biblia coloca no plural. Na verdade, como a viagem dos magos era perigosa, é provável que fossem mais. Não era como a situação dos pastores, que sequer saíram de sua cidade.

A Viagem dos Magos(1894), James Jacques-Joseph Tissot(1836-1902). Brooklin Museum, New York City.

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