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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Espanha medieval, a fronteira da cristandade

Durante quase 800 anos a Península Ibérica ficou sob domínio mouro. Os islâmicos dividiam o poder com cristãos, sempre se alternando. De 711, na tomada que Tarik fez da península, até 1085, na Batalha de Toledo; ou 1212, na Batalha de Las Navas de Toulosa; essas duas últimas com vitórias de exércitos cristãos. De 1212 até 1492 os mouros resistiram, até a queda de Granada. Livros islâmicos foram queimados, sob as ordens da rainha Isabel. Só não foram mais porque o rei Fernando impediu, pois seus esforços de unificação do reino foram, em parte, anulados. Haviam inocentes nessa história, fossem cristãos ou islâmicos? Claro que não! Mas esse quadro de três religiões se formou na península, mas por necessidade que por teologia.

Quando estudamos sobre Idade Média, quase sempre se resume a uma disputa entre o Sacro Império Germânico e o Papado. Tudo que ocorre à margem disso é irrelevante. Isso seja os Balcãs sob domínio Bizantino, ou a Andaluzia sob domínio mouro. Um francês podia até ouvir falar de um mouro, saber que era alguém diferente de sua fé, mas seria alguém que ele nunca veria na vida. Já para um cristão de Cordova, um mouro era alguém de carne e osso, que talvez dependesse de cuidados médicos, ou comprasse seu pão ou berinjelas. Isso soava estranho para um cristão da Europa Central. O espanhol e o português eram cidadãos meio cristãos, meio judeus, meio mouros, que a Europa não aceitava muito bem. Ainda hoje, na moda de dizermos que tudo que é esquisito(no significado chulo brasileiro) "parece chinês", os alemães dizem que "parece espanhol". Esse jeito de 'mistura cultural' atingiu seu ápice com um rei cristão: Afonso X de Castela. Este mandou traduzir muitos textos árabes, alguns com trechos de filosofia grega, trazido de Constantinopla.

Desde que o historiador Juan de Mariana(1536-1624) inventou o termo 'Reconquista', para a retomada pelos cristãos de Granada dos mouros, o ícone de divisão esteve na História. A maior parte das políticas tolerantes veio de reinos cristãos, mas houve poucos islâmicos, como Abd-Ar-Rahman III, o emir de Cordova. Essa intolerância cristã que se seguiu deve-se a pressões de teólogos da Universidade de Paris, por um cristianismo mais 'puro' por parte dos espanhóis. Dessa pressão surgiu a Inquisição Ibérica, bem mais brutal que a Inquisição medieval. Aquela Espanha que mal conheceu a Inquisição Medieval, fez uma coisa bem mais brutal, para exterminar mouros e judeus, ambas pessoas repudiadas do mundo cristão.

Uma construção ainda não esquecida na Espanha atual é a Alhambra. Seu nome vem da etimologia árabe Qal'at al-hamra(Fortaleza Vermelha), por ter sido usado grande material de argila em sua construção. Símbolo do poder mouro. Construída entre os séculos XIII e XIV, deslumbra quem se encanta com a arte mourisca até hoje.

Castelo de Segovia,Espanha

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